Quando pensei que a agonia daquela noite havia acabado, na verdade, ela só estava começando.
Por apenas um milésimo de segundo pensei em responder "sim" e cessar a tensão de todos, principalmente de Selly, que esperavam e ansiavam por uma resposta positiva. Maldito momento em que finalmente decidi olhar naqueles belos - intimidadores - e profundos olhos. Todas as poucas ocasiões que estive ao lado dela reprisaram em minha mente na velocidade da luz.
Meu amor por Selena era inegável, assim como o desejo latente que Eloise há pouco despertara em mim e eu já não conseguia mais viver mantendo-o às escuras.
Demorei demais para responde-la. Tempo suficiente para que os sorrisos e as expectativas sumissem pouco a pouco de cada rosto presente. Eu estava confuso, agir sob pressão nunca foi meu forte e não queria ser mau caráter a ponto de ludibriar Selly utilizando palavras que ela gostaria de ouvir. Simplesmente respirei fundo e me levantei:
- Acho que devemos conversar - segurei gentilmente o cotovelo de Selly - sozinhos.
Foi a deixa para que os convidados começassem a levantar-se, um a um, e com desculpas esfarrapadas - exceto Eloise. Então todos deixaram o apartamento, até mesmo Stephane.
- E-eu fiz algo errado? - Seu nervosismo era evidente.
- Não, - franzi a testa sacudindo a cabeça de um lado para o outro - não é você...
- Ah, não! Essa frase... - engoliu de uma vez todo o vinho que havia em sua taça. - "Não te amo o bastante pra casar com você" é menos doloroso.
- Selena, não é isso - tirei-a de suas mãos.
- Nossa, deve ser bem sério mesmo - bufou cruzando os braços. - Você nunca me chama de "Selena".
Nervoso e sem saber por onde começar, acabei limpando a mesa e ganhando tempo para pensar. Como iniciar um diálogo racional de rompimento?
Seguindo-me até a cozinha, ajudou-me a livrar a sala daquela bagunça e quando não havia mais um garfo sequer para limpar, tomei água e uma dose de coragem para continuar.
- Primeiro, só por curiosidade, - fitei a gota de água restante no copo - por que convidou Eloise?
- Você sabe que eu queria conhece-la há um bom tempo, - suspirou - e tenho que admitir ela é muito mais jovem e bonita do que eu esperava - enfatizou o "muito".
- Só por isso? - Arqueei a sobrancelha, talvez eu estivesse dando atenção demais para esse assunto.
- Eu achei que ela merecia estar aqui hoje, já que agora faz parte de um pedaço bem importante da sua vida - pude sentir uma leve pitada de ciúme em seu discurso.
- Então, tinha tudo planejado!? - Murmurei.
- Sim - confirmou rapidamente.
- E você não acha que deveríamos ter conversado sobre isso antes? - Minha postura estava totalmente defensiva. - Poderíamos ter evitado todo esse constrangimento.
- Adam, eu realmente acreditei que você quisesse casar comigo - saiu quase um sussurro - depois de todo esse tempo e tudo o que dissemos um para o outro, tudo que fizemos...
- Selena, eu amo você, - segurei firme suas mãos - mas sinceramente não acho que seja uma boa ideia.
- Tenho o direito de saber o porquê? - Suspirou erguendo os ombros.
- Vamos começar pelo fato de eu não ter um emprego fixo - soltei nossas mãos para gesticular livremente. - Não tenho nada, Selena. Nem onde cair morto. Eu moro com você contra a vontade do seu pai e tenho certeza que se descobrisse seu plano faria o impossível para pegar o apartamento de volta e até mesmo tirar você do testamento.
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A sociedade Beaumont
RomancePLÁGIO É CRIME! (Art. 184 - Código Penal) CONTÉM CONTEÚDO ADULTO [+18] (Cenas de sexo explícito; Linguagem imprópria) VENCEDOR DO 1º LUGAR NA CATEGORIA HOT NO CONCURSO STORYTELLER (1ªED). Quando o estudante de Administração da Un...