Finalmente,felizes para sempre

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[Quinze anos atrás]

Era um dia nublado, típico do inverno de julho.

-Se vocês brigarem mais uma vez, ninguém vai sair para passear e muito menos vai ganhar Mclanche feliz.

As duas crianças com nove anos na sua frente arregalam os pequenos olhos.

-Deus me livre!-Artur se benze-Vou ficar quieto,mamãe.

-Eu não prometo mais nada-Clarie dá de ombros-Ficar quieta não é minha praia.

-Você quer que ligue para seus pais dona Clarie?-Anne indaga. Era como um desafio ter que lidar com os dois pestinhas.

-Não-ela responde com deboche e revira seus olhos. Como sempre faz.

Anne se retira da sala. Quando não há mais sinal dela,Artur pega na mão da prima e olha para seu rosto.

-Vamos conseguir ficar quietos,Clarie.Pela comida.

[Dia quinze de junho. Dois dias antes do casamento]

Clarie

Tudo bem. Nada de pânico. Faltam dois dias para meu segundo casamento e estou muito mais nervosa do que antes. O primeiro foi mais simples. Casamos na igreja e fizemos uma comemoração para a família e amigos. Esse não vai ser tão grande mas também não vai ser tão pequeno. E eu estou entrando em desespero,mesmo com a consciência leve de que a parte pesada foi toda resolvida pelo Artur e a outra parte está sendo resolvida pelas cerimonialistas. Eu apenas sei o local onde vou casar,mas o salão de festa, meu marido insiste que deve ser surpresa,mas alega que vai ser um lugar que vai arrancar algumas lágrimas de mim porque será muito especial. Ok,não faço nem ideia. É comum todos os lugares daqui do Rio de Janeiro serem bastante legais e memoráveis pra mim,mas não necessariamente especial ao ponto de arrancar lágrimas. De qualquer modo,estou muito ansiosa pra descobrir.

Pela vigésima vez,provo meu vestido. Dessa vez,vai ser um vestido cauda de sereia,cheio de brilhantes incríveis. É lindo e simples. O meu primeiro foi estilo princesa,mas era tão complicado de vestir,de andar e de fazer tudo,que eu nem pensei duas vezes em trocar por um vestido menor agora. De qualquer forma,ambos eram lindos e eu estava e estou bastante satisfeita. Enzo choraminga do meu lado e com ajuda da minha mãe e amiga, tiro o vestido e coloco minha roupa,pegando,logo depois, meu filho no colo.

Ele estava com quase três meses,o que já dá pra perceber ainda mais que é uma cópia autenticada e reduzida do pai em vários sentidos. Até na irritação (claro que o Artur diz que isso é meu,mas não tem nada a ver). Enzo já gosta de tudo do seu jeito e tem um sorriso carismático em plena cinco horas da manhã. Igual ao pai. Eu sento na poltrona de amamentação do seu quarto e ofereço o leite materno,no qual ele devora como não houvesse amanhã. Apoio minha cabeça na cadeira e fecho meus olhos.

Se passaram dois meses desde dos acontecimentos que não gosto de lembrar e eu preferia que fizessem em minha uma lavagem cerebral completa em mim para tentar esquecer. O Miguel está na psicóloga,como esperado,mas ele aparenta estar ficando bem aos poucos. Os hematomas sumiram,mas o que ficou na sua cabecinha vai ser pra sempre, infelizmente. Eu ainda acordo de madrugada com pesadelos de que ele não está conosco e que a cirurgia do Artur não dava certo ou era eu que levava o tiro. Meu marido diz que eu também deveria fazer acompanhamento psicológico mas,na realidade,todos nós precisamos. Muitas vezes,quando vou ao quarto do Enzo na madrugada, consigo ver o Artur inquieto no andar debaixo. Ele diz que é apenas insônia,mas é muito suspeito acontecer isso logo após tudo dos meses anteriores. 

Passo meia hora esperando o Enzo terminar de mamar e dormir. Coloco-o no berço e saio do quarto já com o tablet em mãos para resolver os últimos detalhes do casamento.

O idiota do meu primo 2[Concluída]Место, где живут истории. Откройте их для себя