O idiota do meu primo 2[Concluída]

Gravidez?Nem pensar.

Clarie
As crianças estavam contagiantes no banco de trás.O barulho da televisão do carro ligada e eles conversando animadamente estavam misturados.
Eu estava em outro mundo.
Eu vi que o Artur foi obrigado a beijar aquela coisa,sei que ele estava extremamente irritado com a presença dela.Sei que nada disso é culpa dele.

Mas eu realmente precisava de um tempo.Sabe aqueles momentos que você está esperando apenas pela gota d'agua em alguma situação e,por mais que seja algo inútil,você simplesmente quer um tempo?É exatamente o que eu acabei de passar.Eu sei,eu sei,que ele  estava tentando ser uma pessoa melhor,mas depois daquela briga de ontem e do que eu vi hoje, foi como um tiro.

É inevitável esconder minha irritação,apesar de saber que o Artur não seria capaz de me trair ou algo do tipo,mas ver Marília juntamente ao meu marido me doeu nos nervos.Eu estou com um nó na garganta,com a boca seca.
Se deixar,eu começo a chorar feito um bebê,mas eu estou com as crianças perto de mim e seria um pouco assustador pra elas se me verem chorando,então eu evito.

—Diz que sim,mãe!!—Miguel falou entusiasmado no banco de trás,o que me fez sair do meu mundinho.

—Dizer sim pra quê,Miguel?—perguntei.

—Vamos pra o Mc Donald's,mãe,por favor!—Sofia fez uma carinha de cachorrinho pidão,coisa que ela sabe que eu não resisto.

—Desculpa,minhas jóias—eu disse—Hoje a mamãe não tá bem,mas prometo que outro dia vamos.

É horrível recusar algo para seus filhos por sua causa.A partir do momento que você gera um filho, é necessário que você esteja ciente que ele será sua vida.Se eles ficam felizes,você fica feliz.Se eles ficam triste,você fica triste.Se eles estão doentes,você sofre e quer ficar no lugar deles.Se eles sofrem,você sofre.Se eles estão em perigo,você dá a sua vida para salvá-los.Se eles choram,você chora e assim por diante.
Eu sei que obviamente não devemos mimar os nossos filhos—Artur não sabe o significado de "mimar" e se algum deles pedir para ele comprar o mundo,Artur compra o mundo—e talvez eu seja uma "bruxa" para meus filhos,porque nem sempre eu dou o que eles querem e,se fizerem birra,ficam de castigo.
Mas eu sei diferenciar mimar e egoísmo e eu tenho certeza que eu estou sendo egoísta agora em não levar meus filhos para o Mc Donald's por minha causa.Eu costumo fazer promessas para as crianças,tipo:"Se vocês tirarem notas acima de 9,eu levo vocês para o shopping " ou "Se vocês fizerem todas as tarefas na sexta,nós iremos sair pra passear na praia" e isso sempre funciona.Mas sempre estou evitando mimá-los,porque se tem uma coisa que eu não suporto é crianças mimadas.
Nós chegamos em casa,depois de muita dificuldade porque 1°)Meus pés ainda estão enfaixado e eu nem devia estar dirigindo e 2°)O trânsito terrível do final da tarde.
Ajudei as crianças saírem do carro e entramos em casa.Eu dispensei as meninas,que deixaram a janta pronta,e levei Miguel e Sofia para o banho.Deixei ambos em seus banheiros e pedi que eles tomassem seus respectivos banhos bem tomados.Fui para meus quarto,ainda com aquele nó na garganta,e troquei de roupa.
Limpei uma lágrima solitária que acabara de cair na minha bochecha.

Eu não queria fazer isso,mas eu precisava fazer isso.

—Mamãe,mamãe!—um pitoquinho veio correndo até mim.Miguel—Tô com fome!

—Vamos chamar a sua irmã e iremos jantar,anjinho!—ele assentiu e fomos até o quarto da Sofia,onde ela estava penteando seus longos cabelos de forma delicada.Ainda quero saber de quem ela puxou essa delicadeza e fofura,porque de mim não foi.Ela parecia estar em outro mundo,muito concentrada no seu reflexo no espelho.

—Filha—ela arqueou as sobrancelhas e murmurou um "Oi" —Vamos jantar?

Ela jogou o os cabelos para trás—estilo uma diva—e passou as suas mãozinhas pelo seu pijama cor-de-rosa.Posteriormente,ela veio até a minha pessoa e abriu um sorrisinho.