Pesadelo pt.2

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Clarie

O baque foi grande. Forte. E muito ruim. Muito ruim mesmo. Daqueles que você não tem nem reação. Daqueles que você apenas queria que alguém aparecesse dizendo que era uma pegadinha. Daqueles que você jamais imaginou que passaria.

Eu estou sem o meu filho. Sem minha jóia. Sem um dos meus tesouros. Sem meu Miguel. Por que as pessoas ainda são tão cruéis? Por qual razão são cruéis com as crianças,tão ingênuas e inocentes do que está acontecendo no mundo? Por qual motivo fazer isso com o meu filho? Por que não comigo? Por quê?

Artur está soltando uma série de palavrões,mas eu não tinha sequer forças para falar. Eu estava me sentindo tão vazia,tão inútil,tão má. Minha boca ainda estava aberta e eu recuo dois passos para trás. Foi minha culpa. Sim,foi minha culpa. E se eu não tivesse saído de casa? E se eu ficasse aqui,com todos os meus três filhos? E se eu estivesse aqui,simplesmente?Nada disso aconteceria. Esse pesadelo não estaria acontecendo e eu não estaria aqui, sentindo um enorme vazio tão inexplicável. Meu coração doía e eu não conseguiria aguentar essa situação,muito menos queria aguentar isso. Não,eu não suporto. Eu não vou conseguir acordar todos os dias sabendo que se eu estivesse em casa naquela madrugada,nada disso estaria acontecendo.

-Foi...minha culpa. Eu não deveria...-minha voz sai rouca e tão baixa como um sussurro. Com uma mistura de raiva,de culpa e de hormônios do pós-parto,eu começo a chorar. Baixinho,mas eu choro como eu tivesse perdido uma parte do mim-o que,na verdade,foi.Miguel é meu anjo. Uma parte essencial de mim.

Artur fecha os olhos e por um momento eu acho que ele vai desmaiar. Seu rosto está pálido. Eu queria ajudar. Queria dizer:"ei cara,vai ficar tudo legal!",mas eu não consigo,porque eu sei que não tenho certeza sobre isso.

Eu me sento na cama do Miguel e olho para a parede branca,deixando as lágrimas molharem meu rosto. Eu estava perdida. Não sabia o que fazer porque meu corpo simplesmente travou.

-Eu nunca achei que chegaria esse ponto-Artur murmura-Isso já é meu ponto máximo!

Limpo as lágrima do canto do olho e o encaro.

-Há muito anos isso já deveria ter acabado-digo, finalmente-Não sei o que leva um ser humano a fazer isso com uma criança.Uma criança, Artur.Ele não fez nada.

-Eu sei-ele balança a cabeça com os olhos fechados como ainda não tivesse absorvido tudo-Agora é só tentar o impossível pelo Miguel.

Assinto e levanto da cama.Pela primeira vez,eu entendo como é ver meu mundo de cabeça pra baixo.

*
-Você precisa manter a calma-Artur se senta ao meu lado.

Eu não conseguia amamenrar.Ótimo.Além de não poder fazer nada pelo Miguel, também não consigo fazer nada pelo Enzo,porque faz mais de trinta minutos que meu filho choraminga com fome,mas não sai nada do seio,devido ao meu nevorsismo extremo. Eu tive que dar complemento de leite artificial. Não queria, sinceramente,porque ele já tomou muito na maternidade e a meta seria apenas leite materno até os seis meses. Mas é a melhor saída do que deixar meu filho com fome.

-Eu não consigo-falo-Não dá,de jeito nenhum.

E de fato, não dá.Tudo isso aconteceu há dois dias e eu não prego meus olhos de jeito nenhum para dormir.Está cada vez mais difícil ver minha casa cheia de policiais,detetives. E quando conseguimos entrar em contato,a situação foi pior ainda:

-Eu preciso do meu filho-Artur apertava o celular com tanta força que seus dedos estavam ficando brancos-Eu não sou obrigado a te dar dinheiro vivo... Você nunca cresceu, não é?... VOCÊ NEM OUSE EM TOCAR NELE... Tá bem, você tem o dinheiro vivo e eu tenho o meu filho de volta!E nunca mais brinque com a minha família.

O idiota do meu primo 2[Concluída]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora