Capítulo 11: A que horas devo ir?

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— É um pouco complicado — bufei. — Resumindo, ela é minha mentora acadêmica, custeia meus estudos e é fundadora de uma sociedade filantrópica na Califórnia.

— Isso explica a nuvem carregada de poder que paira sobre ela — nós rimos juntos, e de repente fiquei mais confortável com a ideia de me abrir para Justine.

— Eu mal consigo pensar perto dela — fechei os olhos por mais que alguns segundos visualizando seus olhos.

— Alguma vez disse a ela o que sente?

— Não bati a cabeça em um poste ainda — Justine me encarou sem compreender, então continuei. — Ela nunca ficaria comigo.

— Como sabe disso? — Arqueou a sobrancelha.

— Não faço o tipo dela — meu estômago embrulhou ao lembrar do homem que vira sair de seu quarto no hotel em Pasadena.

— Está se torturando demais, Adam — revirou os olhos.

— Eu!? — Questionei em desacordo.

— Sim, você — reafirmou. — Está tirando conclusões precipitadas sobre os pensamentos de outra pessoa. E se ela topasse sair com você?

— E se a resposta for "não"? — Ergui as sobrancelhas.

— A vida segue, Adam — baixou o tom de voz. — Olha, você não vai morrer por ouvir um "não", por mais apaixonado que esteja. Já se arriscou deixando um relacionamento pra trás, não tem mais nada a perder. Enquanto você não tiver uma resposta concreta, que tenha saído dos lábios dela, vai ficar imaginando mil coisas e sofrendo pelo o que poderia ter acontecido, mas não aconteceu porque você foi um covarde.

Palavras duras, mas talvez tenha sido o choque que eu precisava para acordar. Permanecemos em silencio até chegar novamente na casa de meus avós, onde Justine se despedira de mim pois tinha um encontro de verdade esperando por ela.

Ao entrar em casa senti o delicioso aroma de temperos vindo da cozinha, obviamente era Maryann, mas para a minha surpresa meu avô estava nos fundos esculpindo algo na cabana que nós construímos tempos atrás.

— Precisa de ajuda, vovô? — Sorri ao vê-lo tão concentrado e tranquilo.

— Eu não, — riu — mas você parece que sim.

— E-eu... ? — Vacilei confuso.

— Mary me contou sobre o problema com a garota — suspirei conformado com a possibilidade de ela estar espalhando fotos minha pela cidade me anunciando como um solteirão. — Eu realmente não sei o que houve, mas saiba que estou aqui para apoiá-lo em qualquer decisão que tomar. Apenas lembre-se sempre de ser honesto, acima de tudo, consigo mesmo. Assim nunca terá motivos para se arrepender.

— Obrigado, — sorri — acho que eu precisava ouvir isso.

Passei alguns minutos sentado ao seu lado tentando adivinhar o que ele entalhava, já que não quis dizer. Quando ouvi um bipe no meu celular e minhas mãos suaram frio, senti medo de olhar, minhas expectativas superaram a média. Pus a mão em meu bolso sentindo o tremor em meus dedos.

— Está tudo bem? — Alan me olhou por cima dos óculos.

— Não, ­— cocei a cabeça — eu só ali no quintal, respirar um pouco.

Uma mensagem. Cinco palavras. Quinze letras. Dezesseis caracteres.

"A  Q U E  H O R A S   D E V O  I R  ?"

Só precisou disso para eu entrar em uma montanha russa de emoções. Dancei, chutei e soquei o ar silenciosamente comemorando a resposta de Eloise. Não era tudo que eu queria dela, mas por hora estava em ótimo tamanho. Quase esqueci de responde-la. Enviei o horário junto ao endereço, não tinha erro, portanto não me preocupei se ficaria perdida.

A sociedade BeaumontWhere stories live. Discover now