Prólogo

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- Mas pai! Por favor! Não faça isso! Não é por ser gay que eu deixarei de ser seu filho! - Gritei, enquanto ele continuava e me arrastar pelo braço nos corredores da casa.

- Eu não tenho um filho veado... Você foi amaldiçoada. E coisas amaldiçoadas eu quero muito longe de mim, não pense nem em voltar, não sei nem a loucura que faria você estando aqui, então não quero arriscar ser preso por matar um filho da puta como você! - Meu pai falou friamente.

- Não pai. Eu não fui amaldiçoada. Por favor, apenas me aceite. Com o tempo você aprende a lidar com isso.

- Olha, eu acho melhor você calar sua boca. - Ele falou.

Ele abriu a porta de frente da casa e como ele bastante forte - muito mais que eu -, me jogou em frente a nossa casa logo no chão. Fechou a porta rapidamente e como fechou com muita força, fez muito barulho, logo, alguns vizinhos foram ver o que havia acontecido. Alguns até tentaram me ajudar a levantar, mas não poderiam fazer nada mais que isso, pois, se meu pai soubesse, ele logo brigaria com a pessoa.

Meu pai, um cara com muitos músculos devido a sua malhação e também as aulas de muay thai, branco, cabelo ruivo e olhos azuis, era uma pessoa bem simples, mesmo ganhando muito já que era o secretário de educação da cidade. Ironias da vida, não? Uma pessoa ser colocada no posto de secretário de educação e ainda tratar o filho desta maneira e ser arrogante? E além de tudo, muito homofóbico...

Eu não pensaria que meu pai iria me expulsar de casa, justamente com o motivo de ele nunca ter mostrado tratar alguém desta maneira. E muitas vezes era bastante amoroso com a família. Minha mãe e minha irmã são muito felizes com ele, eu também era. Eu não iria arriscar que ele me matasse ou algo assim, então, eu precisava seguir em frente, aquilo não existia mais pra mim. Doeria? Não. Hoje é meu aniversário de dezoito anos e provavelmente daqui uns anos eu veja esse dia como um dia em que eu precisei mudar toda minha vida, em que eu precisei ser forte para não desistir.

Agradeci umas duas senhoras que se aproximaram e me ajudaram a me levantar. Elas não me perguntaram o que havia acontecido, e mesmo assim, eu não responderia. Limpei-me e caminhei a passos lentos. Como nós moravámos um pouco longe da cidade, ali não havia muito trânsito, e assim, eu correria um pouco de perigo, devido os ladrões. Mas enfim, acabei por continuar a caminhar, não tinha grana, eu não tinha nenhum amigo, mas tinha vários conhecidos, mas muitos eram de minha idade. Então não havia como me ajudar.

Mas havia uma pessoa entre esses conhecidos de minha idade que poderiam me ajudar. Nathan foi meu colega em um curso de informática, ele tinha por volta de seus trinta anos, sempre foi misterioso, mas demonstrava um pouco de afeto por nossa amizade. Falavámos algumas vezes, não tanto, sabe? Ele era muito ocupado, pois, desde que ele se formou na faculdade e também terminou alguns cursos, decidiu criar uma empresa, e cada dia ela estava crescendo mais.

Peguei meu celular no bolso, estava implorando mentalmente para que ele não estivesse se espatifado durante a minha queda. Quando tirei, a tela do celular estava trincada, mas felizmente, não estava espatifado. Na primeira vez que liguei para o Nathan, ele atendeu.

- Oi? - Perguntei.

- Oi. - Uma voz feminina respondeu. - Aqui é a secretária do senhor Nathan. Quem está falando, por favor? - A mulher perguntou.

- Oi, é um amigo do Nathan. Eu poderia falar com ele agora, por favor? - Perguntei.

- O senhor Nathan deixou seu celular comigo, agora ele está em uma reunião de negócios, mas eu acho que ele poderá falar com o senhor daqui a pouco. Como é o seu nome, senhor? - Perguntou.

- Taniel.

- Qual seu nome completo? - Me perguntou.

- Apenas Taniel. - Respondi.

- Como quiser, senhor Taniel. Quando a reunião de negócios acabar e o senhor Nathan estiver disponível, informarei a ele sobre a sua ligação e o mais rápido possível, ele ligará para o senhor. Mais alguma coisa?

- Não, só isso mesmo. Mas peça mesmo, por favor. É coisa de extrema urgência.

- Okay. Não se preocupe.

- Está certo, muito obrigado. Abraços.

- Disponha. Tenha um ótimo dia. - Ela me falou.

- Você também.

SUPREMOS - ContosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora