Capítulo 63

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Acordo com a dor que o impacto traz. Tento me levantar mas é como se todos os meus ossos estivessem quebrados. Olho ao redor e vejo que estou em uma área de construção de um prédio. Mas não tenho tempo para me sentir péssima. Minha clone não demora para chegar. Juntando tudo o que restou das minhas energias, lanço uma rajada nela antes que ela me alcance, ela cai mas se recupera mais rápido que eu. Ela se levanta e começa a me chutar nas costelas. A dor que já estava lá se intensifica e eu grito pra que ela pare. Ela ri maldosamente.

- Você sabe que não pode ficar aí a noite toda! Não se continuar ligando para aqueles vermes que você chama de amigos. Você poderia ser mais poderosa que sua mãe! Poderia ser mais poderosa que Xavier! Ninguém pra te contrariar, o mundo seria seu! – ela diz cada palavra com raiva. – Você é igual a mim e desperdiça tanto poder tentando proteger esses "eles"!

- Eu NÃO sou igual a você! E não é só pelos meus amigos que eu luto contra você! – grito – É pelos meus pais! VOCÊ MATOU ELES!

Vejo seus olhos brilharem perversamente. Ela se agacha até ficar próxima de onde estou encolhida por causa da dor.

- Aah,  eu até tinha me esquecido deles. – ela sussurra.

Naquele momento eu tive uma pequena realização. Eu nunca tinha entendido muito bem como funcionava quando Bruce Banner, uma pessoa aparentemente calma e pacífica, se transformava no Hulk, um alter-ego destrutivo, raivoso e sem controle nenhum. Mas ali, quando a clone disse aquilo, eu entendi que a raiva dentro de nós pode ser mais forte do que jamais pensamos.

Após ouvir aquelas palavras, a mais pura e intensa raiva tomou conta de mim. Quem estava lá não era mais Emily Black. Era a raiva dela. O ódio.

Um som, algo como um rugido, escapa da minha garganta. Ela estava a poucos centímetros de mim. Grande erro.

- CALA ESSA SUA BOCA! – grito.

Eu me jogo em cima dela e começo a dar socos nela. Extravaso toda a raiva que estive sentindo até ali – o que era muita. Só paro quando minhas mãos não aguentam mais.

Assim que paro, percebo que ela está quase desmaiada. Me levanto e olho para minhas mãos ensanguentadas. Cobertas com o meu sangue e com o dela – que também é meu sangue.

Olho pra baixo e vejo o rosto dela. O meu rosto. Machucado, coberto de sangue, em carne viva. Ela ainda consegue ar para dizer uma última maldade.

- Tudo... Tudo isso... – ela para e começa a tossir sangue – Só por causa... desses vermes...

- Eu já disse... PRA CALAR A BOCA! – grito pra ela de novo.

A raiva alcança o seu ápice. Usando minha telecinese faço uma barra de ferro vir até minha mão. Eu solto um grito feroz e cravo a barra de fero bem onde o coração dela deveria estar. Eu empalo ela do mesmo jeito que ela fez com meus pais.

- Isso é pelos meus pais!! – grito enquanto vejo o brilho nos olhos dela se apagarem.

Ela ainda me lança um último sorriso maldoso. Como se ela tivesse ganhado.

Observo enquanto seu corpo começa a se transformar. O corpo fica vermelho, e então como gelo no sol, começa a derreter até ser só uma poça de lama.

Eu desabo. Caio de joelhos no chão e começo a chorar. Eu me sentia bem. Claro que me sentia! Tudo em fim havia acabado. Mas também me sentia péssima. Não só pela dor agonizante que eu sentia em todos os centímetros do meu corpo. Não só pelo fato de eu ter causado toda essa destruição em Nova Iorque. Não só pelo fato de meus pais estarem mortos. Mas porque tudo o que aconteceu era culpa minha.

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