Capítulo 41

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Termino de comer meus ovos mexidos e encaro o mendigo que está sentado do outro lado da mesa.

- Então, eu não sei seu nome. - falo.

- É, não sabe.

- Você não vai me dizer?

- Você não tinha perguntado! - ele ri escandalosamente.

- Bem agora perguntei!

- Meu nome é Jofrey. - ele diz simplesmente.

- Jofrey? Como em Game of Thrones ? - pergunto surpresa. - Nunca conheci alguém com esse nome!

- O que é Gane ofi Tronus ? - ele pergunta dizendo o nome errado e com cara de confuso.

- É Game of Thrones - falo dando destaque a cada palavra - São livros, mas também tem a série de TV...

Paro quando vejo a sua cara de confusão.

- Ah, deixa pra lá. - faço um movimento com a mão como se estivesse espantando um mosquito - Acho que você já sabe o meu nome... -murmuro, mas ele escuta.

- Claro que sei! - ele diz alegre.

Ele levanta, acha um cortador de unha e senta no sofá rasgado da sala, que mais parece uma zona de guerra.

Eu o sigo e faço uma careta aí vez ele se retorcendo para cortar as unhas do pé.

- O que eu vou fazer agora? - pergunto.

- Vai comprar roupas! - ele ri como um golfinho de novo - Porque nesse seu estado, toda suja de sangue e tal, você não pode ter vingança!

Olho pras minhas roupas e mentalmente concordo com ele.

- É, mas só temos um pequeno problema. Nós não temos dinheiro.

Ele revira os olhos e cai na gargalhada de novo. Então levanta de um salto e começa a procurar algo nos bolsos.

Ele para e sorri.

- Ahá! Achei você! - ele tira de um bolso um rolo de dinheiro. Tipo uns 500 dólares.

Meu queixo cai. Literalmente, já que Jofrey coloca a mão em meu queixo e fecha minha boca.

- Por que o espanto? - ele pergunta divertido.

- Você ... Onde você arrumou isso? Você não é mendigo? Mas ... porque você tem tanto dinheiro? Você ... Ãhn ?

- Porque você acha isso? - ele diz e vejo que realmente está surpreso pela minha comparação dele com um mendigo.

- Ué, porque suas roupas estão tão ruins quanto as minhas estão agora e porque você sempre estava na rua.

Ele ri de novo, e após uns três minutos ele para.

- Assim você me mata de rir! - ele diz limpando uma lágrima no canto do olho. Ele literalmente chorou de rir.

- Mas então você não é?

- Claro que não. Eu só faço isso pra ficar de olho em você. E quanto a essa casa eu achei e me apeguei. Tem uma ótima vista pro céu. - ele olha pra cima pensador.

- Ok... - então percebo o que ele disse - Espera ! Por que ficar de olho em mim? Aí meu Deus você é um psicopata!

Quando falo isso eu corro pra cozinha e pego a frigideira de novo. Não é uma arma, mas tenho certeza que pode ser útil.

Volto pra sala devagar.

Isso é besteira, ele cuidou de você e ainda quer te contar roupas novas. Pelo amor de Deus, você tem poderes telecinéticos, pode fazer ele voar daqui.

- Desculpe por isso. - digo soltando a frigideira - Foi estupidez.

Ele ri e anda até outro cômodo, voltando de lá com um sobretudo marrom bem gasto e um boné com a escritura "Eu amo NY " .

- Fique com a cabeça baixa, assim que sair da casa, é só seguir reto pela rua, na primeira esquina no lado esquerdo tem uma loja de roupas.

Saio da casa andando a passos rápidos e com a cabeça baixa. A minha sorte é que a rua está quase vazia, apenas algumas pessoas andando na rua devido ao tempo chuvoso. Chego na pequena loja em menos de cinco minutos.

De acordo com a placa na porta da loja, ela fecha as oito da noite, e quando olho pelo vidro da vitrine vejo um relógio e percebo que tenho vinte minutos .

Uma lembrança antiga vem a tona, eu e minha mãe entrando em uma loja pequena como essa, para comprar um vestido que eu havia visto. Eu fiquei apaixonada pelo vestido branco com estampa de flores rosas. Minha mãe me deu de aniversário.

A memória é dolorosa. Não posso pensar neles ou eu poderia desabar.

Quando abro a porta um sino toca anunciando a minha presença. Além da mulher no caixa, a única outra cliente é uma mulher de meia idade que olhava camisolas.

A mulher do caixa me encara e eu desvio o olhar para as calças jeans. Sigo até lá e pego duas, logo seguindo até as camisetas, pegando três. Escolho roupas de preço baixo, pois não sei se esse dinheiro que Jofrey me deu é pra durar até minha situação melhorar.

Entro no provador e provo todas as peças de roupa, que servem muito bem.

Quando saio do provador carregando as roupas a mulher das camisolas já havia ido embora. Passo por uma jaqueta cor de marrom avermelhado com um capuz. Pego ela também e sigo pro caixa.

A mulher me olha desconfiada, reparando nas minhas roupas e na minha aparência. Ela provavelmente acha que eu sou uma mendiga.

- Você tem dinheiro pra pagar isso tudo? - ela pergunta.

- Tenho. Quanto vai dar? - pergunto.

Ela pega uma calculadora e faz as contas.

- Dá duzentos dólares.

Pego duas notas de cem e entrego pra ela. Ela coloca minhas roupas em uma sacola grande e me entrega.

Antes que eu saia, ouço a voz da repórter do jornal da noite falar:

- A polícia ainda não sabe o que causou a explosão no lado sul de uma bairro no estado da Flórida, onde se encontram dois mortos, identificados como Harry Black e Clarisse Black, além de mais seis feridos gravemente. A polícia suspeita de um ataque mutante, o que levou a vários ativistas de um grupo anti-mutantes exigir a aprovação do projeto Sentinela, que havia sido iniciado em 1973 pelo cientista...

Antes que a repórter possa terminar, eu já estava fora da loja, com meus pensamentos explodindo na minha cabeça.

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Desculpem por postar nesses dias! sem internet e não tive como publicar! Mas hoje publiquei os dois que eu tinha que ter postado. Então...
Acho que por essa semana eu não possa atualizar Mundos Opostos mas vou tentar atualizar o mais rápido possível!

Desculpa o atraso.
Desculpa pelas mortes na história, sei que é triste...

Mas espero que vocês estejam gostando dos capítulos. Críticas construtivas sao aceitas. Ideias e sugestões também.

Até o próximo capítulo!

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