Capítulo 45

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A casa de Jofrey (e provisoriamente, também minha casa) está tão bagunçada quanto a minha vida.

Eu fui sequestrada na minha primeira missão como Vingadora. Depois, em meu cativeiro, aquela bruxa, literalmente falando, me clonou magicamente, passando todos os meus piores sentimentos e minhas piores características para aquele ser, que logo depois de pular pela janela e ser perseguida por mim, matou meus pais adotivos. E então, como se não bastasse, supostamente eu sou a responsável pela explosão de um quarteirão.

Felizmente, pelo que vi na TV, a explosão não matou ninguém. Só deixou inocentes com feridas graves.

Ah, e além disso, descubro que o mendigo que eu conheço desde criança conheceu meus pais de sangue e tentou avisar pra eles que os dois iam morrer, assim como ele tentou me avisar que os meus outros pais morreriam também. Mas isso nenhuma das duas tentativas deu certo.

E ele me conta na maior casualidade que foi ele quem escolheu quem seriam meus pais adotivos. E que ele é rico.

E ainda tem o meu namorado, James, que eu não vejo faz quase duas semanas e que deve estar louco por não saber o que está acontecendo comigo. Assim como eu estou enlouquecendo só com a possibilidade daquela clone maligna ir atrás dele e alguma coisa ruim acontecer...

E além da polícia estar atrás de um mutante capaz de causar uma explosão dessas, a S.H.I.E.L.D. também pode acreditar que fui eu que matei meus pais e que eu explodi de propósito meu próprio bairro.

E não quero imaginar o que os X-men pesariam de mim se soubessem dessa história toda. Xavier deve estar decepcionado.

Jofrey me designou o quarto de hóspedes, que mais parecia um deposito. Agora estou sentada na cama, a luz do do sol entrando somente pelos buracos do teto. As janelas sempre estão fechadas e com cortinas, para ninguém ver a mutante fugitiva andando pela casa.

Na verdade, eles ainda não tem um nome. Não sabem quem causou a explosão, só sabem que foi um mutante. Mas de acordo com Jofrey, cuidado nunca é de mais.

Me levanto e vou até a cozinha. Jofrey não está em lugar nenhum, e acho que são umas sete ou sete e meia da manhã. Ou ele saiu para comprar algo ou ele desistiu de mim.

Mas não tenho tempo de me preocupar, pois antes que eu posso pegar um copo de água na cozinha, sinto algo estranho.

Uma sensação familiar, cono uma presença em minha mente.

Professor? - falo mentalmente.

Ah, sinto muito por sua perda minha querida! - ouço a voz do professor Charles Xavier em minha mente.

Involuntariamente, lembranças do momento em que estava presa, quando eu lutei com Lara e quando meus pais morreram surgem em minha mente. As lágrimas brotam em meus olhos.

Porque isso tinha que acontecer comigo? Não é justo! Eles... eles vão pagar por isso. - falo mentalmente.

Emily, não faça nada que você possa se arrepender depois. Você acha mesmo que vingança lhe trará paz? - a voz de Xavier tem um tom sério.

Não é vingança, professor, é justiça. Aquela bruxa da Lara vai pagar por tudo... - as lembranças em minha mente parem mais vívidas. E isso me dá raiva.

Emily, ela foi presa. Você não deve procurar fazer justiça com suas próprias mãos. A polícia e a S.H.I.E.L.D. estão a procura da clone. Eles vão conseguir...

Eu interrompo ele.

Eles vão parar ela? EU não consegui isso, por que acha que simples políciais ou que os Vingadores conseguiriam? Saia da minha mente, professor. Tenho coisas mais importantes para fazer.

Emily, por favor, eu posso te ajudar... - ele tenta falar.

Saia da minha mente, por favor. - meus pensamentos já estão confusos e raivosos.

Emily...

-SAIA AGORA! - grito em voz alta.
Sinto a presença de Xavier ir embora. Meus pensamentos continuam confusos, mas me sinto culpada por gritar assim com o homem que me ajudou quando eu precisava.

- Tá falando sozinha? - Jofrey aparece do nada e eu pulo de susto.

- Não, estava falando com um amigo. Telepaticamente. - respondo.

- Olha, se você estava falando com seu amigo imaginário, pode falar, eu não vou te julgar. Eu também tenho um. - ele se vira pra porta da cozinha e sorri pra lá - Não é mesmo Grover?

Ele fica em silêncio, e depois ri, como se Grover, o amigo imaginário tivesse contado uma piada hilária.

- Eu não tenho um amigo imaginário! Era o professor Xavier e...

- Que nome complicado para um amigo imaginário! - ele ri - Ele é professor de que?

Olho pra ele abismada. Ele ainda estava com a aparência limpa e bonita dele. Acho que ele tomou banho, já que agora ele está com uma blusa havaiana verde e rosa e uma bermuda amarelo berrante.

- Eu não vou responder a isso . - digo levantando um dedo. Decido mudar de assunto - Você tem noticias de James? Ele está bem?

- Aah, o seu namorado? Sinto te dizer mas... - ele diz com uma cara triste e eu imediatamente acho que algo aconteceu. - Você não vão se livrar daquele cara tão cedo.

Eu solto um suspiro de alívio.

- Você! Não pode falar algo assim e... Aaah deixa pra lá! Não adianta discutir com você.

- Isso mesmo, ainda bem que você sabe! Agora vamos começar seu treinamento!

Eu sigo para o que vai ser o mais esquisito treino da minha vida.

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