Capítulo 5

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Depois de dois dias após o acidente, eu me encontro com James na sorveteira em que nos vimos antes da minha festa de aniversário.

- James, me perdoa! Eu... eu não sei o que aconteceu... É que... - eu abraço ele forte. - Obrigada por aceitar vir aqui. Pensei que você nunca mais iria querer me ver e...

- Calma, Emy! Eu estou bem, foi só a batida que machucou um pouco naquele dia... Mas agora estou bem melhor. Não tem nada pelo que pedir perdão. Quer dizer, talvez só o fato de você ter escondido de mim que você é uma mutante.

Abaixo o olhar envergonhada. Ele me dá um beijo na testa e continua a falar.

- Mas eu entendo. Você tinha medo de que eu não te aceitasse, não que isso fosse uma possibilidade, mas tudo bem. Agora, você vai ter que me contar tudo sobre seus poderes, pois senhorita, eu simplesmente amo o fato de que minha namorada tem poderes como uma heroína.

Eu sorrio. 'O que eu fiz para merecer um namorado tão perfeito?' penso.

- Ah... Tem mais uma coisa. Eu decidi procurar meus pais de sangue. - digo cada palavra lentamente, esperando uma reação.

- Eu fico fora dois dias e você já ia sair em uma busca implacável? Wow! - ele sorri pra mim - Mas falando sério, você está mesmo pronta para isso?

- É claro que estou! Depois que te machuquei, eu percebi que não posso continuar sem controle, tendo esses... ataques de poder. Eu preciso aprender a controlar meus poderes.

Nesse momento sua expressão se fecha de um jeito estranho, estava pensativo e como não controlo ainda eu leio sua mente.

—Espera, essa não foi a primeira vez que você...

—Eu sei o que você vai perguntar, só... —  Eu o interrompi já aflita no que pensou. — Fui eu, se realmente me ama, vai entender porque fiz o que fiz.

Ele me encara, por um instante e então me abraça.

- E onde você pode conseguir isso? - seus olhos se estreitam. - Quer dizer, você não tem nenhuma informação sobre seus pais de sangue, tem? — Fico aliviada de mudarmos de assunto.

- Eu pensei em começar pelo orfanato em que fui adotada... Meus pais já me deram o endereço. Eu só estava esperando para te contar e ir até lá.

- Bem, já contou. Agora vamos? - ele pergunta se levantando.

- O que?! - eu me sobressalto na minha cadeira, quase derrubando o meu sorvete de chocolate. - Você quer ir comigo?

- É claro! - ele me olha como se estivesse meio envergonhado - Quer dizer... Se você quiser minha campainha, já que é um assunto familiar...

- Claro que quero que você vá! - eu sorrio pra ele - Mas se você quiser descansar mais, eu espero.

- Não, eu quero ir com você.

~~~~×~~~~

Com o endereço do orfanato em minha bolsa.

- Já chamei o táxi, só temos que esperar. - falo pra ele e então nos sentamos nos degraus da pequena varanda de minha casa.

- Você está nervosa? - ele pergunta.

- Eu acho que devia estar, mas eu não estou. É estranho. - respondo.

- Eu acho que é normal. Você não conheceu seus pais, não tem nenhuma lembrança. É normal se sentir assim.

Eu reflito sobre o que James disse e após alguns minutos o táxi chega.

~~~~×~~~~

Eu pago o motorista e eu James saímos do carro.

Eu olho para a casa que se ergue a minha frente. Antiga, pintada de um azul claro e aconchegante.

James segura minha mão e nós andamos até a porta. Toco a campainha e esperamos por uns momentos. Uma senhora de cabelos grisalhos e um sorriso acolhedor abre a porta.

- Olá jovenzinhos! O que desejam? - ela olha de James para mim.

- Eu... Nós... - de repente sinto que um nó se formou em minha garganta e não consigo falar mais nada. Todo o nervosismo que não estava sentindo antes me atropela como um caminhão agora.

- Nós queremos conversar com alguém que trabalhava aqui, se possível, à dezoito anos atrás. - James diz ao perceber minha hesitação - É sobre uma criança que foi adotada daqui.

A senhora olha para nós, e mesmo não tendo a intenção, acabo lendo sua mente e vejo que ela está tentando descobrir qual de nós dois saiu do seu lar a dezoito anos atrás. Mas então respiro fundo, e tento me concentrar apenas em sua voz, não em seus pensamentos.

- Entrem queridos, vamos tomar um chá e conversar. - ela diz nos dando passagem para dentro.

Nós seguimos a senhora pelo corredor de entrada, indo para uma sala com aparência de escritório. O cômodo é espaçoso, com uma grande janela oposta á porta por onde entramos, mostrando a vista para o grande jardim dos fundos da casa. Fico surpresa ao perceber que não há nenhuma criança brincando lá fora, nem dentro da casa. Em frente a janela está uma mesa coberta de papéis, documentos e até desenhos de criança.

- Me desculpem pela bagunça, - ela diz - É que ainda não organizei esses documentos...

- Ah, não tem problema. - James responde - Meu quarto normalmente fica mais bagunçado que isso.

A senhora da uma leve risada e se senta de frente para nós dois.

- Sentem, sentem! - ela faz um movimento indicando duas cadeiras e nós nos sentamos.

- Então, qual é o caso? - ela pergunta.

Eu finalmente consigo formar uma frase.

- Nós estamos aqui para saber sobre meus pais... - eu começo a explicar sobre minha adoção, a dezoito anos atrás, sobre meus poderes e sobre o incidente da festa. Eu não queira ler a mente dela de propósito, parecia ser falta de educação. Mas naquele momento não conseguia não acessar algumas emoções... E eu sentia nela bondade. Então, eu só desabafei tudo o que tinha para contar.

Quando termino seu rosto está muito pálido, como se ela tivesse visto um fantasma.

- Eu só quero saber quem são meus pais, senhora... - eu olho para ela e percebo que ainda não sei o nome dela.

- Ah, eu não me apresentei. Pode me chamar de sra. Owen.

- Eu preciso encontrá-los senhora Owen. Eu preciso entender de onde eu vim, para saber como controlar meus poderes.

Ela suspira antes de começar a falar.

- Emily, eu sinto muito mas ... Eu não sei informar quem são seus pais. Como você mesma disse que seus pais lhe contaram, você foi deixada na porta desse orfanato. Mas... - ela hesita.

- Mas...? - eu repito, a incentivando a continuar.

Ela se levanta e vai até um arquivo que está encostado na parede. Ela procura em uma das gavetas e tira um papel lá de dentro, logo voltando para se sentar á nossa frente.

- Mas... - ela diz - Você foi deixada aqui com esta carta. Na verdade, está mais para um bilhete.

Ela me entrega o papel e eu o leio.

"Sra. Owen, por favor, cuide de minha filha, porque não posso permitir que ela fique nessa confusão... É muito perigoso aqui. O nome dela é Emily e peço que não conte a ela sobre nós, para ela não se envolver nisso tudo. É para o bem dela. Nós a amamos muito.
~ Scott"

Meus pensamentos ficam meio embaralhados. Então meu pai se chama Scott? E eles.... meu pai e minha mãe... Então eles me amavam? Mas então por que eles não queriam que eu os procurasse?

- Eu não posso te dizer muita coisa, porque é só isso que eu sei - ela aponta pra carta - Mas, junto com essa carta, veio esse endereço.

Ela me entrega o pedaço de papel e eu leio: Westchester, Instituto Xavier Para Jovens Super Dotados.

Eu olho chocada para os dois papéis em minhas mãos. Algo naquele nome me parecia familiar, mas eu estava totalmente sem chão para poder pensar nisso. Confusa. Com raiva. Triste. E até um pouco... alegre.

Minha busca começou.

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