Capítulo 2

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2006 - Florida

'Mais um dia de aula. Mais um dia com aqueles garotos e garotas irritantes e cruéis, me perseguindo, chamando de "esquisita" ou de "estranha" ou qualquer coisa boba que os cérebros minúsculos deles consigam imaginar' penso assim que chego na escola e o grupinho de sempre me rodeia. Como sempre, são minimamente espertos em esperar que meus pais saiam de vista para atacar. Uma tática digna de um covarde.

- Olha só quem chegou! - diz o loiro de voz esganiçada - É a ruivinha esquisita! Ei, Bob, você não acha que ela está mais esquisita hoje?

- Ah, parece que sim Rick! - responde o garoto moreno me cutucando.

'Por que eles me perseguem assim? O que eu fiz para eles?' penso. Afinal, desde que me conheço por gente a maioria das pessoas me ignora ou me acha esquisita, eu não entendia o porquê disso. Eu sabia o que era bullying e principalmente que infelizmente é comum nas escolas, mas nunca consegui compreender a verdadeira razão. Muitas vezes os esteriótipos classificação os nerds como principais alvos, por serem inteligentes os outros parecem ter um incomodo voraz, que leva a inveja e por fim a idiotice do bullying.

Mas porquê eu? Minha vida toda me forcei a ser completamente invisível, o que causa exatamente o contrário, toda pessoa que se socializa a mim tem um repentino desprezo.

- Me deixem em paz. - digo quase num sussurro.

- O que foi que você falou, esquisita? - Rick pergunta. Eu o ignoro.

- Não vai responder? Ei, esquisita, tô falando com você! - ele se coloca na minha frente e tira uma pedra do bolso da calça. - Esquisita! Esquisita! Ei, tô falando com você!

Ele e as outras crianças do grupo começam a cantar: "Esquisita! Esquisita!"

Eu tento ignorar eles e sigo meu caminho para a sala de aula, mas de repente, quando já estou a uns três metros deles, Rick joga a pedra que ele segurava em minha direção.

Sinto minha bochecha arder e algo quente escorrer até meu queixo. Toco o local e vejo o líquido vermelho em meus dedos.

- Não vai responder, esquisita? - ele me empurra. - Eu tô falando com você! Seus pais não te ensinaram que quando alguém fala com você, a coisa mais educada a se fazer é responder?

- Por favor! - suplico num sussurro - Me deixa em paz!

- O que foi esquisita? Não escutei. Tá chamando a mamãe?

Ele continua me empurrando, e os outros garotos riem alto, apontando pra mim.

Sinto minhas mãos formigando, esquentando... Fecho meus olhos na tentativa de impedir que as lágrimas caiam.

- Me... deixem... EM PAZ! - grito.

Silêncio.

Abro os olhos e vejo que Rick está no chão, a quatro metros de mim, desmaiado e com sangue na parte de trás da cabeça. Outras crianças que estavam mais próximas de mim também caíram, outras continuavam de pé, mas todos me olhavam espantados.

- O que... O que você é? - sussurra uma garota.

Olho ao redor e percebo que não foram só as crianças que caíram. Livros, cadernos e outras coisas dos armários próximos estavam espalhados no chão, a janela próxima de onde eu estava não existia mais, com todos os vidros quebrados e caídos no chão.

- Eu... eu... - digo.

Uma menina começa a gritar quando vê Rick desmaiado e ouço passos de pessoas se aproximando. Começo a chorar. As outras crianças começam a se recuperar do choque e também gritam ou então correm.

Mundos Opostos Where stories live. Discover now