Capítulo 11

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Eu não conseguia acreditar. O Grande Alisson e eu, passeando juntos no bairro mais chique da Orla!

As calçadas eram tão retas, e as casas tão grandes, com sacadas espaçosas e luzes refletindo nos pilares de mármore. Mesmo àquela hora da madrugada haviam pessoas na rua e o batucar difuso de várias músicas, como se em cada mansão ocorresse uma festa.

Eu comecei a rir, maravilhado com toda aquela agitação noturna. Geralmente eu já estaria na cama, até porque festa era coisa de gente rica. Mas naquele momento ninguém torcia o rosto pra mim, nem sequer os playboyzinhos com relógios de ouro. Eu vestia camisa social, calça jeans e tênis assim como o Grande Alisson, e ele me ajudou a prender meus cachos de um jeito legal, controlando o volume com grampos e deixando duas mechinhas caídas na frente do rosto.

Nunca na vida eu me senti tão gostoso. As meninas mais novas até olhavam uma segunda vez ao passar por mim. Uma delas chegou a nos oferecer cervejas, e claro que eu aceitei, porque nossa, ser adulto era legal demais. Adultos podiam fazer tudo, inclusive subir nos postes. E aquela era uma ótima idéia.

"O pó bateu pesado, hein." Alisson segurou meu braço, me impedindo de escalar a luminária da calçada. Ele riu de um jeito gostoso, sorrindo tanto que seus lábios esticaram, e eu gemi de vontade que eles esticassem em outro lugar.

"Onde estamos indo?" Perguntei, tentando parar de rir. As roupas que eu vestia tinham o cheiro do Alisson, eu estava vivendo um sonho muito louco.

Alisson e eu viramos a esquina e chegamos na rua da beira-mar, onde haviam as maiores mansões.

"Vamos encontrar a Kandi." Disse ele. "Se conheço aquela louca, ela está dando uma festa sem me chamar. Mulheres, sendo mulheres."

Aquele nome entrou nos meus ouvidos como uma faca.

"Pensei que estivessem brigados. Sua namorada não vai se incomodar comigo?"

"A idéia é justamente incomodar um pouquinho." Alisson passou a mão por trás do meu ombro. "Não existe festa sem o Grande Alisson, e as gatinhas sabem disso. Me dê cinco minutos, e nós dois seremos como lobos na toca das carneirinhas."

"Como assim? Tipo... nós dois?" Perguntei, com os olhos enormes. "Não quero mulheres."

"Não quer, porque não sabe que é mais gostoso." Alisson seguiu andando, ignorando o horror na minha cara. "Tu vai perder esse cabaço com as maiores gatas dessa cidade. Não me agradeça."

Não agradecer? É claro que eu não iria agradecer. Mas que merda.

Tomado de uma raiva assustadora, que mais parecia uma panela de pressão dentro do meu crânio, eu encarei o Grande Alisson com todo o meu ódio, mas ao ver seu rosto minha raiva se transformou em curiosidade.

"O que você pôs na boca?" Perguntei.

Alisson abaixou a mão bem rápido, o que só confirmava algo estranho. Ele definitivamente comeu alguma coisa, e pela cara dele, devia ser algo interessante.

"O pó não te fez bem. Chega de brinquedos, bebê." Ele apertou meu ombro, colando a lateral do meu corpo à dele. Aquele idiota se divertia mesmo, zombando da minha idade. E eu começava a me cansar daquela palhaçada.

Eu empurrei Alisson no estreito espaço entre duas mansões. Antes que ele compreendesse a situação eu o prensei contra a parede e colei nossos corpos, agarrando com força o seu colarinho.

"Sou seu aprendiz, não sou?" Rosnei, com uma fúria que eu não sabia de onde vinha. "Eu também quero."

Alisson sorriu como se esperasse aquela reação. Ele tirou outro comprimido do bolso e também colocou na boca, mas antes que eu o xingasse ele pôs a língua pra fora, revelando a pílula branca bem na ponta, esperando por mim.

O Preço da Adoração (AMOSTRA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora