Capítulo 09

910 142 64
                                    


"Sério mesmo, Alis? Você também me ama?"

"Claro que amo. Pare de chorar, boquinha de algodão. De agora em diante seremos só nós dois."

"Vai me dar o que eu quero, agora?"

"Já fez isso com alguém?"

"Claro que não. Minha bunda é todinha sua. Mete em mim. Mete, por favor. Ah. Ah... isso, mais forte..."

"Oh, Grande Alisson, é tão gostoso..." murmurei, babando sobre a mesa. Um espasmo quente acabou me acordando, e eu olhei para baixo.

Eu notei a mancha na bermuda e soltei um gemido frustrado. Droga, não aguentava mais aqueles sonhos esquisitos.

Minha revolta só apagou quando percebi onde eu estava. Eu havia adormecido na sala do Alisson, terminando de parafinar a última prancha. Pela janela eu podia ver as estrelas e ouvir o cantar das cigarras.

Pelo visto Alisson não voltaria naquela noite, ainda assim me apressei em escovar a parafina, querendo terminar logo. Precisava demais ir para casa dormir.

Assim que terminei o serviço eu ouvi uma chave girar na porta de entrada.

Alisson cambaleou para dentro e agarrou-se no marco da porta, tropeçando nas próprias pernas.

"Alis, tá tudo bem?" Eu corri até ele o segurei.

Alisson deitou o peso do corpo sobre mim, quase nos derrubando. Seu cheiro era horrível. Uma mistura de suor, fumaça e bebida que embrulhou o meu estômago.

"Perdeu, novinho. Foi uma loucura total." Falou ele, com a voz lenta e enrolada. Ele me abraçou e riu contra o meu ombro, esfregando os cabelos despenteados na minha cara.

"Suas pranchas estão prontas." Falei, um tanto desanimado. Não queria imaginar o que exatamente eu perdi. "Vou te levar pra cama."

Ajudar Alisson escada acima foi um desafio. Ele tropeçava e ria como se o carpete dos degraus fosse super engraçado. Suas pupilas dilatadas tornavam seu olhar ainda mais escuro, e o sorriso que parava meu coração naquele momento surtia o efeito oposto. Já havia visto muita gente bêbada, e Alisson certamente bebeu muito, mas aquilo não era efeito do álcool.

Eu segurei seu braço por cima dos ombros e o arrastei pelo corredor, passando pelo banheiro e pelo depósito até chegar num quarto com cama de casal, que devia ser o dele. Exausto, eu o joguei no colchão macio.

"Obrigado, novinho." Ele arrastou-se até o travesseiro e tentou livrar-se dos sapatos, mas precisei ajudá-lo com isso.

Eu livrei-o das meias e do cinto que prendia sua calça social. Mais cedo quase tive um troço quando Alisson se despediu todo bem vestido, com o cabelo preso num rabo-de-cavalo e desodorante fresquinho espalhado no corpo. Não restava muito do garanhão de antes, e isso me entristecia.

"Você vai ficar bem?" Perguntei.

Alisson deu uma risada que não respondia muita coisa. Ele deu um tapinha no colchão para que eu deitasse ao lado.

Eu obedeci, encostando a cabeça no travesseiro e virando o corpo de frente para ele. Alisson olhava para o teto, rindo do nada, mas seu rosto e seu corpo continuavam sendo a coisa mais linda que já vi em todo o universo. Eu queria demais tocá-lo, e beijá-lo, mas não faria isso com Alisson naquele estado.

"Michel, sabe qual é a melhor coisa do mundo?"

Meu peito deu um pulo de felicidade. Ele me chamou de Michel de novo!

"O quê?" Perguntei.

"Poder. Notar nos olhos dos outros que eles fariam qualquer coisa por você, simplesmente por você ser quem é."

O Preço da Adoração (AMOSTRA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora