6. Yo soy masoquista

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1 ano antes

- Tem certeza que é mesmo nessa direção?
Pela décima vez, Jimin errou o caminho.
- Por que você não pergunta isso pro Yoongi?
- Porque ele não está aqui - Taehyung respondeu. - Se ele estivesse, eu faria o favor de perguntar.
- Não é possível que ninguém achou melhor olhar no Google Maps antes de vir - (s/n) disse com a voz cansada.
- Ah, a princesa adora reclamar, mas na hora de ser produtiva foda-se - Jimin zombou.
- Hyung - o repreendi. - Acabamos de passar pelo mercadinho.
Jimin olhou no retrovisor.
- Ih, é mesmo.
Começou a dar a ré para finalmente entrarmos no caminho certo.
- Por que tinha que ser justamente Gangnam? Dentre tantos bairros em Seul, a filha dele tem que estudar em Gangnam.
- Ela não estuda aqui - (s/n) retrucou. - O festival do colégio vai ser aqui.
Jimin revirou os olhos, estacionando o carro em frente a casa de festas. Descemos do carro, sentindo o calor do sol da manhã esquentando nossos corpos. Me alonguei, obtendo alívio quase imediato nas minhas articulações. Ao meu lado, Taehyung checava o nível de bateria do seu celular.
- Graças a Deus - ele comentou. - Yoongi ia me matar se eu não filmasse.
Os irmãos pararam ao meu lado e pudemos adentrar no estabelecimento. Fileiras e mais fileiras de cadeiras se estendiam pelo pátio do lugar, que continha um palco armado no meio. Yoongi sinalizou-nos e fomos de seu encontro, sentando nos lugares que ele havia guardado para nós.
- Qual o tema da apresentação? - Eu perguntei.
- A transição do verão pro outono - ele respondeu sorrindo.
- E quando vai começar?
- Daqui a 15 minutos. Pra quem errou o caminho oitocentos milhões de vezes vocês até chegaram bem adiantados.
De repente, ouvi alguém dizer alguma coisa.
- (s/n)-shi!
Me virei para encontrar o rapaz sorridente vindo na nossa direção. (s/n) se levantou na hora para ir até o cara.
- Changkyun oppa!
Ah, então esse é o tal cara.
Obviamente minha expressão fechou no mesmo instante, por isso olhei rapidamente pro outro lado. Que diabos esse garoto estava fazendo ali?
- O que está fazendo aqui?
- Minha irmã estuda nesse colégio. Ela vai se apresentar.
- A minha filha também - Yoongi se intrometeu. - Qual o nome da sua irmã?
- Im Munhye.
- Ah! É a melhor amiga da Haera!
- Que coincidência! - (s/n) exclamou.
Nossa. Que bela merda. Só faltava chamar ele pra sentar conosco.
- Por que não se senta aqui?
Puta merda.
- Não vou incomodar vocês?
Vai. Nem senta aqui.
- Claro que não, pode vir.
E então, o cara veio e se sentou ao lado de (s/n). Que maravilha de dia. Yoongi viu que eu estava balançando minha perna sem parar.
- Tá tudo bem contigo?
- Eu? - Perguntei levemente irônico. - Tá tudo ótimo comigo.
- É porque você tá balançando a perna...
- Tô ansioso pra ver sua filha no palco.
Logo após ter dito aquilo, anunciaram que a turma de Haera iria entrar naquele momento. Yoongi deu um leve surto quando a criança entrou vestida de folha de outono, com os cabelos pretos soltos e um arco em formato de folha. Ela de fato estava uma gracinha.
- Tá filmando, Taehyung? - Ele gritou para o amigo.
- Tô filmando desde nove da manhã, cara. Relaxa aí.
A professora explicou rapidamente como seria a apresentação, dando lugar para que a música começasse e as crianças começassem a dançar e a cantar.
Meu coração ficou um milhão de vezes mais leve durante aquela dancinha.
Yoongi estava desesperado na plateia, gritando igual a um louco cada vez que conseguia enxergar a menina. Ele estava chorando, mas sabia disfarçar bem.
- Dá um sorriso pro papai, filha! - Ele gritou.
A menina sorriu alegremente na direção do pai e mandou um beijinho pra mim, que soltei um grunhido de fofura extrema.
A apresentação infelizmente acabou, mas todos estávamos completamente satisfeitos com a fofura e agradabilidade daquele momento.
- Isso adicionou 50 anos de vida pra mim - Tae comentou.
- Eu quero morder todas essas crianças - (s/n) comentou, agarrando o braço de Changkyun.
Quase vomitei. Que nojo. Que ridículo.
Na nossa direção veio correndo Haera.
- Appa! Appa!
Yoongi se agachou e pegou a menina no coloco, erguendo-a no ar e girando.
- Você gostou?
- Se eu gostei? Eu amei! A florzinha mais foda e linda.
- Appa! Eu sou uma folha! E você não deve falar palavrão.
- Aish, me desculpa. Não vou fazer mais - respondeu. - Minha florzinha.
- Appaaaaa!
Eu ri e Haera escondeu o rosto no pescoço do pai e sussurrou algo em se ouvido.
- Ela quer saber se você gostou - ele me falou.
- Eu amei, Haera.
Ela se segurou mais no pescoço do pai, que riu alto.
- Você é o crush dela.
Foi minha vez de rir.
- Quando ela crescer nós podemos nos casar.
- Ah, mas nem fudendo.
Foi quando eu vi, de longe, (s/n) e Changkyun encostados em uma parede, aos beijos. Eu podia ter matado um ali naquele exato momento. E eu quase o fiz, se Jimin não tivesse reparado antes de mim.
- Mas que merda é aquela?
- Para de falar palavrão na frente da criança, porra - Yoongi representou.
- Acho que a (s/n) tá aproveitando bem mais que a gente - Tae comentou. - Considerando o fato de que recentemente eu não pego nada além de resfriado.
- Impossível - Yoongi retrucou. - O que está acontecendo com Kim Taehyung?
- Eu vou me estabelecer agora, focar na faculdade e sair a procura de um romance.
- Meu Deus, quem é você​?
- Appa, esse é o tio Tae, e isso é óbvio.
- Ela é bem mais inteligente que você, hyung.
Embora eles continuassem falando e se afastando cada vez mais do assunto, meus olhos continuavam fixos na cena ridícula que se desdobrava na minha frente.
Felizmente aquilo não se estendeu por mais tempo, pra sanidade de todos presentes ali. Ou a minha. Foda-se. Quando eles voltaram, tentaram disfarçar o que estavam fazendo, mas todos já sabiam. Eu nem me atrevi a olhar pra (s/n), quanto menos pro oppa dela.
- Agora que a apresentação acabou, o que vamos fazer? - Tae perguntou. - Ainda é cedo, me recuso a voltar pra casa.
- Não sei quanto a vocês, mas eu tenho que levar Haera no dentista - Yoongi logo comentou.
- Ah, então eu vou pra casa - o ruivo respondeu logo. - A não ser que Jeon Jungkook esteja disposto a sair de casa.
O olhar que lancei na direção dele foi o suficiente pra ele entender o recado.
- OK. Alguém me dá carona?
- Eu dou - Changkyun se manifestou.
Ao menos o embuste iria embora junto.
- Se incomoda de me dar carona também? - Yoongi pediu.
- Claro que não, pode vir.
(s/n) deu um abraço no garoto como forma de despedida, eu nem me incomodei em dizer tchau, apenas para a criança.
- Hoje tá de pé, né? - Jimin brotou ao meu lado.
- Claro - respondi. - Tô precisando dar uma relaxada, e não tem jeito melhor de relaxar se não jogando Overwatch.
- (s/n), vamos! - Jimin chamou.
A garota chegou perto de nós, caminhando ao nosso lado. Tinha um sorriso que tentava esconder, mas falhava miseravelmente.
- Então - meu amigo começou. - Você e aquele cara já estão namorando?
- Não - ela respondeu rápido. - Não estamos namorando. Você está me perguntando isso há cinco meses.
- É porque cá entre nós, como você mesma disse, já faz cinco meses. Tá na hora de definir esse relacionamento.
- Jimin, não é nem um relacionamento.
- Aish, na minha época as coisas eram mais bem definidas.
- Ah, é mesmo? E quanto a Hyeri?
Jimin lançou um olhar mortal pra irmã, que deu de ombros com um sorriso vitorioso nos lábios. Eu teria rido da conclusão dela, mas estava com raiva demais pra isso. Finalmente retornamos ao carro, onde eu me sentei no banco da frente, olhando fixamente para a estrada.
- Pra sua informação, eu nem converso mais com a Hyeri. A gente não se fala e nem se vê tem um bom tempo. O Jungkook pode confirmar.
Acho que eles esperavam uma resposta minha, mas não obtiveram nada. Um silêncio constrangedor se instalou no carro.
- Jungkook? - Jimin me chamou.
Saí do meu transe quando percebi que estavam chamando meu nome.
- Ah, sim?
- Tá tudo bem?
Assenti freneticamente.
- Só tô cansado.
- Certo, então. (s/n), vai pra casa ou algum outro lugar?
- Vou pra casa, tenho que fazer uma pesquisa pra um seminário.
A volta foi bem tranquila, os irmãos conversando e eu apenas concordando. A verdade é que eu não estava no humor para ter uma conversa decente, por isso preferi me abster dos assuntos. Sim, eu estava com raiva. Muita raiva. Aquele tipo de sentimento que fazia você querer destruir todo o estofamento do carro.
Esse humor de lixo permaneceu quando chegamos na casa deles. Abri a mala do carro e peguei minha mochila ainda com a expressão fechada, batendo com força na hora de fechar.
- Vai pagar se quebrar, hein - advertiu o mais velho.
Não respondi, apenas segui o caminho até a entrada da casa. Jimin abriu a porta enquanto senti o olhar de (s/n) sobre mim.
- Tá tudo bem? - Ela pergunto com um tom preocupado.
- Melhor impossível.
O número de mentiras deslavadas contadas naquele dia superam a quantidade de meninas que eu já beijei na vida. Nem troquei mais uma palavra com a garota, apenas segui na direção do quarto de Jimin.

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