"Poder?" Eu ri de tamanha ironia. Seja lá o que fosse essa sensação, eu estava no outro extremo.

Percebendo meu desânimo, Alisson acariciou meu rosto e relampejos percorreram minha coluna.

"É só surfar umas ondas, ganhar umas medalhas, e as vadias fazem fila para cavalgar seu pau. Precisa ter beleza, também, mas isso você já tem." Ele me fitou longamente, me fazendo corar ainda mais. "E por isso você é meu aprendiz."

"Eu sou?"

"Faça como eu mandar, e você não dará conta de todas as mulheres. Ou homens, tô achando que é mais tua onda."

Eu vibrei de tanta emoção. Não queria mulheres, nem homens. Eu queria o meu Grande Alisson. E se ele falava a verdade, eu passaria muito, muito tempo com ele. E logo eu conseguiria apaixoná-lo por mim.

Alisson bocejou para o teto, quase adormecendo. Lembrei que eu precisava fazer o mesmo, ou pelo menos aparecer em casa para acalmar os meus pais.

Levantando da cama meio a contragosto, eu me inclinei sobre o Alisson para beijar-lhe os lábios, mas ele desviou o rosto e me afastou.

"Já disse, novinho. O Grande Alisson sou eu. Eu quem faço as regras do jogo." Ele bocejou alto. "Tô precisando apagar. Tenta não me estuprar, ou sei lá. Tu tem umas paradas estranhas."

Eu torci o lábio, sem saber se ele estava brincando. De qualquer forma, nós dois precisávamos de descanso.

"Boa noite, Alis." Eu apaguei a luz do quarto e retornei para a minha casa.

****

Quando cheguei em casa o sol já se erguia no horizonte. Assim que dobrei a esquina, minha mãe veio correndo me abraçar.

"Michel, onde você se meteu? Sabe que horas são?"

Eu só resmunguei alguma coisa e bocejei. Minha mãe nunca se aborrecia com nada, e certamente o pai comentou do meu serviço ao Grande Alisson.

Minha mãe suspirou, e tentou ajeitar meu cabelo.

"Seu pai recebeu uma visita importante. Cumprimente-a com educação e por favor tome um banho. Você está todo suado.

Eu mesmo tentei baixar meus cachos, que pareciam uma bola loira. Visita? O banco enfim cansou das dívidas e veio demolir a casa?

A mãe entrou e eu a segui. Alguém conversava com meu pai na sala, de costas para mim.

Quando o pai me avistou ele chamou com um sorriso enfático, e um leve olhar de quem repreendia minha aparência.

"Michel, conheça a senhora Camille Rouge, diretora da agência de modelos Le Rouge.

Eu apertei a mão dela, sem esconder minha surpresa. Era uma senhora gordinha, de cabelo loiro platinado e rosto esticado por muitas plásticas. Parecia ter uns cinquenta anos, mas o vestido de leopardo e cheiro de talco a faziam parecer mais velha. A maquiagem pesada tornava sua idade um mistério ainda maior.

"Bom dia, meu querido." Disse ela, com um sorriso simpático. "Seu pai falou muito de você. Tão jovem, e já começando no mundo dos negócios?"

Eu dei uma risadinha tímida. Tudo o que fiz foi convencer meu pai a abrir uma loja, embora eu soubesse a dificuldade em conseguir isso.

"Nossa loja será a maior da cidade." Falei, tentando soar convincente.

A mulher percebeu o fingimento, mas isso apenas aumentou sua empolgação e ela continuou a discutir negócios com o meu pai. Eu fiquei em choque. Não imaginava o pai conseguindo contatos tão rápido.

O Preço da Adoração (AMOSTRA)Where stories live. Discover now