Capítulo 11 - Sky

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Sky

O taxi para em frente à casa e noto que sua caminhonete está novamente estacionada em frente a porta.

Pago ao motorista, e saio do carro apertando ainda mais o casaco sobre mim, sentindo o vento gelado que vem do atlântico, potencializado pela baixa temperatura do anoitecer.

Eu propositalmente esperava chegar tarde em casa, mas aconteceu de eu nem ter que trabalhar pra isso, já que em apenas algumas horas, houveram tantas coisas a serem resolvidas, que foi com um susto quando senti meu estômago protestar por comida, que acabei de dando conta de quão tarde já era.

Pedi desculpas por segurar o pessoal até aquela hora ali. Não querendo grudar essa primeira impressão de megera, mas justo no primeiro dia, é exatamente isso que faço.

Destravo a porta silenciosamente, deixando meus olhos correrem através do primeiro piso. A lareira está acesa, deixando a sala com uma cor alaranjada e quente, e eu logo suspiro baixinho em aprovação.

Tiro meu casaco, ainda em silêncio absoluto enquanto meus olhos correm pelo ambiente até a área da cozinha, através da bancada de granito onde Caleb parece concentrado de costas em algo a sua frente. Algo que cheira como o céu, e a cadela morta de fome presa dentro de mim, bate palmas, rola e abana o rabo.

Automaticamente penduro meu casaco, mas não desvio meu olhar dos ombros largos, cobertos por uma T-shirt preta que molda suas costas perfeitamente até seu quadril.

Me sinto uma ladra aqui, quieta, nas sombras da luz bruxuleante que talvez me passe uma sensação de segurança enquanto roubo segundos ou com sorte minutos de imagens dele. Imagens que não sairão de uma caixa de lembranças ou memorias que não são capazes de fazerem justiça com a figura ao vivo. Elas não teriam a consistência de trazerem os riscos de uma tatuagem que eu não havia visto ainda. Ela é circular, com desenhos ao redor que se estendem por todo um braço enquanto ele tem os movimentos precisos e fluidos no que segura sua atenção.

Tento estreitar meus olhos, e dar um passo à frente com a intenção de desvendar sobre o que é sua tatuagem, mas desisto não querendo que ele me veja aqui.

— A comida está quase pronta — Sua voz grossa e baixa me faz dar um pulo onde estou, e franzo a testa. Ele não virou na minha direção, nem uma maldita vez — Mas, se você quiser subir e tomar um banho temos tempo pra isso.

Engulo em seco, sabendo que ele tinha total consciência de que eu estava aqui, e limpo a garganta. — Não se preocupe comigo. Eu encontro algo mais tarde.

Subo o primeiro degrau quando o ouço suspirar audivelmente. — Não vai acontecer. Eu vou esperar por você. — Suas palavras soam enfáticas — Eu, e o macarrão ao molho pesto.

Eu juro que, até esse momento, eu achei que estômago protestar em alto e bom som, de uma maneira constrangedora, fosse algo clichê que só acontecia em filmes. Coisa que acabei de descobrir da pior maneira; não era.

Sua risada abafada vinda da cozinha causou um arrepio na minha nuca — Tome seu tempo, não tenha pressa.

Assenti com a cabeça, sem me preocupar em ele ter visto ou não, e subi os degraus alcançando o corredor e depois até meu quarto.

Entro descartando minha bolsa na poltrona ao lado. Fecho a porta atrás de mim, apoiando minha cabeça nela e deixando minhas pálpebras fecharem por algum tempo.

Estar durante horas com a cabeça concentrada em papeis foi uma perfeita válvula de escape para não pensar muito nele. Ou nessa intensa aproximação, ou na reação que isso está causando em mim. Tanto fisicamente quanto emocionalmente.

EM SEUS BRAÇOS - Completo na Amazon / Retirada wattpad domingo 11/06/17Where stories live. Discover now