Boa noite

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Regina

Enquanto tentava controlar minha respiração para não esquecer o pseudo-discurso que eu havia ensaiado para falar com os Guimarães Azevedo, podia sentir meu celular vibrando no meu bolso. Confesso que comecei a me preocupar com a insistência, mas lembrei do meu motivo de estar ali e segui em frente com a Emma.

Assim que cheguei na sala e encontrei o senhor de poucos cabelos brancos rodeado de um ar leve e agradável, senti que poderia soltar o ar e respirar melhor. Ele havia sido tão simpático com a minha ex aluna que pude reparar a ligação dos dois. Era invejável, mas de uma forma boa. Senti-me confortável quando deixamos de lado as formalidades e seguimos para o seu escritório.

Encarar aquele cômodo incrivelmente bonito de uma casa maravilhosa poderia ser normal para mim, afinal, cresci nesse meio. Porém, eu nunca tive tido a real preocupação com nada como agora. Fato que me levou a encarar, mas não prestar a devida atenção nos detalhes como eu gostava. Minha visão estava confusa demais por causa do nervosismo.

- Sente-se, Regina – Henry me disse

- Oh, obrigada. – ele assentiu. – Então...

- Não sei o que te trouxe aqui, mas pode falar abertamente. Se a Emma, tímida como é, te trouxe até aqui, deve ser algo importante.

- Na verdade nem a Emma, nem ninguém sabe o porquê de eu estar aqui, mas é realmente muito importante, se não eu não teria o impulso de falar com o senhor. – falei meio embolada

- Senhor não, Regina... – sorri concordando – Pode falar então. Estou aqui para te ouvir.

Suspirei procurando as palavras e comecei

- Então Henry, eu sei que deve ser estranho me encontrar pedindo ajuda, já que deve saber quem eu sou. A questão é que eu não podia contar ao meu pai minhas intenções de dirigir até aqui. Depois de muito analisar, pensar e planejar, lembrei-me do sobrenome da sua família e uma luz se iluminou na minha mente. Eu vou ser bem prática para que entenda.

- Ok, continue

- Sempre fui um pouco diferente da minha família quando o assunto é lucro, patrimônio, conquistas... Eu não queria mais ser herdeira de um império e não fazer nada com isso. Com a vontade aliada à oportunidade, iniciei um projeto pessoal nas faculdades de meu pai. É chamado Vestibular Social e a ideia central é oferecer um desconto de 50% no valor das mensalidades. Assim, o aluno teria uma chance maior de iniciar sua vida acadêmica, principalmente se conseguir bolsas do governo... enfim. Além do desconto, temos chances de intercâmbio, pesquisas e afins.

- Isso é incrível, Regina. Muita gente perde a chance de crescer por falta de oportunidades. – Ele defendeu

- Exatamente! É isso que eu tentei argumentar com meu pai e meu marido.

Com a sobrancelha unida ele perguntou: - Argumentar? Qual o problema?

Meus olhos se encheram de lágrimas ao me lembrar do episódio na sala do Robin há algum tempo.

- Meu marido acha que o projeto está "popularizando" a faculdade e ele não quer isto mais. Robin tem uma mínima porcentagem por ser meu marido, mas de certa forma é muito influente para com o meu pai. Com essa diversidade de pessoas pelos corredores, ele acha que grandes nomes vão desistir de estudar lá ou até perder o "nível" do nosso patrimônio. O que é ridículo, não tem nada a ver. Resumidamente, eles querem cortar o meu projeto.

- Você me desculpe, mas isso é um absurdo. O Vestibular Social pode encontrar futuros nomes famosos perdidos por aí. – Ele soltou um suspiro pesado – Ok Regina... e onde eu entro nisso?

SoulMate #FINALIZADADonde viven las historias. Descúbrelo ahora