Cores e formas

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REGINA

Depois do momento tenso na sala do Robin, decidi que não iria ficar me lamentando e esperando um milagre vindo de meu pai. Passei a noite procurando por contatos e pesquisando empresas ou pessoas que trabalhem com investimentos, analisei minhas finanças, conferi meus bens. Por este motivo, na manhã seguinte, encontrei uma Regina acabada no espelho do closet. Seria insustentável ser vista com os olhos vitoriosos de meu marido quando me encontrasse pelos corredores da faculdade, já que para casa ele não havia voltado.

E então, não fui trabalhar. Era a primeira semana, mas me sentia como se tivesse trabalhado por toda uma vida sem folga. Fiquei pensando se o cansaço era por conta de minhas pesquisas, mas cheguei à conclusão que era apenas mais um esgotamento mental. Teria o dia livre para descansar e continuar buscando uma luz no fim do túnel.

Liguei para Zelena para que ela avisasse meus alunos, mas acredito que ela já estava em sala, pois não atendeu. Não me sobrou opções se não ligar para a Ingrid. Por mais que ela seja uma boa pessoa, não éramos grandes amigas, então acabo me sentindo meio tímida falando com ela, provavelmente por seu porte imponente e jeito sério.

- Alô? – eu disse, depois de chamar algumas vezes.

- Pois não?

Ouvi uma respiração ao seu lado e uma voz abafada perto do telefone, o que me fez corar na hora e sentir uma leve vontade de desligar antes dela descobrir quem a atrapalhava.

- Oh, desculpe Ingrid. Aqui é Regina Mills.

- Nossa! Bom dia sra Mills. Desculpe-me, mas eu não tinha o seu número. O que deseja? Posso te ajudar? – Ela respondeu meio rápido, como se estivesse se levantando.

- Bom, na verdade pode sim. Sei que é cedo para ligar, mas Zelena não me atende e o Robin, bom, ele já saiu... – menti - Enfim, eu tive uns probleminhas pessoais e não poderei comparecer à faculdade hoje. Será que daria para você avisar na minha turma para que não haja problema, por favor?

- Que isso, não se incomode! Eu já estou a caminho e dou o seu recado.

Eu sabia que ela não estava a caminho, mas isso não era problema meu. Se o aviso fosse dado já era suficiente. Agradeci, me desculpei novamente e desliguei.

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Os dias passaram como num sopro, provavelmente porque não tive tempo para observar o tempo passar. Foquei minhas energias nos planos de aula, minha convivência cada vez menos pacífica com Robin e, principalmente, na solução para o problema da bolsa. Às vezes, quase sempre, ser herdeira de um império tinha seus pontos positivos, então imaginei que não seria tão difícil conseguir uma parceria para o meu projeto social, mas pelo visto me enganei. Os grandes nomes do dinheiro estavam mais preocupados em manter este posto do que ajudar outras pessoas. Enfim, teria de procurar mais.

No meio de tanta pressão me vi no desespero por um pouco de paz. Alguns minutos fora de órbita seria o suficiente para recuperar minhas energias e procurar um pouco de esperança. Então, decidi ir até o meu terraço. Tudo bem que fica na faculdade, mas foi o local mais espaçoso e tranquilo que encontrei para produzir meu próprio universo alternativo.

Assim que cheguei, os alunos do turno da noite já estavam em sala, o que era perfeito para que eu pudesse entrar no prédio em reforma sem criar muitos questionamentos. Subi e me deparei com o espaço mais bonito do que eu me lembrava. Aquilo era como uma parte de mim que floria em algumas épocas e enchiam os olhos de quem visse, mas também tinha sua fase "morta". Naquele dia, meu coração poderia transbordar no meio de tantas cores, aromas, texturas e formas. Eu fazia questão de cuidar de tudo no começo, mas depois minha motivação foi indo embora junto com a simpatia que me restava. Meu pai não deixou meu espaço morrer e mandava alguém cuidar às vezes.

SoulMate #FINALIZADAWhere stories live. Discover now