Capítulo 10

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  Não é possível que ele more aqui. Ou melhor, é possível sim. Por isso o motivo dele estar tão a vontade, como se conhecesse todos os covidados no dia do Ano Novo. Mas... ele mora na cobertura? 

  — Você mora aqui? — pergunto enquanto desço do carro.

  — Não exatamente aqui. — fala, apontando ao redor. — Mas alguns andares acima. — diz, olhando para o prédio.

  Sério? Achei que ele morasse aqui no meio das plantas. Por favor, né?

  — Então você e o Matheus...

  — Somos primos. — diz.

  Vou andando, entrando na elegante portaria do prédio, seguindo-o.

  Primos? Achei que eles fossem irmãos. Mas como assim eles são primos?  Eles são tipo ornitorrinco e camaleão. Não exatamente parecidos com os animais, mas o que quero dizer é que eles não têm nada a ver. A única coisa parecida é que ambos são gatos, mas parentes costumam ter algo em comum, certo?

  O porteiro o cumprimenta com um “Boa noite, senhor”. Essa coisa de chamá-lo de senhor é tão estranha, porque em momentos como esse, por exemplo, parece que ele está fodendo até o porteiro.

  A porta do elevador se abre e esperamos um casal descer para entramos.

  — Você mora com o Matheus? — pergunto assim que a porta se fecha.

  Ele nega com a cabeça. — Moro sozinho. Ele mora em outro prédio. —conta.

  Ele mora em outro prédio, sendo que tem uma cobertura aqui onde pode morar? 

  Mordo o lábio, tentando segurar a minha língua grande, mas a curiosidade é mais forte que eu.

  — Você mora na cobertura? 

  — Não. — responde.

  Olho para ele. — Achei que você morava lá. — digo confusa. — Por que você e o Matheus não moram na cobertura? — pergunto. A cobertura é enorme. Tem lugar para os dois lá e ainda sobra.

  — Porque gosto de morar sozinho. — diz. — E ele porque gosta de parecer independente.

  Ah! É claro que ele gosta de morar sozinho. Como ele pode morar com alguém, sendo que ele tem um Quarto Vermelho da dor, quer dizer, um quarto onde faz as coisas com as submissas? Deve ser meio estranho para a outra pessoa.

  — E a cobertura é mesmo do pai dele?

  Ele concorda com a cabeça. — Meu tio comprou para morar aqui, mas ele viaja muito, então ficou para o Matheus fazer festas quando quer.

  Então o Matheus tem uma cobertura para fazer festas quando quiser? Tenho que falar para a Nat casar com ele.

  O elevador para no vigésimo primeiro andar. Ele não mora na cobertura, mas mora num andar bem perto, não?

  Ele faz um gesto para que eu vá na frente, e é o que faço, mas paro em seguida por não saber qual é seu apartamento. Sigo-o e paro ao lado de uma enorme porta branca, que ele abre com a chave que pega no bolso e entra, acendendo a luz e me convidando a entrar.

  A sala não é muito grande, mas é muito bonita. Uma das paredes, onde tem uma televisão enorme, é cinza e grafite, com alguns desenhos como se fosse um tipo de tecido. A janela é coberta por uma cortina branca que vai até o chão e que combina perfeitamente com os sofás brancos. Ao lado de um dos sofás tem uma mesinha com uma luminária e um enfeite. Não é nada chiquérrimo, como pensei que seria, mas é bem mais luxuoso que meu apartamento. Sem comparação.

Meu chefe dominador (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora