Capítulo 6

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  Estou fazendo o maior esforço que consigo para tentar me lembrar do que aconteceu na noite de Ano Novo, mas não consigo me recordar de nada. É como se tivesse falado no telefone com a minha mãe e me teletransportado para minha cama, acordando com meu irmão me ligando. É como se estivesse em uma série que costumo ver com Nat as vezes, onde os vampiros compelem as pessoas, hipnotizando-as e fazendo com que elas lembrem apenas do que querem. Mas Alexandre não é um vampiro, disso tenho certeza. Acho que a bebida que força a gente a fazer o que não queremos — ou não temos coragem de fazer sóbrios.

  Só queria saber apenas uma coisa. E não são os números da Mega Sena nem o futuro. Apenas gostaria de saber o que aconteceu naquela noite.

  — Por que você está andando de um lado para o outro em plena madrugada? — Natália pergunta parando na porta do meu quarto, mais dormindo do que acordada, ao me ver andando feito um zumbi.

  — Estou com insônia. — respondo, o que não é totalmente mentira.

  — Acho que seria mais fácil você conseguir dormir se estivesse na cama.

  Tento seguir seu conselho, mas a única coisa que consigo fazer é fritar os miolos tentando me lembrar de algo. Mesmo após desistir de tentar fazer meu cérebro funcionar, não consigo dormir. Tentei até contar homens pelados pulando na minha cama, mas nem isso adiantou. Só serviu para me deixar mais curiosa ainda querendo saber o que aconteceu aqui no meu quarto. Se é que aconteceu alguma coisa, porque ele não faria nada comigo no estado em que estava. Ou faria?

  Estou com uma cara péssima, nem mesmo o tanto de base e corretivo que passei conseguiu esconder as olheiras de uma noite mal dormida. Até Carlos — o “bendito ao fruto” — me perguntou se estava tudo bem. Eu devo estar com uma cara realmente péssima.

  Vou até a porta do escritório de Alexandre e está tudo apagado. Ele não está na loja.

  Para minha angústia — ou felicidade —, ainda não sei o que estou sentindo, ele não aparece na loja durante a manhã. Mais um dia sem saber o que aconteceu. Não que eu vá perguntar, ou talvez até vá. Ainda não sei.

  Passo a tarde trabalhando totalmente acordada, graças a um energético que me deixou “ligada”. Acho que ligada até demais, porque estou andando feito uma barata pela loja. E para piorar meu estado “ligada em 220”, Alexandre chegou na loja com um dos fornecedores de uma marca de roupa que vendemos aqui. E o problema não é ele ter chegado, mas sim por ele estar total e completamente sexy. Quando acho que esse homem não pode ficar mais gostoso, ele me surpreende provando o contrário.

  Terminamos de atender os últimos clientes e fechamos as portas, para não correr o risco de nenhum sem noção entrar e querer comprar. Quando estamos arrumando as roupas, dobrando, pendurando e colocando-as em seu devido lugar, ouço uma voz meio rouca falando com alguém. Continuo colocando as roupas o cabide, fazendo um esforço enorme para não olhar para trás e encarar aquele ser sexy.

  — Gostaria de falar com você. — escuto-o falar, mas agora a voz está mais perto de mim. — Pode vir até a minha sala, por favor? — pede e ao me virar percebo que é comigo que ele está falando.

  Se ele for falar como sabe da borboleta e da minha calcinha, com toda certeza irei até sua sala.

  Deixo os cabides sobre a bancada. — Claro, senhor. — concordo.

  Ele vai andando na frente e para apenas quando chegamos na porta, abrindo-a e esticando o braço em um gesto para que eu entre.

  O que será que ele quer falar comigo? Será que ele vai me demitir por causa de tudo o que aconteceu? Ou será que ele vai fazer um streap de um jeito que vai me fazer gozar só pela excitação que vou sentir ao vê-lo tirando a roupa? Nada disso, Mariana. Nada de streap. Balanço a cabeça como se isso fosse apagar o pensamento da minha cabeça.

Meu chefe dominador (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora