Capítulo 55

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   No dia seguinte, vou a casa de Leonel sozinha, convidei Yany e ela não quis vir comigo. Disse que o momento é só para Leonel e eu, fiquei desconfiada de que ela sabe alguma coisa que não sei. No caminho para o Leblon, meu pai me liga para conversar.
— Você sempre vai ser minha menina, filha.
— Imagino.
— Tem certeza que quer ficar com esse homem?
— Tenho, pai. O senhor não vai me impedir, vai?
   Ele pigarreia no telefone.
— Não, minha filha. Eu vi o quanto ele se sacrificou para manter você longe de suas loucuras. E fez bem, senão eu ia acabar com a raça dele. Não admito que te machuquem.
   Ah, pai, se você soubesse o quanto já me machucaram, só não te conto porque todas essas bobagens são passados e estão muito bem enterrados, não que eu tenha esvaziado da minha cabeça — porque ninguém esquece de uma hora para outra — mas é melhor não tocar no assunto.
— Você gosta dele?
— Eu o amo.
   Conhecendo meu pai como conheço, posso imaginar seu sorriso ao me ouvir dizendo isso.
— Tive uma conversa séria hoje de manhã com esse rapaz, parece que o juízo entrou só agora na cabeça dele. Leonel falou tão bem de você...
   Quase perco a concentração na rua e passo o semáforo vermelho.
— Falou? — sorrio.
— Sim, muito. Ele te ama, de verdade. Eu sou homem, sei o que Leonel sente.
   Ele falou de mim!
E se a gente ultrapassar as barreiras do relacionamento? Não quero perder minha família.
— Fique tranquila, nós vamos te apoiar, inclusive, Leonel disse que tem uma surpresa boa para você.
— Ele está falando isso para todo mundo?
— Só Yany, sua mãe e eu que sabemos.
   Ah, Yany! Você vai me pagar por não me contar, sua vaca!
— Ele disse o que é?
— É surpresa, filha. Deixe de ser curiosa.
— Ai, pai! — resmungo.
— Está indo lá?
— Estou.
— Então, depois vamos conversar seriamente, os seis!
— Como assim, os seis? — franzo as sobrancelhas.
— Os pais de Leonel, ele, você, sua mãe e eu. Não posso mais explicar, você vai saber daqui a pouco. Até mais, meu anjo.
   Ele desliga o telefone sem me deixar falar direito e eu sigo com a minha viagem, inquieta, por conta disse assunto, que agora é impertinente, pois quero entrar na casa de Leonel e cuidar dele sem ocupar minha cabecinha com esses assuntos. O que será que é? Todo mundo sabe menos eu, droga. E que história é essa de reunir os pais? Ah! Fala sério.

18:56 PM

   O portão da casa dele está aberto, eu entro com o carro de Yany e o deixo estacionado em frente à casa grande. Tânia abre a porta assim que me vê chegando, acho que ela estava no jardim quando me avistou, veio tão rápido abrir à porta para mim. Agradeci com um movimento de cabeça e um sorriso educado no rosto. Quando entro, paro ao me deparar com um tapete vermelho que vai da sala até lá em cima, em algum lugar que não sei. O tapete está coberto de rosas vermelhas e brancas.
— Meu Deus!
   E a casa está enfeitada com uma decoração exuberante. É totalmente erótico o que eu estou vendo, minha Nossa Senhora! O que é isso? A casa mudou completamente, não tem mais aquele aspecto de homem.
   Leonel surge lá em cima, onde eu contemplava um quadro enorme exposto acima da parede da escada. É grande demais! É a imagem de quando ele me levou pela primeira vez à sua Casa de Praia. Estamos numa posição perfeita para um casal; ele me abraçando e eu com as mãos em volta de seu pescoço, o por do sol resplandecendo nossos lábios grudados e o mar ao nosso redor. Que lindo!
— Gostou? — pergunta, me tirando das minhas retrospectivas.
— Eu amei — sussurro quase que para mim mesma.
— Vem cá.
   Eu obedeço, indo ao seu encontro lá em cima. Pego em sua mão e uma descarga elétrica me atinge. Ele é extramamente intimidador quando me seduz com apenas um toque, eu quase desmaio. Tomamos a trila das flores até chegar em uma porta de metal que eu nunca havia entrado. Ele gira a chave e abre lentamente.
   Minha boca vai no chão quando vejo uma parede de vidro, isso mesmo, de vidro, que dá para ver a cidade inteira lá fora. Nela, com tinta vermelha, está escrito: Casa comigo, Esther Winkler Marihá?
   Jesus Cristo! Era essa a surpresa. Meu coração não para de bater à medida que releio a frase. Isso é...
— Surpresa — murmura ele bem atrás de mim, sinto sua boca esquentar em meu ouvido. — E aí?
— Aceito — dou um sorriso timido de costas.
   Ai! Me segure, Deus do céu. Não acredito que ele quer casar comigo. Casar!
Já ouviu uma música da Beyoncé chamada Dance for you? Em português significa Dançar para você.
— Não. Por quê?
— Porque quero fazer amor com você ouvindo essa música — ele fala bem baixinho ao meu ouvido que chego a me arrepiar. O corpo dele agora está próximo ao meu, próximo demais. Eu vou perder meu juízo perfeito nos braços desse homem. Ele atinge meu âmago usando essa voz áspera, mas calmo ao mesmo tempo.
   O que eu faço? Não posso resistir ao pedido dele. Ele pega uma coisa no bolso da calça e aperta um botão, dando início à música. Ouço atentamente. Não pode ser! Essa canção é sexy para cacete e ele vai fazer amor comigo ouvindo ela.
— Então...
— Vou lhe mostrar o quanto a amo. Hoje à noite vai acontecer. Vou me enrolar em você, amor.
Leonel — eu me viro para encará-lo — você nunca vai precisar de duas, porque eu serei sua número um...
— As outras garotas são superficiais — ele me interrompe. — Mas eu sei que você sabe que você é única. É por isso que eu estou trazendo essa coisa de volta. Agitando isso de volta — esclarece ele, baixando a alça do meu vestido verde de seda, depois passa para outra alça e solta um beijo quente em meu ombro indo ao encontro do meu pescoço.
   Droga! Essa música é muito sensual...
Amar você é só o que eu penso, Esther — murmura, mordendo a pontinha da minha orelha.
   Droga! Droga! Droga!
— Eu vou fazer teu corpo mexer, se agitar como nunca — ele me arrasta para a cama.
   Ai! A música tem as mesmas palavras que Leonel está dizendo. Puta que pariu! Agora sei que toda mulher fica perdida nos braços de um homem que saiba amá-la intensamente.

Minha estúpida coragemDär berättelser lever. Upptäck nu