Capítulo 37

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   Batemos na porta 12 do andar de cima, ouço a voz de Bryan dizendo para entrar. Fico impressionada com a sala dele, é tão bem organizada e limpa. Igual ao filho. Ele se levanta de sua cadeira para nos cumprimentar. Bryan Blanchard é um homem de cinquenta e poucos anos, é alto, branco, cabelo liso bem preto e olhos cor de chumbo. Ele é muito perspicaz no que faz.
— Esther, que alegria em te ver — ele me envolve em seus braços, eu sinto seu corpo robusto.
— Digo o mesmo.
   Ele me solta e abraça Yany.
— Oi, Yany.
— Oi, Bryan.
— Então, em que posso ajudá-las? Por favor — ele indica duas poltronas para nós, que sentamos imediatamente.
— Bryan — começo. — Estou sendo ameaçada.
   Ele se senta à minha frente e me ouve atentamente.
— Não sei quem está fazendo esse tipo de brincadeira comigo.
— Mandaram um bilhete — Yany entrega o papel à ele.
— Hum.
   Minha ansiedade aumenta com o silêncio pacífico dele. Ficamos assim por alguns segundos, até ele dizer:
— É um homem, eu tenho certeza. Esse tipo de coisa acontece muito com mulheres, a maioria são encontradas mortas mais tarde.
   Um arrepio percorre minha espinha. A cor do meu rosto vai sumindo. Bryan me olha.
— Esther, você tem inimigos?
— Não que eu saiba.
— Ela não tem — Yany se apressa em falar.
   Bryan fica pensativo de uma hora para outra, passa a mão nos cabelos negros, percebo que está preocupado.
— O meu filho está te atormentando?
— Não.
— Desde quando vocês estão sem se falar?
   Yany e eu trocamos olhares bem rápidos.
— Desde a semana passada. Faz seis dias que não o vejo. Bryan, isso não faz sentido. Você não quer acusar o seu filho, quer?
   Ele respira.
— Não confio mais no meu filho — ele para, vai até a janela e dá uma rápida olhada no lado de fora. — Ultimamente Leonel tem andado esquisito, diz que você mexe muito com a cabeça dele. Esther — Bryan quer minha atenção, eu dou. — Leonel não é mais o mesmo, tome cuidado.
— Eu não tenho medo do seu filho.
— Pois deveria ter. Ele é obsessivo e possessivo em relação a você.
— Eu sei, mas tenho certeza de que não é ele o autor dessa história.
— Vou descobrir, mas meu filho está incluído na lista desses maníacos perseguidores.
   Bryan parece tão chateado ao saber disso. Sei muito bem o que os filhos representam à ele, ainda mais Leonel, o único médico da família e único que gosta do que faz.
— O que está acontecendo com o meu filho, Deus? Estando nesse estado, ele não pode exercer a medicina.
— Concordo com você — diz Yany.
   Eu também tenho que concordar, mas a angústia invade meu coração. Quero chorar.
— Eu tenho esperanças de que ele vai superar — murmuro, lacrimejando.
— Você não viu esse bilhete quando chegou em casa?
— Não, só quando entrei no quarto.
— Vou investigar esse caso. Preciso do endereço de onde vocês duas moram. O bairro é tranquilo?
— É — responde Yany.
— Ótimo. Não conversem com pessoas estranhas ali perto nem fiquem muito tempo para fora de casa. É perigoso bala perdida, além do mais, a favela fica perto dessa residencial.
— O que você vai fazer agora? — pergunta Yany.
— Vou fazer o possível para descobrir quem está por trás disso tudo. Fiquem tranquilas, qualquer novidade eu aviso.
   Levanto-me da poltrona.
— Obrigada, Sr. Blanchard.
— Bom, agora temos que ir — Yany também se levanta.
— Vão viajar amanhã?
— Sim — respondo.
— Certo. Boa viagem, meninas. Ah, Esther, não entre em contato com Leonel até termos certeza de que ele se recuperou — Bryan me encara, falando sério e profissional.
   Nossa, até o pai dele pensa assim? Eu não dou a mínima importância para o estado dele, que todo mundo diz que é perigo eu estar por perto. Eu sinto que só tenho uma missão: ajudá-lo. Sei que posso ajudá-lo. Eu amo esse homem, sinto que preciso fazer algo para esse inferno ter fim. Mas o quê? Não sabemos onde ele está e o que está fazendo.
   Deus, ajude Leonel.
   Ele não era assim. Será que ainda sofre pelo casamento fracassado? Mas a culpa é da ex-esposa, que o traía com vários homens.
   Eu peguei ela no flagra com três homens na minha cama.
   Até hoje não esqueço o relato dele. Coitado. Trabalhava demais e não tinha tempo para curtir a esposa. E isso era motivo para ela trair? Não tem cabimento uma coisa dessas. Quando chego em casa, pego o notebook e ligo-o.
   A impressa estava , vários paparazzis também.
   Então, isso significa que ainda tem alguma informação do caso na internet. Resolvo fazer uma pesquisa.

Minha estúpida coragemWhere stories live. Discover now