EVERTON

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Mesmo com 30 anos nas costas eu me sinto intimidado quando estou na presença do meu pai. Não sei porque, mas acho que é porque ele passa essa intimidação com aquela cara de bravo, aquela voz grossa e seu jeito mandão. Mas quando se junta com seus amigos, ou com os meus, ele se torna um crianção e vira outra pessoa.

— Outra tatuagem Vincent? — ele perguntou olhando para a tatuagem indiana na minha mão.

— É Ganesha pai, não gostou?

— Pra mim é tudo a mesma coisa — ele disse negando com a cabeça e minha mãe segurou a risada. 

Ele sabe que eu não gosto quando fala das minhas tatuagens, elas são importantes pra mim, mas mesmo assim... Mas tudo bem, não vou discutir com ele. Afinal, ele ainda me bate, então é melhor fazer a paz reinar nessa casa.

— E já arrumou um namorado?

— Ainda não... 

— Está na hora meu filho, já vai fazer 31 anos e seus relacionamentos nunca passaram de apenas casinhos — por que ele está fazendo isso comigo? Está querendo me punir por algo que fiz no passado?

— Ainda não encontrei ninguém que me complete.

— Não demore muito, se não vai ficar igual a sua tia Susi...

Quando disse isso, minha boca quase foi no pé. Tia Susi é irmã da minha mãe, ela tem 60 anos e ainda não encontrou o amor. Então quando fez 55 resolveu que iria virar hippie e sair pelo mundo na sua pequena combe azul. Ela viaja o país inteiro e afirma não precisar de homem, mas quando bebe nas festa em família, fica se lamentando por nunca ter se casado ou até sido amada.  

Aquilo com certeza ficou martelando na minha cabeça.

Eu não quero ser a nova tia Susi.

Minha mãe que não se aguentava mais, resolveu sair da mesa se não teria um ataque do coração. E eu resolvi ir para a praia, porque se passasse mais um dia em casa ouvindo os comentários maldosos do meu pai, iria entrara em depressão e comprar uma passagem para onde quer que tia Susi esteja para me juntar a ela...

Quando terminei de me arrumar eu recebi uma chamada por Skype do Thomas.

— Oi...

— ONDE VOCÊ ESTÁ? — ele parecia meio transtornado, mas não tão quanto o Otávio que estava arrancando seus cabelos.

Um pouquinho exagerado tenho que dizer.

— Oi para vocês também.

— Está brincando com a gente Vincent? Onde você está? Fomos na sua casa e você não atendeu, fomos no seu trabalho e aquele grosso do seu chefe quase colocou nos dois para fora como fossemos cachorros sarnetos e ainda teve aquele garoto pervertido, o filho dele que ficou me alisando e... Eu conheço esse poster...

— VOCÊ ESTÁ NO RIO? — foi a vez do Otávio ter um breve ataque de faniquito.

— Sim...

— Você está dizendo que foi para o Rio e que não disse nada? Como teve coragem de ir para a casa e não nos levar juntos? — ele disse de cara feia, parecia não estar feliz. — Eu não consigo nem olhar para você agora.

Eu apenas revirei meus olhos.

— Porque você não se mata? — eu perguntei e ele como sempre ficou chocado. — Não, desculpa. Eu preciso de um tempo só pra mim, você parece aqueles carrapatos carentes que não consegue ficar sozinho. Eu não disse para vocês que estava vindo pelo simples fato de que você iriam vir juntos!

Os Homens da Minha Vida!Where stories live. Discover now