– Ei, tá tudo bem? – a voz sonolenta de Perrie me chamou e me virei para a ver se sentando na cama, movi a cabeça negando e ela suspirou indicando que eu fosse até ela – Me diz o que aconteceu.

Me sentei entre suas pernas como ela costumava fazer comigo e meu peito se acalmou quando suas pequenas mãos o tocaram, encostei minha cabeça no meio do seu peito confortável na camisola de algodão.

– Ceci está aqui. – falei mexendo no seu anel de compromisso e ela me olhou confusa.

– A mãe de Camberly? – assenti – Mas o que?

Concordei, se ela tinha ficado perplexa imagine eu que agradecia todos os dias por não ter que ver aquela mulher na minha frente.

– Agora elas estão lá tendo uma linda conversa de mãe e filha depois que Ceci claramente demonstrou estar horrorizada com a gravidez de Camberly.

Aquilo fazia meu coração apertar, a minha reação pode não ter sido uma das melhores, até porque ela tinha só dezesseis anos quando tudo aconteceu, mas nunca agiria como se meu neto fosse uma aberração.

– Você tem certeza que quer deixar as duas sozinhas? Dá pra ver a angustia no seu rosto. – Perrie falou e concordei, era exatamente o que eu sentia.

– Cam pediu um tempo sozinha com a mãe, não sei se ela ficaria contente caso eu interferisse.

– Minha sugestão pode ser péssima, mas talvez ela não precise saber que você está lá.

– Quer dizer, vigiar a conversa delas? – indaguei, não era algo tão mau.

– Você só vai poder limpar a sujeira que aquela mulher fizer se saber qual foi. – aquilo me pareceu tão genial no momento que eu quis jogar minha mulher naquela cama e não sair mais, mas nenhum plano era útil se não colocado em prática.

– Vamos lá então. – me afastei e levantei da cama, sem questionar mais nada Perrie foi comigo e nos sentamos no penúltimo lance de escadas de costas para a sala.

Eu não conseguia me sentir culpado por ouvir tudo, eu só não queria minha filha pensando besteira depois de ouvir o que não devia – e era exatamente isso o que estava acontecendo.

– Eu vou estar em Malibu no fim do ano, pode ir passar uns dias comigo. – ouvi Ceci dizer e encarei Perrie que pediu para que eu me acalmasse.

– Ano passado não passei o natal com a cara muito boa por isso prometi ficar bem esse ano, além disso nós vamos para a Finlândia no ano-novo. – Camberly disse e respirei aliviado.

– Finlândia? Querida você não vai perder muita coisa, imagina passar algumas semanas com a sua mãe passeando e fazendo compras? Seria o sonho.

– O bebe vai estar recém-nascido, não posso fazer isso ainda mais depois de ter recebido tanto apoio aqui em casa. – eu estava satisfeito que Cam estava mantendo o pé no chão, pelo menos por enquanto.

– A criança não vai morrer se você ficar uns dias fora, e eu aposto que aquela mulher só está sendo boazinha com você pra ficar bem com o seu pai, não seja ingênua minha querida. Além disso, você deve ter uma boa mesada guardada que seria o suficiente.

– Sério que você foi me trair com essa mulher? – Perrie falou nervosa e bufei.

– Na época ela costumava passar a maior parte do tempo calada. – disse e ela rolou os olhos.

– Se você tivesse aparecido a meses atrás eu teria ido de qualquer forma, por que eu não estava bem e tentei falar com você. Mas agora eu estou até feliz com a família que eu tenho, e não trocaria isso por nada. – Camberly falou e acabei sorrindo, por mais difícil que tenha sido para ela se adaptar saber que agora estava tudo bem me confortava.

– Eu não estou dizendo que quero você morando comigo meu doce, e naquela época eu estava ocupada demais ainda mais pra cuidar de alguém grávida. Mas agora eu estou de volta e vamos ser o casal de mãe e filha mais fabuloso que a América já viu! – fitei Perrie e mexi a cabeça, ela não ia tratar minha filha como mais uma estratégia de marketing dela.

Me levantei da escada e desci, já tinha tido o suficiente e aquilo estava fora do limite. Quando Camberly me olhou seus olhos estavam inchados e cheios de lágrimas, aquilo partiu meu coração e eu só queria ter evitado aquilo.

– Já deu sua hora Ceci, é melhor ir.

– Mas nós não estamos nem na metade de colocar a conversa em dia Malik, não seja grosseiro. – ela cruzou os braços e ficou me olhando, foi preciso muito sangue frio para me controlar.

– Você não é bem vinda aqui e só está fazendo mal para a Camberly, se te resta alguma dignidade só vai embora. – falei sério e senti minha filha me abraçar.

– Tudo bem, se é isso o que prefere. Pense no que te falei Cam, é tudo o que você sempre quis desde pequena. – Ceci pegou sua bolsa e encarou um ponto fixo atrás de mim – Que bom te ver Perrie, continua uma gracinha como da ultima vez. Parabéns pelo papel que está pagando de mãezinha da minha filha, vamos ver até quando.

– Eu não sou a mãe dela por mais que seja uma honra poder conviver com uma garota tão boa como ela, que claramente não puxou nada da mãe. E de qualquer forma é melhor ir embora da minha casa por bem antes que eu faça coisas que eu não queira.

Meus olhos se arregalaram automaticamente, nunca tinha visto Perrie tão nervosa e prestes a partir pra cima de alguém como naquele momento – e Ceci pareceu entender o recado. A levei até o portão sem dizer uma palavra, ele me encarou com seu sorriso presunçoso antes de eu a deixar na calçada.

Não conseguia descrever o sentimento ao ver Camberly chorando no sofá tentando tomar um pouco d’água, me sentei do seu lado e a deixei que deitasse sua cabeça no meu ombro enquanto derramava lágrimas e mais lágrimas.

– Por um segundo eu pensei que ela se importava comigo. – Cam desabafou tentando controlar os soluços.

– Eu sei meu amor, mas sempre nos demos bem juntos não é? Somos uma dupla e tanto e não vamos deixar ela te fazer mal, ok? – beijei sua testa e a mesma limpou as lágrimas me dando um sorriso fraco.

– Não somos mais só dois pai, somos uma família bem grande agora e se eu soubesse que seria tão bom, não teria sido uma péssima pessoa no começo.

– Eu também fui péssimo diversas vezes, mas agora a página virou e vai ficar tudo bem.

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