Tomei um banho depois de conversar com a Juliana e a avó dela e depois fui até a cozinha fazer companhia pro Rafa. Quando cheguei lá tinha algumas pessoas da família dele, já conhecia todos eles, então ficamos em um papo animado. Marcaram o churrasco pra amanhã, mesmo o Rafa estando na dúvida se me varia bem ou não, mas eu consegui convencer ele.
Por um instante me perdi nos meus pensamentos e só notei que uma tia do Rafa falava comigo quando ele estalou os dedos na minha frente me fazendo voltar a prestar atenção neles. Respondi o que a tia dele perguntava e depois ele veio até onde eu estava sentada e ficou em pé atrás de mim.
- Tudo bem? - Ele perguntou baixinho no meu ouvido.
- Tudo, por que?
- Não sei, você tá diferente, distante.
- É coisa da sua cabeça.
- Está passando mal de novo?
- Não se preocupa amor, está tudo bem.
Não conseguia tirar essa história da cabeça e o pior é que o Rafa já está desconfiado. Mas eu percebi que não sou só eu que estou pensando nisso, a Ju não esconde que está feliz por somente existir a possibilidade. Toda hora me olha sorrindo, teve uma hora que ela até brincou passando a mão na barriga, ainda bem que ninguém viu.
Nos sentamos todos pra jantar, só quem optou pela sopa foi eu e o Rafa, o restante iam comer a comida que a avó dele vez.
Comecei a tomar a sopa e não tinha tomado nem a metade ainda, quando me deu um enjôo horrível, levantei rapidinho pedindo licença pra todos e corri pro banheiro, foi o tempo certinho de chegar lá e trancar a porta.
Não tinha força pra sair do banheiro, não por estar passando mal ainda e sim por estar escutando o Rafa batendo na porta e saber que eu vou acabar tendo que contar pra ele o que está acontecendo. Comecei a chorar, acho que de nervoso, ou de medo. Medo de ser verdade, de contar pra ele, dele ficar bravo comigo.
- Talita abre essa porta. - Ele falou um pouco mais alto do lado de fora.
Lavei o rosto tentando esconder dele que eu estava chorando e abri.
- O que está acontecendo com você? Vamos no médico agora. - Ele falou entrando no banheiro assim que eu abri a porta.
- Não precisa, não tenho nada.
- Como não, pelo que eu fiquei sabendo tem dias que você não está bem.
- Sem exagero amor.
-Vamos lá pro quarto. - Ele falou
Chegamos lá eu deitei um pouco e ele veio deitar ao meu lado.
- Me conta Ta. O que está acontecendo com você? Estou ficando preocupado. Não é só por conta das viagens seguidas, você sempre viajou bastante.
Não conseguia falar. Então ele me abraçou me fazendo deitar sobre seu peito e ficou fazendo carinho na minha cabeça. De repente comecei a chorar e não conseguia parar.
- Talita o que está acontecendo com você? Você vai me matar do coração de tão nervoso que eu estou ficando. Me fala. - Como eu não falei nada ele continuou. - Ta por favor, para de chorar e me fala. Você está doente? - ele perguntou
Não vai adiantar, por mais que eu não queria falar com ele aqui, não vai ter outro jeito.
- Não estou doente amor.
- Graças a Deus. Então o que está acontecendo? Por favor me fala.
- Rafa eu não queria falar nada sem ter certeza, mas eu vou enlouquecer se não falar pra você logo. - Falei sem conseguir parar de chorar.
- Fala de uma vez.
- Hoje quando conversei com sua avó e com a Ju, falei que ia ao médico quando chegasse no Rio pra ver o motivo por eu estar passando mal, e a Ju me falou uma coisa que está me fazendo pirar.
- O que ela falou?
- Que eu posso estar grávida. - Falei chorando muito e sem conseguir olhar pra ele. Ele segurou meu rosto me fazendo olhar em seus olhos.
- Você tem certeza disso? - Ele perguntou.
- Certeza não Rafa, mas existe a possibilidade que você sabe, e só depois de conversar com elas que eu fui perceber que minha menstruação está atrasada há quase 20 dias.
O silêncio tomou conta do quarto, a única coisa que ele fez foi me abraçar, abraçar muito forte me fazendo chorar mais ainda.