Capítulo 4

58 6 13
                                    

Emma ergueu a cabeça lentamente ainda receando abrir os olhos; quando finalmente o fez, seu olhar focalizou Harry. O rapaz estava sentado numa cadeira de balanço na varando da cabana, balançando para frente e para trás, despreocupadamente, um sorriso torto estampando seus lábios.

Em se endireitou no chão, sentou-se ainda atordoada e olhou ao redor. A trilha pela qual seguia anteriormente sumira às suas costas e de alguma forma ela havia tropeçado e caído diretamente na clareira onde a cabana daquele peculiar rapaz fora construída. Não conseguia entender o que exatamente tinha acontecido, mas estava aliviada por estar em um lugar muito menos ameaçador do que entre as árvores e arbustos. Lembrar dos arbustos fez com que ela se arrepiasse e as lágrimas voltassem a querer escorrer por seu rosto, mas fungou e se segurou. Ela observou com a visão embaçada o rapaz na varanda se levantar da cadeira e sem dizer mais, adentrar a cabana, deixando a porta aberta.

Emma levantou-se desajeitada do chão, suas roupas estavam praticamente esfarrapadas e agora sujas de barro por conta da terra molhada após a chuva. Tentou se limpar um pouco, mas era inútil quando ela toda estava imunda. Caminhou mancando em direção à cabana e com um pouco de receio passou pela porta aberta.

– Chá? – O garoto de cabelos cacheados e olhos verdes, ofereceu, estendendo uma xícara na direção da visitante.

A garota encarou a xícara e depois o rapaz, e então se deu conta do quanto estava cansada e assustada; então finalmente as lágrimas escorreram em abundância por seu rosto. Havia perdido Niall; estava ainda mais perdida em um bosque; sentia frio, medo; estava suja e provavelmente, prestes a pegar uma bela gripe. Suas pernas cederam e ela caiu ajoelhada, chorando como uma criança, aos soluços.

Harry nada disse, indiferente à sua convidada. Apenas deixou a xícara no chão, à frente de Emma. Depois fechou a porta e caminhou em direção à poltrona, pegando um livro qualquer na estante.

Emma continuou a chorar, até estar cansada demais para continuar, os soluços e lágrimas parando gradativamente. Ela pegou a xícara de chá, ainda soluçando levemente, e bebericou. Incrivelmente, por mais que tivesse demorado bastante enquanto chorava, o líquido ainda estava quente, numa temperatura ideal para relaxar e acalmar. Aos poucos, sua respiração voltava ao normal, as lágrimas secaram e tudo o que restou como vestígio do choro foi o nariz úmido que a fazia fungar de vez em quando.

Quando Emma por fim se acalmou, seus olhos voltaram-se na direção de Harry, que permanecia sentado. Lendo. Ignorando completamente seu desespero e sua presença.

Como pôde nos deixar lá? – Ela finalmente conseguiu dizer entredentes, o medo que sentira poucos minutos antes, tornando-se raiva e indignação.

– Eu avisei para não olharem para trás. – Disse simplesmente, sem tirar os olhos do livro que lia.

– Se tivesse dito que desapareceria, talvez nós tivéssemos mais cuidado! – Em retrucou.

– Você continua dizendo nós, mas onde está seu irmão? – Harry perguntou, deixando o livro de lado para encarar a visitante.

Emma engoliu em seco, o choro querendo voltar.

– Ele... Ele desapareceu. – Ela soltou num quase sussurro, baixando o olhar.

Harry balançou a cabeça em concordância, levantando-se e indo em direção à estante guardando o livro em seu lugar.

– O bosque exclui aquilo que não faz parte dele. – Disse analisando alguns títulos de uma das prateleiras.

– E por que não me levou também? Por que levar Niall? – Emma questionou fungando mais uma vez.

A Casa Do BosqueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora