Demi.

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Depois da minha conversa com a Jojo, resolvi ir dormir. Ficar acordada era tão frustrante, agoniante, era uma bosta. A culpa sempre vinha, a vontade de chorar cada vez que lembro da porra toda era imensa.

Wilmer nunca me perdoaria. Porém, eu o entendo, se fosse eu em seu lugar agiria da mesma forma. Ok, não da mesma forma. Ele certamente ficaria impossibilitado de andar pelo resto da vida.

Mas a vida continuava e eu precisava seguir. Eu focaria no meu trabalho - como sempre. Porém, faria ate o impossível para ser uma pessoa mais atenciosa com a Isabella. Já que como mãe eu nunca conseguiria ser. Não que eu não a amasse, mas eu simplesmente não consigo ser uma mãe de verdade. Eu nunca vou superar a perda da minha Bricia. Wilmer me chama de louca quando digo que ainda tenho sonhos com a Bricia pedindo ajuda e que me descontrolo sempre que isso acontece.

***
" Mãe...me ajude! Eu estou com medo."

" Bricia! Onde está meu anjo? Me chame novamente. Bricia? Fale comigo anjo! Por favor...."

--- Demi...

--- Bricia! - berrei seu nome. --- Ela...

--- Foi um pesadelo Demi. - ele me abraçou. --- Volte a dormir.

--- Não, não foi um sonho. Não pode ser, Willy. - solucei. --- Eu tenho que ir atrás dela. Ela não morreu, Willy. Eu sinto isso. - me levantei e fui ao closet. --- Ela não pode ter morrido assim.

--- Você está louca, Demi. - o ouvi suspirar. --- Bricia se foi, temos que aceitar esse fato.

--- Vai pro inferno, Will! - esbravejei, ao sair do closet.

--- Onde vai? Ta caindo o mundo lá fora.

--- Pra onde eu não tenha que ver a sua cara.

--- Não me procure quando voltar aos soluções. Você sempre faz isso e quebra a cara.

Saí dali e dirigi sem rumo. Ate que parei no jazido da minha família e fui onde a maldita realidade me destroçava, ao túmulo da minha pequena. Sentei em seu túmulo e chorei demasiadamente.

--- Me perdoe, anjo?! Por minha culpa você está aqui. Me desculpe não ter sido a mãe exemplar, me desculpe...eu falhei. Eu só cometo erros. Erros um atrás do outro, mas nada se compara com a minha irresponsabilidade, eu nunca devia ter exposto você, eu nunca devia ter levado você aos meus shows, nunca devia ter levado você aquele maldito programa. Me odeio! - deitei em seu túmulo. --- Deus esse foi o pior castigo da minha vida. Por que fez isso? - choraminguei baixinho. --- Eu odeio você! Se quiser me castigar tudo bem. Vai em frente! Me acerte com um, dois ou quantos raios quiser. Eu só não suporto mais viver.

***
Estava soluçando ao lembrar da minha grande e infinita dor. Logo adormeci.

***

Acordei, sonolenta. A casa estava silenciosa e imagino que Wilmer tenha saído com Isa. Eles sempre saíam e se divertiam bastante. O que era bom para ambos, já que tinham que me suportar na vida deles.

Levantei e fui tomar um banho. Longos minutos depois, eu havia tomado banho e me vestido, estava de frente a penteadeira e olhando meu reflexo pelo espelho.


Olho para o meu reflexo no espelho e nem ao menos me reconheço. Não sou e nem tenho mais um pouco daquela Demi de antes. Por que não consigo voltar a ser a mesma de antes? Por que estou fazendo isso comigo? Por que estou fazendo isso com todo mundo? Enlouquecendo por um erro tão pequeno? Vamos Demi, volte a vida! Todos precisam que você esteja bem. Você mais do que ninguém merece uma nova chance. Bricia ficaria feliz se você voltasse a ser como antes. É isso que vou tentar fazer. Tudo pela memória da minha anjinho. Eu só preciso tentar!

Levantei e fui procurar as minhas chaves. Olhei na minha bolsa, nas gavetas e nada. Berrei por Maria e logo a mesma apareceu.

--- Por acaso viu minhas chaves do carro? - falei, sem graça.

--- Não senhora!

--- Bosta! Cadê a Isa?

--- O senhor Valderrama a levou para a casa da sua mãe, senhora.

--- Ele vai viajar?

--- Sim senhora! Deve está vindo buscar a mala.

--- Ok! Peça ao Jorge que me espere lá embaixo, ok? Tenho que sair. Obrigada.

Ela assentiu. E pela sua cara de espanto como se tivesse visto um fantasma, eu estava me saindo bem.

Respirei fundo. Peguei minha bolsa e desci. Jorge estava a minha espera, entrei no carro e logo ele fez o mesmo.

--- Me leve a casa da minha mãe, por favor!

--- Sim senhora! - ele também ficou com a expressão igual a da Maria.

Segurei o riso e ele deu partida.

--- Está doente, Jorge? - ele me olhou, confuso. --- Nem perguntou se eu queria música?

--- Me des-desculpe! - eu ri.

--- Música é vida! - comentei e ele sorriu, ainda com cara de espanto.

Ligou o rádio e ficamos em silêncio. Longos minutos depois e reconheci a rua que estávamos.

--- Pare! - pedi.

Ele parou e logo saí do carro. Caminhei ate a casa e apertei a campainha, repetidas vezes. Logo Nick abriu e arregalou os olhos.

--- Posso entrar? - ele ficou parado. --- Nick?

--- De-Demi....

--- Si-sim. - brinquei. --- Ta parecendo um fã. - ri e ele também.

--- Saudades! - ele me abraçou,forte.

--- Também senti! - ele assanhou meu cabelo e rimos. --- Onde está a Marissa? - meu peito se apertou.

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