Um dia fui outra pessoa.
Talvez hoje ainda o seja.
Seja apenas aquilo que um dia sonhei que iria ser
sem o ser. Uma ilusão de mim mesmo.
Seja a folha que caiu ao chão e não a apanhei
Não porque não quisesse, mas porque a beleza dela
ali deitada, a contrastar com o chão,
era muito mais bonita do que algum dia eu seria.
Suspiro. Alguns raios de sol irradiam pelas pequenas fendas da janela.
Melancolia em todos os poros do meu corpo.
Encosto-me à cadeira. A folha ainda está no chão.
Os pequenos raios formam algumas linhas na folha.
E agora a folha é branca e cheia de luz, como se se esforçasse para ser algo mais.
Como se em si existisse uma constante luta, entre o que é e o que quer ser.
Peguei na caneta e rabisquei a mesa, agora vazia.
No canto escrevi
''Aqui jaz o que um dia nunca deixaste de ser.''
Levantei-me e peguei na folha.
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Ego
Non-FictionO que sou em pedaços de papel, em linhas tortas escritas por aí. A alma diz olá, o coração diz adeus. A mente acorda. Eu apenas eu, nestes textos sou eu, e se um dia deixar de ser eu, retornarei aqui, àquilo que um dia eu fui.