23. A Confusão

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— Vejo que se entendeu com minha futura cunhada — disse George, sentando-se ao seu lado. — Vai me contar os detalhes ou terei que descobri-los sozinho? — perguntou curioso.

Charles franziu o cenho, sentindo o calor subir ao seu rosto. Rapidamente, desviou o olhar para o jornal, tentando disfarçar sua reação. George, por sua vez, pareceu satisfeito com a resposta do irmão e bebeu um pouco de seu café.

— Qual é, Charles? Somos adultos e eu já esperava que isso acontecesse. É natural — insistiu George, na tentativa de fazê-lo revelar detalhes.

Charles encarou o irmão em silêncio por alguns segundos. George sempre fazia aquela careta quando estava curioso. Finalmente, ele respondeu sem encará-lo:

— Fomos ao teatro, qual é a novidade nisso?

George, por sua vez, reagiu prontamente, arqueou uma sobrancelha, mantendo o contato visual com Charles, antes de iniciar sua resposta. Com um tom confiante e um leve sorriso nos lábios, George prontamente rebateu:

— E dormiram por lá também? O Byron me contou que ela o dispensou pelo resto da noite e que vocês foram a um barzinho.

Charles virou-se em direção a George, seu semblante pálido denotando surpresa e preocupação.

— Estás sendo indelicado com suas perguntas. Apenas bebemos e, como estava chovendo, paramos e ficamos em um hotel. Não vejo por que isso seria de seu interesse.

George não conseguiu conter uma gargalhada, deixando claro que tinha uma ideia do que havia acontecido além dos drinques e do quarto de hotel.

— Tudo bem, irei parar de te atormentar. Deverias ir mais ao teatro, isso te fez um bem danado, pois faz um bom tempo que não te vejo de bom humor.

George se levantou e dirigiu-se à porta de entrada, deixando Charles sozinho na sala. Este esticou a mão para alcançar o jornal diário e verificar as últimas notícias. As brisas leves sopravam constantemente, e o céu começava gradualmente a adquirir tons cinzentos.

Nesse momento, Evelyn pousou sua mão suavemente sobre o ombro de Charles, fazendo-o sobressaltar-se de susto. Ela sempre encontrava maneiras inusitadas de surpreender as pessoas ao seu redor. Charles olhou para ela, surpreso, e percebeu o brilho de ideias que reluziam em seus olhos.

— Você sempre fica tão assustado assim? — perguntou a jovem, exibindo um sorriso radiante nos lábios vermelhos.

Charles abaixou-se para pegar o jornal que havia deixado cair, endireitou-se na cadeira e apontou para o assento ao seu lado, convidando Evelyn a se sentar.

— Estou começando a achar que a senhorita é muito curiosa, sempre faz essas perguntas?

Evelyn inclinou a cabeça para o lado, como se estivesse tentando decifrar um enigma. Seu olhar curioso e sua postura descontraída denotavam uma mente inquieta, sempre em busca de novos desafios.

— Sim, tenho essas manias de ficar questionando pessoas estranhas, mas como você é irmão do meu futuro cunhado e agora somos pessoas íntimas, acho que posso abdicar do meu formulário de perguntas, Sr. Bradbury.

Pela primeira vez, Charles soltou uma pequena risada. O som suave e divertido escapou de seus lábios, revelando um lado descontraído e alegre que raramente era visto.

— Sinceramente, vocês americanos são curiosos, mas já te disse que gosto dessa sua personalidade forte e curiosa.

Ela não pôde resistir e soltou uma risada, enquanto mordia levemente o canto do lábio. Sua luz transbordava, demonstrando o quão única e irreverente ela era.

Amor  Por AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora