20. Algumas Decisões

4.4K 311 8
                                    


O céu estava completamente encoberto por nuvens cinzentas, criando uma atmosfera abafada que indicava que a chuva estava prestes a começar. Eve atravessou a rua rapidamente, enquanto um dos rapazes da portaria do estacionamento lhe pediu o comprovante que havia dado a ela na noite anterior.

Após efetuar o pagamento, a morena caminhou com cuidado devido às pequenas pedras no caminho. Pegou a chave da bolsa, desligou o alarme e entrou no carro.

Era crucial chegar em casa antes que alguém notasse sua ausência. Evelyn decidiu pegar um atalho para evitar o trânsito do horário de pico. Sendo quinta-feira e horário de almoço, ela previa que as avenidas estariam congestionadas, com carros buzinando e pessoas irritadas. Sem vontade de piorar seu humor, optou por levar um pouco mais de tempo para chegar em casa.

Prosseguiu em direção à autoestrada e, pouco antes de chegar à entrada, virou levemente à esquerda para entrar em uma estrada secundária que levava às casas de veraneio. Observou que os campos ainda estavam verdes e as pequenas flores coloridas se espalhavam por toda a extensão.

Um trovão ecoou ao longe, fazendo Evelyn abaixar a cabeça em direção ao volante. Ergueu os olhos para o céu, rezando para que a chuva não caísse antes de chegar à casa de campo. Enquanto isso, ao adentrar um pequeno túnel cercado por árvores altas, ela notou a força do vento balançando as folhas das copas e as derrubando no chão.

Ela sinalizou que iria sair da estrada secundária e virar à direita, seguindo por um caminho curto de cascalho. Ao alcançar os enormes portões brancos, estendeu o braço para apertar o botão do controle e aguardou que eles se abrissem.

Estacionou o Jeep ao lado da bela Mercedes, saiu do carro e o contornou pela frente. Ajeitou o vestido e os óculos escuros, soltou um pequeno suspiro e tomou coragem para entrar. Caminhou rapidamente pelo caminho de pedras, que quase engolia seus saltos finos.

Ao adentrar à varanda de entrada, vislumbrou uma das empregadas e a saudou com um gesto simples antes de abrir a imponente porta da frente.

Por sorte, o hall de entrada encontrava-se deserto. Uma sensação de alívio tomou conta dela, e com cuidado, virou-se para fechar a porta e subiu os degraus apressadamente. Porém, ao chegar ao topo, deparou-se com a presença da tia Suzanne.

— Céus! Parece que viu um fantasma — resmungou Suzanne, com a mão ainda sobre o coração.

Evelyn balançou a cabeça, tentando se controlar, e mordeu os lábios.

— Todos já almoçaram?

Suzanne fez uma careta. Já era uma hora da tarde, eles já haviam almoçado há quase meia hora. É claro, todos estavam reunidos na área da piscina, conversando e aguardando o tal ministro anglicano que George havia convidado para palestrar sobre o casamento. Para ele, aquilo era de suma importância, já que Anna insistiu que um padre católico realizasse a cerimônia.

— Querida, já almoçamos há quase meia hora. Sua mãe está furiosa com a sua ausência e também está preocupada. Evelyn franziu a testa.

— Ela não deveria estar tão preocupada, já que sabia que eu estava no hotel Tre Mont Royal. Bastava ter ligado para lá ou para o meu celular — respondeu Evelyn com desprezo. — Você conhece a sua mãe, mas vá se trocar, pois o tal bispo já chegou.

Evelyn apenas concordou com um aceno de cabeça e ficou parada, observando Suzanne se afastar em direção aos degraus. Francamente, ela não estava nem um pouco animada para participar daquela palestra sobre casamento.

Afinal, ela nem sequer acreditava naquela tolice. A morena mordeu os lábios e soltou um suspiro angustiado, coçando a lateral da cabeça.

Parecia preocupada com o que tinha acontecido no hotel, mas nem sequer se lembrava se realmente tinha acontecido. Evelyn moveu a cabeça, tentando afastar os pensamentos incômodos que a assombravam, e seguiu em direção ao corredor, precisando trocar de roupa e encontrar uma desculpa para não participar da palestra.

Amor  Por AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora