17. Noite Das Garotas

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Os relâmpagos riscavam o céu escuro, iluminando toda sua dimensão coberta com uma cor âmbar; resmungou por alguns segundos enquanto apertava o volante macio entre as mãos.

Evelyn pegou uma das avenidas principais que dava acesso à boate, seguiu reto por umas três quadras, até por fim avistar a bela fachada do imenso hotel "Tre Mont Royal". Fez uma leve conversão para a esquerda, entrando no estacionamento do lugar; estacionou o Jipe entre duas Mercedes. Antes de sair, abriu o quebra-sol, verificou seu batom, estava perfeito, deu uma leve mexida nos cabelos soltos e, por fim, desceu.

A morena ligou o alarme do veículo e caminhou na direção da pequena portaria seguida pelas outras. Um dos guardas entregou um bilhete para Evelyn, essa agradeceu, e continuaram na direção da boate.

Hailey estava esperando-as do lado de fora; ao ver Evelyn atravessando a rua, a loira abriu ambos os braços. Os lábios pintados de vermelho da morena se curvaram em um sorriso repleto de luxúria. — Pelo amor de tudo sagrado, por que a demora? — Questionou Hailey.

Antes de responder, Evelyn abraçou a amiga.

— Culpa da Anna — respondeu Evelyn enquanto Hailey cumprimentava as demais.

Ao terminar, a loira se virou na direção da amiga, que parecia um tanto inquieta.

— Acho melhor entrarmos antes que a chuva resolva cair.

Hailey não conteve uma pequena risada da expressão da amiga. Era evidente que estava louca para encher a cara e se divertir com as atrações da noite, ainda mais sendo uma noite "texana". Estava surtando com a simples ideia de rever um dos dançarinos que tanto adorava quando tinha seus dezessete anos; claro, sempre carregava consigo sua carteira de identificação comprada para entrar na boate.

O belo recepcionista, de estatura alta e imponente, possuía cabelos escuros que contrastavam com seus olhos claros, refletindo uma aura de confiança e simpatia. Seus músculos bem definidos ressaltavam sob o terno elegante que vestia, adicionando um ar de robustez à sua figura. Com um sorriso largo e cativante, ele as cumprimentou, irradiando uma aura de hospitalidade que envolveu o ambiente.

— Boa noite, senhoritas. — Saudou-as como era de costume. — Poderiam me dizer os nomes?

Hailey tomou a frente e cochichou no ouvido do rapaz, que, sem questionar, abriu a pequena cancela e deixou que as jovens entrassem; Evelyn foi a última a passar e, claro, trocou pequenos flertes com o rapaz.

— Espero que aproveite a noite — disse o rapaz, com um sorriso que derreteria um iceberg gigantesco. — Pode apostar que sim — respondeu Eve dando uma piscada.

A morena continuou seu trajeto na direção da rampa de acesso ao interior da boate. Já podia ouvir a batida alta; estava acostumada a ambientes lotados iguais àquele, fora praticamente cliente do local por quase sete anos, sendo três anos com identidade falsa, mas afinal, quem ligava para esses detalhes? Tinham dois homens altos e robustos de vestes pretas parados junto à porta da boate.

Hailey liderava o grupo, avançando alguns passos à frente das outras meninas, já que tinha uma conexão com a dona da casa. Ao alcançarem uma das barras de proteção no andar de cima, que pairava sobre a pista de dança onde os dançarinos se apresentavam, a loira fez um gesto para um dos funcionários, um rapaz ruivo e alto. Ela cochichou algo em seu ouvido, o que o fez afastar-se brevemente e, em seguida, apontou na direção de uma das mesas no andar de baixo. Hailey sorriu em agradecimento e, voltando-se para Evelyn, percebeu que a morena já segurava um copo de uísque, surpreendendo-a.

— Vamos descer, nossa mesa é a número dois — Hailey comunicou mais próxima ao ouvido de Evelyn, devido ao som alto.

Concordando, Evelyn virou-se para chamar as outras meninas. Com cuidado entre a multidão, elas desceram a escadaria em espiral. Evelyn notou que sua irmã, Anna, tinha uma expressão descontente no rosto, como esperado. Já era de se esperar que Anna não estivesse apreciando o som alto e os efeitos de luzes, mas as outras duas, Luce e Louise, pareciam estar se divertindo.

Chegando à mesa próxima ao palco, Hailey indicou que as meninas se sentassem. Assim que se acomodaram, Hailey ergueu a mão para chamar um dos garçons. Uma mulher esbelta, vestindo apenas uma lingerie preta com cinta-liga, se aproximou da mesa com um largo sorriso.

— Boa noite, garotas, o que vão querer? — perguntou a jovem, olhando para todas.

— Uma rodada de cowboys para todas, com bastante gelo — pediu Evelyn do outro lado da mesa.

Após anotar o pedido, a moça se afastou rapidamente. Evelyn terminou seu uísque, colocou o copo sobre a mesa e virou o rosto na direção do DJ, que tocava "Feel So Close".

A mulher logo trouxe a bandeja com os pedidos da mesa, enquanto a música diminuía e as luzes se apagavam, focando no palco e chamando a atenção de todos. Evelyn ergueu seu copo com a bebida e indicou para que todas fizessem o mesmo, brindando à felicidade de Anna e George. Em seguida, cada uma virou o líquido de uma só vez.

— Espero que estejam se divertindo, garotas — ecoou uma voz feminina — Como é esperado, nosso cowboy mais sexy do centro-oeste americano veio esquentar as coisas para todas.

— Estamos adorando! — respondeu Hailey, enquanto a mulher se retirava. — Não é, meninas?

— Sim! — responderam ambas juntas, embora Anna parecesse um pouco tímida em soltar a voz.

Após um breve silêncio, com o DJ aumentando o volume da música novamente, Evelyn decidiu falar:

— Mal posso esperar para conhecer esse tal cowboy... — mal concluiu a frase e já tomou um gole de uísque. — Quero ver se ele é tudo isso mesmo.

— Eu também — concordou Luce, enchendo sua taça e a das amigas. Após dar o primeiro gole, olhou ao redor. — Vocês já perceberam que nossa mesa está bem próxima ao palco?

— Hum, sim! — respondeu Louise, tomando posse de sua taça e dando uma leve cotovelada no braço de Anna. — Anime-se, garota.

— Estou bem! — respondeu, dando um sorriso que mais pareceu forçado do que natural. — Estou esperando esse cowboy que não aparece.

O pulsar da música diminuiu gradualmente, cedendo espaço a uma voz feminina que se apropriou do microfone do DJ.

— Meninas! Sem mais delongas, eu gostaria de chamar nosso ilustre convidado de hoje para se apresentar a vocês. Divirtam-se com a música, a bebida e, principalmente, com esse pedacinho de pecado que caminha sobre a terra — ela pausou. — Com vocês, Harris O'Brien!

Após o chamado, as luzes da boate começaram a piscar em ritmo frenético, sincronizadas com o som ensurdecedor que atingiu seu ápice. As meninas, envoltas na atmosfera eletrizante do momento, soltaram gritos de excitação, evidenciando sua euforia em conhecer o homem tão aguardado.

Não demorou muito para que a cortina azul-turquesa se abrisse, revelando a figura do homem que emergia como uma aparição, trajando-se como um autêntico cowboy, seu porte e charme eram dignos de um deus grego. Seu sorriso irradiava confiança e seu olhar percorria a multidão com uma mistura de mistério e sedução, envolvendo a todos em seu magnetismo irresistível.

Amor  Por AcasoWhere stories live. Discover now