15. As Peças

Começar do início
                                    

Evelyn endireitou-se, notando que ele estava bastante atento a ela e, principalmente, às suas palavras. Um sutil aroma de orgulho inglês pairava no ar, dissipando-se lentamente.

— Porque discordo da sua resposta — disse, gesticulando com os dedos indicadores. — Talvez "apreensivo" soe muito melhor do que "cauteloso", pois, de todos os homens com quem já me deparei, você é único.

Charles pegou a xícara de chá que estava esfriando sobre a mesa, deu uma golada e, ao recolocá-la, fez uma leve careta, indicando que estava frio. Enquanto Evelyn distraía-se jogando os cabelos para trás, ele observou-a por um momento.

— Todas as pessoas são diferentes, caso contrário, não teríamos motivos para sermos "únicos", mas agradeço sua observação sobre minha personalidade — respondeu ele, lançando um olhar prolongado para ela.

Ela exibiu um sorriso espontâneo e piscou para ele, inclinando-se mais uma vez sobre a barra de proteção.

— Agora me diga, o que meus movimentos dizem? — Perguntou, com um brilho nos olhos castanhos.

Charles sentiu um arrepio percorreu seu corpo, mas o que poderia dizer sobre ela? Embora tenha ouvido algumas informações "tórridas" sobre a personalidade da morena, que foram passadas por seu irmão, que por sua vez como ouvido de Michael Bolton, ele não se deixou levar por fofocas. No entanto, havia algo nela que o deixava curioso, como se desejasse conhecê-la mais profundamente. Acomodou-se na cadeira, segurando o queixo com a mão esquerda, como se estivesse pensando em algo interessante para falar. Contudo, seria melhor inventar algo para escapar desse questionamento.

— Curiosa e segura de si.

Evelyn franziu a testa, satisfeita com a resposta, porém percebeu que ele estava tentando evitá-la.

— Só isso? Esperava mais.

— Essa foi a minha análise — respondeu, encarando-a. — Por que a surpresa?

— Nem sequer me olhou direito, sou curiosa e, às vezes, me surpreendo. Não mentiu, mas... — Parou, aumentando a curiosidade de Charles, que manteve os olhos fixados nela. Evelyn não resistiu a uma leve risada ao vê-lo franzir a testa, e continuou: — Parece que tem medo de me olhar.

— Por que teria medo? — Indagou ele.

— Pelo simples fato de seu irmão ser amigo do cretino do meu ex-noivo e do detestável Thomas Dickens — ela respondeu com desdém.

Charles arqueou a sobrancelha e, antes de responder, soltou um leve suspiro.

— Está equivocada em seu julgamento. O tal Michael andou me cercando com suas histórias sobre você, mas não me deixo levar pelo que os outros dizem — respondeu ele, cauteloso, com os olhos fixos nos dela. — Prefiro tirar minhas próprias conclusões a respeito das pessoas.

Evelyn manteve seu olhar fixo nele.

— Enfim, alguém tem bom senso nesse lugar! — Exclamou, erguendo ambas as mãos para o alto.

Charles ergueu-se, mantendo seu olhar voltado na direção dela; era 20cm mais alto, esguio e elegante, emanando um aroma agradável de perfume. Talvez não possuísse o brilho dos atores de Hollywood, mas era uma visão marcante, ao menos aos olhos dela.

— Não tenho o mau costume de espalhar informações inadequadas sobre alguém que nem sequer conheço direito. Serei mais direto em minha conclusão: detesto fofocas. Agora, preciso ir — disse, virando-se de costas para Evelyn.

— Espere — pediu ela, fazendo Charles girar sobre os calcanhares para encará-la. Evelyn sentiu o ar lhe faltar nos pulmões devido à intensidade do olhar dele; moveu a cabeça e prosseguiu. — Preciso saber quando irá se decidir, pois não me disse quando iremos ao teatro.

Amor  Por AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora