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Naquela tarde de sexta-feira, o céu azul estava pontilhado por algumas nuvens cinzentas que começavam a se espalhar lentamente. Evelyn permanecia assentada no banco de madeira em frente à capela, situada nos recônditos da propriedade. A construção da capela havia sido uma ideia do seu falecido pai, um homem de profunda devoção, que a concebeu como um refúgio espiritual durante as férias de verão no campo, um lugar para se conectar com o divino.
Evelyn, imersa em pensamentos, contemplava as nuvens em constante mutação, lembrando-se dos dias de infância em que se deitava no gramado e encontrava figuras nas formas etéreas que flutuavam no céu.
— Eve, anda logo, pare de ficar aí imaginando desenhos nas nuvens, pelo amor de Deus — chamou Anna, no topo da pequena escadaria que dava acesso à varanda da capela. — Só está faltando você.
A morena se endireitou no banco, revirou os olhos e suspirou. Estava ficando cansada das "ideias brilhantes" de sua irmã. Levantou-se relutante e caminhou em direção à capela, alisando seu vestido com as mãos.
Ao chegar à porta, Evelyn acabou deixando seu celular cair no chão, chamando a atenção de todos. Ela praguejou baixinho e não se importou com os olhares, apenas se abaixou para pegar o aparelho. Ao levantar, Evelyn olhou ao redor, odiava sentar na frente e preferiu se juntar a Suzanne e sua mãe no último banco.
— Parece que teve uma péssima noite — anunciou Suzanne, inclinando-se na direção de Evelyn.
Ela virou o rosto na direção de sua tia e teve que concordar, pois não teve uma excelente noite. O ar-condicionado de seu quarto quebrou e teve que enfrentar o terrível calor que fazia no local, além dos pernilongos intrusos.
— Francamente, odeio esse calor e os pernilongos dos quais fui uma doadora proeminente de sangue a noite toda — respondeu Evelyn com pouco caso.
Suzanne arqueou a sobrancelha, franzindo os lábios em desaprovação, enquanto abanava-se com seu leque colorido.
— Deus me livre de ter que dormir com as portas da varanda abertas, pois sabemos que há muitos pernilongos nessa época do ano — disse Suzanne, virando o rosto para a frente.
Evelyn acompanhou o gesto, sentindo seu corpo dolorido após rolar por toda a cama a noite inteira, além dos hematomas causados pelas picadas dos malditos pernilongos.
— Acredito que os mosquitos prefeririam morrer a ter que sugar seu sangue, tia Suzy — comentou Evelyn, soltando uma risada diante da expressão séria de sua tia.
Charlotte virou o rosto para encarar a filha, que continuava rindo. Mais uma vez, Evelyn era o centro das atenções, e Suzanne deu um beliscão em seu braço, fazendo-a resmungar de dor.
Anna fez um som com a garganta, fazendo Evelyn se virar para a frente e perceber que todos a encaravam.
— Como eu estava dizendo, antes de minha irmã me interromper — falou Anna, continuando seu pequeno discurso democrático.
Evelyn virou o rosto na direção da tia, que ainda estava com uma expressão fechada. A jovem se ajeitou no banco e disse:
— Pelo amor de Deus, foi só uma piada, não precisa ficar com essa cara de enterro.
A morena parou de falar e voltou-se para frente, ouvindo o longo discurso de Anna, desde sua infância até sua entrada em Harvard, passando por momentos tristes, pesadelos e outras coisas desnecessárias. Evelyn encostou a cabeça no banco e fixou os olhos no teto, lutando contra uma risada diante dos pensamentos inconvenientes.
— Acho que vocês vão adorar o que preparamos para hoje — anunciou Anna, e todos permaneceram em silêncio, observando-a. — Como vocês serão nossos padrinhos, eu e o George decidimos que deveríamos conhecer seus pares. Vocês podem caminhar pela propriedade e desfrutar da companhia um do outro.
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Amor Por Acaso
RomanceA mudança de Boston para Nova York havia sido sua tentativa de escapar do passado, de deixar para trás as lembranças dolorosas que insistiam em assombrar seus dias. No entanto, a vida tinha uma maneira irônica de tecer caminhos inesperados. O convit...