11. Lugar Secreto

5K 359 45
                                    


Naquela tarde de sexta-feira, o céu azul estava pontilhado por algumas nuvens cinzentas que começavam a se espalhar lentamente. Evelyn permanecia assentada no banco de madeira em frente à capela, situada nos recônditos da propriedade. A construção da capela havia sido uma ideia do seu falecido pai, um homem de profunda devoção, que a concebeu como um refúgio espiritual durante as férias de verão no campo, um lugar para se conectar com o divino.

Evelyn, imersa em pensamentos, contemplava as nuvens em constante mutação, lembrando-se dos dias de infância em que se deitava no gramado e encontrava figuras nas formas etéreas que flutuavam no céu.

— Eve, anda logo, pare de ficar aí imaginando desenhos nas nuvens, pelo amor de Deus — chamou Anna, no topo da pequena escadaria que dava acesso à varanda da capela. — Só está faltando você.

A morena se endireitou no banco, revirou os olhos e suspirou. Estava ficando cansada das "ideias brilhantes" de sua irmã. Levantou-se relutante e caminhou em direção à capela, alisando seu vestido com as mãos.

Ao chegar à porta, Evelyn acabou deixando seu celular cair no chão, chamando a atenção de todos. Ela praguejou baixinho e não se importou com os olhares, apenas se abaixou para pegar o aparelho. Ao levantar, Evelyn olhou ao redor, odiava sentar na frente e preferiu se juntar a Suzanne e sua mãe no último banco.

— Parece que teve uma péssima noite — anunciou Suzanne, inclinando-se na direção de Evelyn.

Ela virou o rosto na direção de sua tia e teve que concordar, pois não teve uma excelente noite. O ar-condicionado de seu quarto quebrou e teve que enfrentar o terrível calor que fazia no local, além dos pernilongos intrusos.

— Francamente, odeio esse calor e os pernilongos dos quais fui uma doadora proeminente de sangue a noite toda — respondeu Evelyn com pouco caso.

Suzanne arqueou a sobrancelha, franzindo os lábios em desaprovação, enquanto abanava-se com seu leque colorido.

— Deus me livre de ter que dormir com as portas da varanda abertas, pois sabemos que há muitos pernilongos nessa época do ano — disse Suzanne, virando o rosto para a frente.

Evelyn acompanhou o gesto, sentindo seu corpo dolorido após rolar por toda a cama a noite inteira, além dos hematomas causados pelas picadas dos malditos pernilongos.

— Acredito que os mosquitos prefeririam morrer a ter que sugar seu sangue, tia Suzy — comentou Evelyn, soltando uma risada diante da expressão séria de sua tia.

Charlotte virou o rosto para encarar a filha, que continuava rindo. Mais uma vez, Evelyn era o centro das atenções, e Suzanne deu um beliscão em seu braço, fazendo-a resmungar de dor.

Anna fez um som com a garganta, fazendo Evelyn se virar para a frente e perceber que todos a encaravam.

— Como eu estava dizendo, antes de minha irmã me interromper — falou Anna, continuando seu pequeno discurso democrático.

Evelyn virou o rosto na direção da tia, que ainda estava com uma expressão fechada. A jovem se ajeitou no banco e disse:

— Pelo amor de Deus, foi só uma piada, não precisa ficar com essa cara de enterro.

A morena parou de falar e voltou-se para frente, ouvindo o longo discurso de Anna, desde sua infância até sua entrada em Harvard, passando por momentos tristes, pesadelos e outras coisas desnecessárias. Evelyn encostou a cabeça no banco e fixou os olhos no teto, lutando contra uma risada diante dos pensamentos inconvenientes.

— Acho que vocês vão adorar o que preparamos para hoje — anunciou Anna, e todos permaneceram em silêncio, observando-a. — Como vocês serão nossos padrinhos, eu e o George decidimos que deveríamos conhecer seus pares. Vocês podem caminhar pela propriedade e desfrutar da companhia um do outro.

Amor  Por AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora