08. Um Enlace

Começar do início
                                    

Não podia mais permitir que esses detalhes a levassem à eterna solidão. Sorriu por um instante, fechou os olhos e se viu de volta ao tempo, ouvindo seu pai contar aquelas piadas que não tinham graça nenhuma. Eram tão reais que tinha medo de perdê-las.

Mesmo de olhos fechados, as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto pálido.

Nunca desista de nada em sua vida, querida. A gente cai para aprender a se levantar, seu pai costumava repetir essa frase nos momentos difíceis de sua adolescência. Ela apenas sorriu, afastando os fantasmas que assombravam sua mente. Não demorou muito para sentir seu corpo relaxar excessivamente.

Respirou profundamente e saiu da banheira, caso contrário, acabaria adormecendo ali mesmo. Embrulhou-se numa toalha e voltou ao quarto. Aquela madrugada foi repleta de pesadelos, e os ponteiros do relógio avançavam lentamente pelos números.

O sol surgia preguiçoso no horizonte, e tudo parecia estar em harmonia. As brisas matinais sopravam suavemente pelo campo, e os pássaros cantavam nas árvores. A natureza acordava em toda a sua beleza.

Evelyn rolou na cama macia e fixou os olhos nos números azuis do relógio. Eram dez para as nove, ela tinha tirado apenas um cochilo. Recusou-se a levantar, precisava dormir o resto daquela manhã para acordar de verdade.

Mas as batidas na porta a fizeram abrir os olhos. Resmungou mentalmente, rolou pelos lençóis até finalmente sentar-se na beirada da cama, esfregando lentamente os olhos e bocejando. Os fracos raios de sol adentraram o quarto através da cortina amarela.

Ela se levantou e, com passos vagarosos, aproximou-se da imensa janela. Assim que afastou a cortina, pôde apreciar a beleza do local. Era incrível, uma paisagem única.

— O que você quer a essa hora? — resmungou, lançando um olhar apertado em direção à porta. As batidas continuaram, e Evelyn mordeu o lábio, suspirando.

Caminhou lentamente até a porta, com o cabelo todo bagunçado e os olhos inchados devido às poucas horas de sono. Ao abrir a porta, deparou-se com a tia Suzanne parada, encarando-a.

— Parece que não teve uma boa noite de sono, não é? — comentou a tia Suzanne, com um sorriso que denotava alguma percepção especial.

Evelyn gesticulou com a mão direita livre e fez uma leve careta, demonstrando uma expressão de incompreensão.

— É, pode ser — murmurou ela.

Suzanne ergueu seus olhos por sobre o ombro da sobrinha, verificando se ela estava sozinha. Observou a cama toda bagunçada, mas sem sinal de mais alguém além de Evelyn. Ao voltar seus olhos na direção da sobrinha, percebeu um olhar nada contente.

— Preciso ir comprar um pouco de camomila, para ver se acalma os nervos de sua mãe e irmã — disse Suzanne, com uma expressão preocupada.

Evelyn não conseguia acreditar que sua tia tinha ido importuná-la para comprar "camomila". Engoliu seco, balançou a cabeça concordando. Suzanne mostrou um sorriso amigável e beijou-lhe a face. Evelyn fez uma pequena careta para a tia, pois não era bem de seu feitio ser "amigável".

— Me dê alguns minutos para recobrar a realidade, pois continuo sonolenta — disse, tentando disfarçar seu descontentamento.

Suzanne assentiu, girou sobre os calcanhares e desapareceu pelo corredor. Evelyn curvou a cabeça para frente para verificar se ela já tinha sumido, franziu a testa e arqueou a sobrancelha. Arfou e sacudiu lentamente a cabeça, fechou a porta atrás de si e caminhou até a pequena varanda suspensa.

Sentou-se na cadeira e encostou a cabeça, fechando os olhos por um instante; um sorriso surgiu de seus lábios pálidos, apreciando as leves e quentes brisas da manhã. Ainda conseguia visualizar a expressão surpresa estampada no rosto de Michael Bolton quando pedira a Charles que a levasse para casa.

Amor  Por AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora