03. Seguindo o Ritmo

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Naquela manhã de domingo, a atmosfera era incrível, com um céu azul deslumbrante e poucas nuvens. Charles finalizava a leitura do jornal matinal enquanto apreciava seu café à beira da ampla piscina, na companhia de seu irmão e de sua futura esposa, a bela Anna, que parecia um pouco preocupada com os preparativos do casamento.

Ela desejava que tudo ocorresse conforme planejado.

— Haroldo, onde está a Eve? — indagou Anna a um dos funcionários da casa.

George a observou por alguns instantes, mas logo se descontraiu e voltou o olhar para o irmão, que se escondia atrás das folhas do jornal. O empregado aproximou-se da mesa com passos lentos.

— A senhorita Evelyn chegou há algumas horas e deve estar descansando, madame.

Anna agradeceu com um gesto de cabeça. Era natural que Evelyn estivesse dormindo após uma noite agitada na boate, como costumava fazer. Anna suspirou, um pouco decepcionada, ajustou-se na confortável cadeira e quebrou o silêncio.

— Precisamos falar primeiro com você, Charles — ela disse, enquanto colocava a mão sobre a de George.

Charles abaixou o jornal e encarou ambos. Como assim falar com ele primeiro? Não tinha feito nada de errado! No entanto, manteve a expressão serena e concordou. Anna trocou olhares com o noivo.

— Bem, como você é meu irmão e está solteiro, e a irmã de Anna também está solteira, decidimos que seríamos um dos casais de padrinhos no cartório e na cerimônia. Sei que não tiveram uma boa primeira impressão ontem à noite, espero que nos entenda e aceite — falou George pausadamente, enquanto fitava Charles.

Ele piscou algumas vezes, esforçando-se para manter a calma. Mostrou um meio sorriso, mantendo-se o mais automático possível. Anna esperava por uma resposta.

— Claro que aceito, com muito prazer — respondeu de forma seca.

A jovem soltou um suspiro de alívio, e logo um sorriso amável apareceu em seus lábios rosados.

George encarou Charles por alguns segundos. Sabia muito bem que seu irmão não estava feliz com aquela notícia, mas não iria fazer objeções para não magoá-lo, especialmente em um dia tão especial quanto o casamento.

Anna apertou a mão do noivo e, antes que pudesse dizer algo, ouviu a voz de sua mãe chamando por ela. A jovem levantou-se e pediu desculpas por não terminar o café da manhã com eles.

George continuou encarando-a até ela desaparecer pela porta. Em seguida, voltou sua atenção para Charles, que estava novamente com o rosto escondido atrás do jornal.

— Você não gostou nada dessa ideia, não é? — perguntou George, enquanto terminava de tomar seu café.

Charles abaixou o jornal e o encarou por alguns segundos. Dobrou o jornal e o colocou de lado, voltando sua atenção para seu irmão mais novo. O calor fora do comum naquela região estava causando-lhe uma dor de cabeça, diferente do clima frio e fresco de Londres.

— Talvez! Mas não posso estragar esse dia especial para você e Anna. Ela já tem alguém com quem se preocupar — respondeu de forma categórica.

George soltou uma risada. Sabia que podia contar com a discrição de seu irmão. Charles, sete anos mais velho do que ele, era muito centrado em tudo o que fazia.

Era formado em direito pela conceituada Universidade de Oxford e tornou-se diretor-geral da empresa onde trabalhava, devido à sua dedicação. Diferente de George, que se contentou em ser gerente da filial em Cheshire após terminar a faculdade.

Amor  Por AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora