01. Lar doce Lar

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Suzanne observou a jovem de cima a baixo, percebendo a ironia que os membros da família Collins herdaram. Ela se aproximou rapidamente e segurou o braço de Evelyn, forçando-as a caminhar juntas. Sentia como se uma cobra estivesse apertando os dedos na borda de sua bolsa, pronta para perfurar o couro com suas unhas.

A jovem suspirou, parecendo pedir socorro, mas ao ver sua mãe se aproximando, sentiu-se aliviada. Charlotte, sempre impecável, usava um vestido de verão de cor suave.

— Querida, você está linda — a cumprimentou, abrindo os braços receptiva. Evelyn mostrou um sorriso rápido, sabendo que não poderia escapar daquele abraço — Não sabe o quanto sentimos sua falta.

Suzanne abafou uma risada de deboche, enquanto Evelyn franziu o cenho, sentindo uma raiva afiada e inesperada que lhe roubou o fôlego, mas ela se conteve.

Todos sabiam os motivos que a mantinham afastada daquele lugar, os erros que cometeu no passado e, é claro, as desavenças com seu padrasto, Thomas. Em sua mente, ela revivia a noite em que jogou vinho no rosto de Michael Bolton, após descobrir sua traição.

— Ora, mamãe, não finja. Eu sei que Anna me convidou apenas porque sou sua única irmã e o noivo é supersticioso com essas coisas — disse, encarando as duas.

Ela caminhou rapidamente em direção ao saguão central, enquanto Suzanne se aproximou de Charlotte e pousou a mão em seu ombro.

— Imagine quando ela descobrir que Michael é o padrinho de honra do tal George. Ela terá um ataque cardíaco — apontou Suzanne.

"Meu Deus! Alguém não sairia vivo desse casamento!"

Evelyn manteve sua postura impecável enquanto caminhava em direção ao saguão, atraindo olhares curiosos, como sempre chamava atenção por sua forma de vestir.

Ao avistar Anna, parou, respirou fundo e girou nos saltos, mas acabou esbarrando em um homem alto, que fez sua taça virar sobre seus fartos seios.

A jovem fechou os olhos e lembrou do lema que seu assistente, Liam Miller, sempre dizia: "Conte até dez, querida". No entanto, havia um problema, essa tática nunca funcionava para ela.

— Seu idiota! — Evelyn berrou, encarando-o — Você acabou de estragar meu melhor vestido, droga.

As pessoas presentes no saguão se voltaram para os dois rapidamente. Ao perceber a movimentação, Anna esticou o pescoço para ver o que estava acontecendo. Seus olhos se arregalaram ao ver Evelyn e, rapidamente, ela colocou a taça sobre a mesa e correu em direção à irmã, seguida por seu noivo George.

Um dos garçons entregou um lenço de papel, mas já era tarde, seu vestido estava completamente manchado.

Anna segurou o braço de Evelyn e a puxou em direção a uma sala privada, fechando a porta atrás delas.

— Você está completamente louca! Não poderia ter sido menos explosiva? Por que precisava explodir logo com o Charles, irmão do meu noivo? — Questionou Anna com o rosto vermelho como um pimentão, virando-se para encará-la. — Ele não fez por mal, será que precisa gritar com todo mundo, Evelyn! Pelo amor de Deus, pare com essa mania horrível.

Antes que pudesse continuar, ambas ouviram a porta se abrir e Thomas acenou silenciosamente para ela. Voltando seu olhar para Anna, Evelyn sorriu automaticamente.

— Vejo que você já chegou — falou, fazendo pouco caso de sua presença — Você deveria ao menos respeitar o momento de sua irmã. Agora volte lá fora e peça desculpas ao irmão do noivo que não te fez nada — soou rude, como se fosse o pai dela.

Evelyn encarou-o. Os dois nunca se deram bem na convivência diária. Ela olhou Anna por um segundo e depois se virou na direção de sua mãe, que estava atrás de Thomas, ou melhor, seu padrasto.

Amor  Por AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora