Capítulo 58

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Eu queria muito saber o que realmente estava acontecendo, mas não sabia exatamente. Quando minha visão clareou novamente, eu estava em uma floresta, linda e bem cuidada, por sinal. Mas havia algo em comum. Eu sabia onde estava, mas não lembrava exatamente aonde. Tive o pressentimento de que estava sendo observada, mesmo não podendo ser vista. Munin não estava mais ao meu lado.

Escutei um barulho, muito baixo, mas audível. Passos na grama..? Continuei intacta, parada naquele pedaço de mundo. Ouvi mais um barulho, agora mais alto. Parecia que alguém estava correndo. Se escondendo nas sombras, para me pegar de surpresa.

Sabe quando você fica aflita, e parece que o seu pulmão pesa uma tonelada? Era exatamente assim que eu estava me sentindo naquele momento. Tudo parecia um perigo. Tanto para mim, quanto para minha futura herdeira, que crescia rapidamente em meu leito. Nada do que eu vivenciava fazia sentido. Aliás, minha vida não faz sentido. Nenhum sentido.

Comecei a caminhar, tentar sair dali, para que esse perigo não fosse mais um. Mas o som voltou, e pareceu vir da mesma direção que eu estava indo. Parei.

De repente, uma sombra apareceu, por trás das folhagens, e um animal apareceu, pulando das moitas. Um puma, de olhos verdes conhecidos, rugiu e começou a andar em minha direção. Eu tentava andar para trás, mas não conseguia. Estava paralisada. Nem me movia. Quando o puma chegou perto o bastante, cheirou-me, e seus olhos cintilaram. Mas algo estava estranho, porque ele não me atacou. De súbito, uma luz verde o encobriu, e antes disso, só consegui ver seus olhos trocando de tonalidade, para um verde mais escuro. Seu pelo negro sumiu, e o grande puma desapareceu, dando lugar ao deus, que segundos antes estava mais alto, e agora ele parecia mais baixo. E mais... novo.

-Por que está aqui, posso saber? Estamos na área proibida.- disse.

-Eu sei, mas aqui é um bom lugar pra conversarmos, sem nenhum guarda atrás de nós.- uma voz falou, atrás de mim. Desta vez consegui me virar, e dei de cara com uma garota ruiva, um pouco mais alta, e parecendo mais velha que o moreno, olhos marotos, e um sorriso a brincar em seus lábios.

-Por que sorri, hein? Falei alguma piada?? Eu não estou brincando, não devíamos estar aqui.- o deus menino alertou, meramente preocupado.

-Eu sei, mas dá pra você se acalmar um pouco?? Só te chamei aqui porque queria ficar longe de qualquer guarda. Não gosto dessa companhia.

Ele riu.

-Você é estranha. Mas o que quer? Senão eu já vou indo...

-Espere, Loki! Eu... só queria... ficar com você, sem que nos vigiassem... você sabe. Sem guardas, sem regras. Mais aventuras. Você entendeu. Mais liberdade.- falou a ruiva, dando uma intonação na última palavra, e um sorrisinho que me incomodou de tão fofo.

-Ahanna, você sabe que não podemos descumprir as regras do papai...

-Eu sei, mas só um pouco de divertimento não vai machucar ninguém, não é?

Com esse questionamento, o pequeno Loki pareceu pensativo. Mas se rendeu.

-Tudo bem, tudo bem. Mas não podemos ficar aqui por muito tempo. Devemos voltar para casa antes do sol nascer novamente.

-Ótimo!!- suspirou contente.

-Só estou fazendo isso porque você é minha melhor amiga, não sabe?

A Viagem do Destino- A história vira realOnde histórias criam vida. Descubra agora