A Viagem do Destino- A história vira real

Capítulo 36

Isso destruiu o dia. Realmente, ninguém esperava por isso. Tudo culpa daquela vadia, ridícula!

Eu queria dizer a eles que estava tudo bem, que tudo tinha se resolvido... mas eu iria estar mentindo. Queria pelo menos ampará-los, neste momento difícil. Apoiei minha mão no ombro de Loki que, como o irmão, não conseguia conter as lágrimas pela perda. Ele olhou para mim, mostrando os olhos vermelhos, de tanto lamentar e chorar. Eu não ficaria surpresa, se isso fosse normal da parte dele. Mas não é...

-Eu... sinto muito.- disse, recebendo um abraço desesperado do deus.

-Eu não acredito... - murmurou dentre o choro.

-Calma, Loki. Pense que seus pais estão juntos agora, em um lugar muito melhor que aqui.

Mas não adiantou. Ele parecia pior que criança quando deixa o sorvete cair no chão. A situação tava tensa...

Ele se distanciou e me olhou, já mais calmo. Limpei as últimas lágrimas, que ainda escorriam pelo seu rosto pálido, o fazendo dar seu primeiro sorriso, ainda um pouco tenso e tristonho, depois da tragédia.

-Você já está melhor?

Ele acenou com a cabeça, andando em direção à Thor, que não parava de chorar nos braços de Kate. Loki se sentou ao lado do irmão, consolando-o também, e recebendo um abraço sofrido do deus. Kate levanta e vem em minha direção.

-Vamos deixá-los aqui. Daqui a pouco, já estarão mais calmos.- falei.

-Assim espero... - responde por fim.

Saímos do aposento.

-Eu não sei mais o que fazer. Amanhã tenho que voltar, mas não sei se Loki irá comigo...

-E ele ia?

-Sim.

Ela lança um olhar cúmplice.

-Não com segundas intenções, é claro... - disse, tentando tirar qualquer imagem de sua cabeça. Ela é mei loca mermo...

-Tá. Aposto que o meu loiro vai querer fazer uma celebração, e chamar todos os deuses possíveis pra comunicar a morte do pai. Ai meu deus do céu...

Rimos.

-Vou tentar dormir. Tchau.

-Tchau, Cath. Boa noite.

-Pra você também.- e pisco para ela.

Vou para o meu quarto, arrumo minhas coisas, e já deixo separadas as roupas que eu tinha vindo para cá, naquele dia, para usar na manhã seguinte.

Dormi quase duas horas depois, de cabeça cheia e visivelmente preocupada com o dia seguinte.

🌙--//--☀️

Acordei cedo. A noite não foi nada confortável ou construtiva.

Me levantei, botei a leggin, vesti a camisa, calcei a bota, guardei o casaco na bolsa, e saí do quarto.

Encontrei Kate saindo também.

-E aí? Preparada pra conhecer os deuses mais conhecidos da mitologia nórdica?- pergunta.

-Se já não os conheci...

Ela olha para trás e sorri.

-Olha o seu homem aí.- sussurra.

Olho para trás e avisto Loki, com suas roupas de sempre. Mas, não importa as roupas, ele sempre consegue ficar ainda mais lindo.

-Bom dia, senhoritas.

-Bom dia.- respondemos em uníssono.

-Vamos logo, antes que comecem sem mim!- falou Kate, me puxando pelo braço.

Andamos e chegamos em um lugar fora do palácio, à beira de uma cachoeira sem fim. Coisa de mundo estranho mesmo...

Consegui achar mitos e lendas da mitologia, como Tyr, o deus da guerra; Baldar, deus da luz e um dos irmãos de Thor; Frey, deus da fertilidade e da colheita, e sua irmã gêmea, Freya, deusa da beleza; e por aí vai, entre deuses æsires (de Asgard) e vanires (de Vanaheim).

Ficamos em uma fila, na ponta do cais de pedra. Eu e Kate nas pontas, e Thor e Loki no meio. O futuro rei já se encontrava com a Gungnir em suas mãos.

Vimos um barco chegando pelo riacho que dava no palácio, com o falecido rei em seu interior, deitado por sobre lençóis dourados.

Ao se afastar do cais, Thor bateu com a lança nos paralelepípedos de pedra, indicando que um dos guardas lançasse uma flecha em chamas no barco, já perto da cachoeira. Ao fazê-lo, a embarcação logo foi tomada pelo fogo alaranjado, e luzes começaram a sair do barco, voando em direção ao céu e se transformando em uma estrela. Uma espécie de "alma real". Assim, o povo que se encontrava nas redondezas, soltou luzes, parecidas com essas, que flutuavam no céu, iluminado pelo sol intenso. E o barco despencou na infinita cachoeira. Não sei mais se vou querer ir em cachoeiras. Vai que um barco cai na minha cabeça...