Capítulo 1

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Como já é de se saber, eu sou uma garota normal com uma vida boa.

Até que eu o encontrei. Acho que bem lá no fundo, ninguém sabe o
que realmente quer, até encontrar.

Mas antes, deixe eu me apresentar: meu nome é Cathrina Bastos (por favor, não me confunda com aquele furacão). Meus cabelos ainda não se decidiram, então estão entre o cacheado e o liso. A genética nem sempre é sacana. Consegui, por um milagre, ter olhos azuis. São turquesa, baby!

Tá, parei. Continuando, eu estava muito ansiosa, não conseguia nem ficar parada um segundo em casa, afinal, no dia seguinte eu iria viajar para Nova York.

Iria passar uma semana no apartamento/laboratório da minha melhor amiga, chamada Kate Füller. Ela é uma arqueóloga brilhante, e muito bonita ao meu ver. Lá, provavelmente, também estariam dois amigos seus: a estagiária e amiga dela, Jennifer Lews, e o seu ajudante, Daniel Becker que, depois de um tempo, passaram a ser meus amigos também. Ah, e todos moravam com ela, surpreendentemente.

Já tinha comprado as passagens faz tempo, então consegui levantar da cama com mais calma. Gosto de ser uma mulher prevenida. Levantei a cabeça para espiar minha coberta por debaixo de meus pés, toda embolada no canto da cama, o frio tomando conta de mim. Senti eu me arrepiar debaixo do pijama, me fazendo criar coragem para levantar e encarar mais um dia, e o relógio ali, quietinho, marcando 3:00 da manhã. Que saco ter que acordar cedo.

Caminhei meio zumbizando até o banheiro, me arrumei, e desci para o café. Tudo estava à mesa, assim como minha ansiedade de partir. Olhei de soslaio para a sala, vendo minha mala e meu casaco prontos no canto da casa, ao lado de minha querida mãe, que me esperava à espreita.

Antes de sair, liguei para meu chefe. Queria avisar que entraria de plantão por alguns meses.

Ao chegar no aeroporto, vaguei a procura da quarta entrada. Peguei o avião com o voo marcado para 5:00 da manhã e viajei para Nova York. Depois, fiz tudo o que precisava e botei o pé na estrada (peguei um táxi, daqueles amarelos fofos que se vê nos filmes).

Quando cheguei na casa de Kate, a primeira coisa que avistei foram suas tralhas tecnológicas que usava no trabalho. Como eu disse, era um apartamento/laboratório.

Minha amiga me recebeu muito bem e, como sempre, me contou as novidades e um pouco de seus estudos, toda entusiasmada. Porém, de surpreendente criatividade, a criatura entrou com um papo de mitologia nórdica e eu comecei a não entender mais nada. Eu até conhecia bastante dessa mitologia, afinal, eu trabalhava com isso, todos os dias, procurando vestígios e fragmentos da cultura viking e suas tradições, com suas lendas e deuses incríveis e poderosos, como Thor, o deus do trovão, e Odin, seu pai e rei de um dos Nove Reinos, o chamado Asgard. Mas, quanto mais ela falava, mais eu pensava que aquilo só podia ter sido um sonho de sua cabeça, porque dizia que tinha ido para esse reino dos deuses nórdicos e vivido com eles por alguns poucos dias. Ela disse que estava namorando o Thor! "A louca"- pensei. Daí, me veio à cabeça a imagem de Kate nos braços do Thor de Os Vingadores (lindo e musculoso Chris Hemsworth. Aiai...).

De repente, o céu começou a se escurecer com uma rapidez inalcançável, e um forte estrondo tremeu a casa. Eu comecei a tremer junto, quase gritando.

-O que foi isso??

-Um trovão!!- Kate exclamou entusiasmada, correndo para sua varanda a céu aberto com um sorriso enorme estampado no rosto.

Depois, uns raios parecendo ter as cores do arco íris caíram do céu em forma de cilindro repetidamente, iluminando o céu e a varanda de Kate. Em um piscar de olhos, esses raios desapareceram e uma imagem musculosa, bela, de cabelos quase dourados, e usando uma armadura prata com uma capa vermelha surgiu do nada.

Minha cabeça explodiu. Eu fiquei surpresa e de boca aberta; não, escancarada, quando percebi que as histórias que Kate contou para mim começaram a ter nexo em minha mente.

Thor, o deus, deus do trovão, na minha frente... fiquei chocada.

Ele entrou naturalmente e começaram a conversar. E o cara parecendo nem ter percebido minha humilde presença. Pelo que Kate me contou antes, ele vinha para falar com ela sobre os acontecimentos de seu mundo sempre que possível.

Então, o loiro me viu.

-Quem és tu?- tinha ar de sabedoria misturado com Shakespeare.

Ele me olhava como se eu fosse de outro planeta.

Pensando bem, tecnicamente eu era.

-Meu nome é Cathrina e... eu não sou daqui.- melhor biografia - Eu sou de um lugar chamado Rio de Janeiro... você não conhece.

-Midgard é um reino bem extenso.- ele disse, citando o nome dado à Terra em seu mundo.

-Pois é, você tem razão. Pena que é sem graça comparado a Asgard... - Kate retrucou, lançando um olhar significativo para Thor, como se pudessem se comunicar assim, sem palavras. Eles olharam para mim, parecendo tentarem decidir o que fazer comigo. Até que o rosto de Thor se iluminou. Respirou fundo, como se esta fosse uma decisão difícil, e perguntou:

-Você gostaria de conhecer Asgard, Cathrina?

Eu olhei para ele, depois para Kate, depois para Jennifer, que até o momento não tinha dado sinal de vida, depois para Thor novamente.

-É sério?

-Claro!- mostrou seu melhor sorriso, ainda que um pouco amarelado.

Vi Kate explodir de felicidade ao lado do loiro. Meu grande sonho, mesmo que impossível, era poder, um dia, conhecer os Nove Reinos e seus habitantes bem de perto, principalmente o grande reino de Asgard. Eu teria exata uma semana para explorar os reinos da mitologia. Isso parece soar estranho. Nunca pensei que, alguma vez na minha vida, isso aconteceria. E foi uma grande coincidência eu ter encontrado esta porta aberta para mim.

-Eu vou junto!- Kate exclamou animada, despertando-me de meus pensamentos longínquos.

Eu ainda estava tentando processar a ideia de ter acabado de saber que os mundos nórdicos existiam, e eu estava prestes a ir para um deles assim, tão rápido. Parecia que eu estava sonhando. Não podia ser. Passei quase que minha vida procurando saber mais sobre ele, mas com fontes escassas, e agora eu iria para Asgard! Isso tava mais rápido que Fernando Alonso e Sebastian Vettel apostando Fórmula 1...

Com isso, pegamos o necessário e fomos até a varanda, do apartamento/laboratório, e a mesma luz que trouxe Thor até nós, que é originada da energia de uma cúpula chamada Bifrost, nos levou até Asgard, o reino dos deuses.

A Viagem do Destino- A história vira realWhere stories live. Discover now