Capítulo 18

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Cara, a parede ficou com um buraco médio/enorme, mostrando que aquilo tinha funcionado. Pera... como ele sabe o que é queimado..?

O deus começou a bater palmas.

-Parabéns. Viu? Não é tão difícil.

-Eh... mais ou menos.- e começamos a rir.

A droga do silêncio tomou conta do local.

-Obrigada.- quebrei aquele incômodo.

Loki olhou em meus olhos, com intensidade. Ele não parecia estar feliz com a vitória, mas também não parecia triste... é, é bem difícil entender esse homem.

-Não à de que, senhorita!- disse, fazendo uma breve reverência.

-Tem mais algum truque em sua manga, professor?- perguntei irônica- Você sempre leu tantos livros! Deve ter aprendido mais alguma coisa com eles...

-Quem sabe.- falou, com sua voz tensa, mas calma- Mas antes, quero testar uma coisa... - não gostei nada disso...

Ele se pôs à minha frente e segurou minha nuca, chegando mais perto de mim. Fechei meus olhos. Sabia que isso não daria certo.

-Como se sente?- sussurrou.

-Não sei...

Então, sem ao menos deixar eu terminar minha fala, o deus me beijou. Um beijo selvagem e urgente. Senti ele segurar com força minha cintura, enquanto eu o rodeava com meus braços. De repente, ele parou.

-Precisa se controlar. Consigo sentir seus batimentos... - sussurrou, e esboçou um lindo sorriso malicioso.

Corei. Não sabia que a situação estava tão tensa...

-Mas o que você me sugere, príncipe dos livros?- sussurrei sarcástica.

-Vamos descobrir.- disse, voltando a me beijar da mesma forma.

De repente, me veio à cabeça uma imagem do passado. Thor empurrando Loki para dentro de uma sala, não muito feliz. E eu estava indo procurar Kate. E também lembrei que ele queria me contar algo. Provavelmente a mesma coisa que Thor queria que ele contasse.

-Loki... - tentei falar dentre o beijo.

Imediatamente, ele parou, e eu consegui ar para começar a pergunta que me incomodava.

-Sobre o que você queria me contar?

O deus da trapaça me olhou, parecendo muito confuso. Confuso até demais.

-Do que você está falando, Cath?

-Na noite em que viemos da Sala de Cura e Thor adentrou meu quarto, ele disse alguma coisa para você. Ele queria saber se você já tinha me contado alguma coisa. Parecia importante.

No mesmo momento, ele se livrou de nosso abraço e começou a rodear a sala, passando suas mãos pelos cabelos negros. Ele respirou fundo e começou a falar:

-Cath... me perdoe... - ele dizia, de costas para mim, do outro lado da biblioteca.

-Te perdoar pelo que, Loki?

Ele se virou e me olhou nos olhos, me dando um pouco de medo.

-Pelo erro que cometi.

Agora eu estava BEM confusa... e curiosa.

-Como assim? O que aconteceu? O que você fez, Loki??- agora comecei a ficar preocupada.

Um silêncio mortal tomou conta da biblioteca, mas a minha cabeça estava quase estourando de perguntas.

-Uma... apstr... - ele sussurrou, mas mais parecendo um gemido, o que eu não consegui ouvir bulhufas.

-Loki, não consegui te ouvir.- disse fria- Repita.

Ele olhou-me dentro dos olhos e disse alto o suficiente para que eu pudesse escutar:

-Uma aposta.

...oi?..

-Como assim? O que você apostou? E... com quem?

O deus respirou fundo.

-Eu fiz uma aposta... com Thor.

-Loki... - falei o mais rude possível- O que você apostou??

Já sentia minha cabeça fervendo de raiva, mesmo sem saber sobre o que se tratava essa tal aposta.

-Você...

Arregalei os olhos, contrariada. Como assim???

-Como assim?

Ele começou a fitar o chão, visualmente triste. Mas eu não.

-Você sabe que, antes de nos conhecermos, minha mãe... faleceu. E... eu estava encabulado, desesperado, com raiva e ódio de tudo e todos. Então...

-Então??

-Thor resolveu ter uma conversinha.

Estreitei meus olhos. A coisa vai ficar tensa por aqui, crianças.

-E..?

-E ele estava bêbado, o que não o fazia pensar no que dizia. Então ele fez uma aposta e, como eu estava deste jeito, resolvi fazê-la, para descarregar minha raiva.

-Você ainda não me disse exatamente o que apostou. ANDA, DESEMBUCHA!!

-Ele disse que eu poderia... como posso dizer... lhe usar, em troca de alguma coisa.

Ele começou a ficar inquieto.

-Ele... disse que, se eu conseguisse... fazer com que você me amasse incondicionalmente, por assim dizer, eu poderia me vingar dos monstros que mataram nossa mãe.

-Mas... por que você já não se vingou deles antes..?- eu já começava a soluçar, mas essas lágrimas não continham nenhum tipo de sentimento bom.

-Sou um príncipe. Não posso fazer o que bem entender. Devo fazer de tudo para "conquistar a paz entre os Nove Reinos".

Após dizer isso, eu desabei com toda força em meus joelhos. Não conseguia entender mais nada. Só sabia que Loki não me amava, e nunca me amou. Eu devia saber disso! Como fui tão cega! Eu fui uma tola! Quantas vezes eu já li que ele não era confiável?! Ele só queria me usar para descarregar sua raiva! Em mim! Só porque é o Deus da Luxúria! Que ridículo! Senti meu coração se despedaçar em mais de mil pedaços.

-Cath!

Ouvi passos largos em minha direção. Senti sua mão gélida tocar meu ombro.

-NÃO ME TOQUE, SEU MONSTRO!!!- rosnei, olhando dentro de seus olhos, visivelmente arrependido. SÓ QUE NÃO!

-Acalme-se!

-NÃO!- grito, me levantando e ficando de frente para o homem que tinha acabado de destruir o primeiro vestígio de amor que eu tinha conseguido durante toda a minha vida- Como você acha que eu conseguiria ficar calma?? Eu não sei por que fui me apaixonar por você, sabendo que era o Deus da Mentira! Eu fui uma tremenda tola, mesmo!

-Mas... Cath...

-O QUÊ??

Ele se assustou com meu ato.

-Depois de um tempo, eu... comecei a gostar mesmo de você. Descobri que você não era aquela garotinha nova, fácil, e frágil. Descobri que você, apesar de ser forte e corajosa, também consegue ter seu lado sentimental e carinhoso.- ele fala, enquanto enxuga minhas lágrimas com o dedo.

-Não...- estalo os dedos- NÃO!!- e jogo as chamas azuis em sua direção, o fazendo voar pelo cômodo e parar do outro lado da biblioteca, com uma marca preta em sua volta.

Tapei minha boca para não gritar. Eu fiz mesmo isso? Caramba...

-O QUE ACONTECEU AQUI?!?!- Thor falou assustado, vendo o irmão do outro lado da sala, jogado no chão, em péssimas condições.

Nem vi o que ele fez depois, fui correndo para o meu quarto, chorando de raiva, susto, tristeza e desespero, tudo junto, mas tendo ainda, não sei como, um fio de esperança de que tudo pudesse se resolver, ou que aquilo fosse só uma brincadeira de mal gosto.

A Viagem do Destino- A história vira realWhere stories live. Discover now