Escolha

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-Deixa eu ver se entendi. -Cristian dá um sorriso apoiado no balcão. -Esse lugar enorme se chama hotel. É incrível como do Latin vieram tantas outras linguagens. Vocês são inteligentes.
Gabryel olha para a mulher que lhe direciona um olhar assustado. Ele tinha visto a mulher se comunicando com um casal provavelmente Irlandês.
-Ele está chamando atenção Thomas. -Dou um sorriso disfarçando o sussurro. -Eles vão pensar que seu irmão é algum doente mental.
Jheny me olha. Ela estava sem a piercing.
-Aí Falow, vou procurar um tatuador. -Ela da um tchau antes de partir.
Thomas fala um português perfeito com a mulher e dá um sorriso que a deixa sem jeito. Pegamos um cartão depois de assinar muitos papéis, assinamos o de Gabryel pois ele pegou a caneta e a colocou na cabeça pensando que como a TV, ele teria sinal.
Thomas tomou a caneta de sua mão e saiu puxando para o elevador.
-Simplesmente agora já sei porque querem acabar com tudo aqui. -Gabryel falou. -Daqui a alguns anos essa tal "evolução" de que meu pai falou ia acabar sendo maior que o nosso próprio mundo. Aqui tem coisa que poderes não são capazes de ... Fazer. A mente humana realmente é semelhante a nossa, e daqui a algum tempo ela pode ficar ... Melhor.
Gabryel pegou na camisa de Thomas desesperado.
-Meu irmão. Onde viemos parar!? Eles são tão reais quanto todos nós.
Thomas ficou em silêncio. Eu que deveria estar pensando isso.
-Eles não têm controle sobre o poder que possuem! Isso é realmente fatal, estão a um ponto de descobrir nossa existência!
-Acho que não é...
Gabryel me observa.
-as coisas que eles construíram estão se tornando mais fortes que eles assim como o que o mestre fez está... Minha nossa. Minha nossa. São tão fortes que levaram Oliver, Jheny e Ravena. Oliver está hipnotizado naquelas máquinas, só espero que Jheny não tenha estragado o corpo.
Olhei para os dois e finalmente meti o dedo na história.
-Só queria saber que grande problema é esse que estamos causando.
Gabryel moldou uma borboleta com as mãos que se abriu e formou um grande quadrado.
-O grande problema é que vocês são como nós, mas suas células a algum momento retardam a multiplicação o que os tornam mortais. São intelectuais, porém não estão sabendo ter o controle, estão desvalorizando a vida e criando suas próprias mortes, como alguém assim pode ser um líder? Isto tem que ser cortado agora Luanna, sinto muito, mas as consequências disto não afetam só o mundo primordial de meu pai, que controla o ar.
Ia aparecer alguma coisa naquele quadrado quando o elevador se abriu e uma mulher saiu correndo com uma vassoura na mao após ver horrorizada o objeto flutuante.
Thomas tapa com as mãos a boca do irmão e o puxa para fora do elevador.
-Você não pode dizer isto à ela. Vai se tornar alguém como nós, então não importa para ela saber sobre tudo aqui já que vai ser destruído. Tudo vai ficar para trás.
Olhei para os irmãos e Fitei incrédula os olhos razel de Thomas.
-Então é isso que fazem? Se algo não vai bem simplesmente mandam explodir tudo e deixam para trás como se nada nunca tivesse existido? Nos podemos não ter ordem, mas aqui os piores são vocês.
-Lua, eu .. Juro que tentei de tudo.. Eu..
Meus olhos encheram de água, água salgada. A lágrima piedosa.
-Tentou por mim, mas enquanto ao mundo? As pessoas que pensam como eu e você ou o Gabryel? Não sei se é parecido comigo biologicamente, porque não consigo entender tanta mistura de misticismo e materialismo, mas não tem coração? -Meu peito apertou ao lembrar que ele só tinha feito isso por mim, ter me procurado por culpa de uma droga de fada que nem sei se realmente existiu. -Vocês nem sabem o que é amor, precisam de encantamentos para se grudar a alguem. -Choro.
Thomas olha para Gabryel acusadoramente.
-O que chamam de bondade? Realmente não entendo. Dizem que somos maus, mas este papel não está invertido? Queria poder falar cara a cara com seu pai, mas nem isso posso, não posso vê-lo, mas isso também não veio de uma parte por decisão de vocês? Dar Xablau em tudo aqui? Tem razão, não somos parecidos. Humanos tem sentimentos.
Thomas não me respondeu e eu continuei.
- E se fosse verdade? Se um dia ficassemos mais fortes que nossos próprios criadores? Mesmo sem uma ordem poderíamos destruir a sua raça, mesmo que viesse dos primordiais do sei lá o que, acho que seus pais já sabem o quanto a mente humana é capaz, isto lhe mete medo? Eu faço economia, não tenho que lidar com isso. -Suspiro e viro as costas. - Não dá, me sinto bem é aqui, e se for para morrer com o meu mundo, por mim tudo bem, pois também tenho culpa nesta "desordem".
Thomas da alguns passos e assustado estende o braço para me segurar, mas seu irmão o segura pelo braço direito.
-Luanna, por favor, não faz isso, a decisão já foi tomada por todos que já se preparam, se você for você ... Pode...
Olho para ele e engulo em seco, o que? Morrer? Acho que em meio a esse tempo tive a certeza de que todos sempre morrem no final, somos mortais caro Thomas! Culpe a droga de uma fada se sofrer por mim, mas eu tenho que por menos, uma obrigação de ficar ao lado daqueles que me criaram e que realmente me amam. Olho para seus olhos, no fundo de seus olhos, e isto me atraiu.
Uma lembrança invadiu.
Eu chorava naquele balanço, com uma bonequinha nos braços, era um abrigo, cabelos compridos balançaram quando uma borboleta passou voando e brincando ao meu lado, segui ela, que passou até uma árvore, a borboleta ficou azul ao tocar na árvore. Sorri.
Uma mancha verde surgiu no meio do nada, se expandiu até o meu tamanho, me assustei, a borboleta entrou e não aconteceu nada a ela, ela ficou me esperando ali, e eu entrei. Quando atravessei para o outro lado, a borboleta continuou voando, rápido. Corro e quando alcanço, alguém esbarra em mim, minha boneca cai de um lado e eu Caio do outro. O garotinho de olhos... Hazel estava muito sério, ele me olhou de baixo para cima.
-O que tu fazes aqui ser humano? -Ele olha com desdém. -Saia da minha frente. -Sua expressão não me mostrava nada, nem alegria ou tristeza.
-Desculpe. -Falei com a voz de criança que era. -Não me jogue fora, por favor. -Segurei em sua perna, ele não ia me ajudar a levantar de qualquer forma.
O garotinho tinha olhos cálidos, como de uma criança mimada e sem o brinquedo que queria.
-Saia da minha perna criança, que tipo de criação é? Sangue suga?
Ele estendeu os olhos. Mas uma lágrima escorreu e comecei a chorar.
-Mamãe me jogou fora, você vai fazer o mesmo? -Olhei no fundo de seus olhos razel por uma sequência enorme de tempo, e uma chama pareceu se acender.
Ele ficou me observando e me deu às mãos para que eu pudesse levantar.
-Minha mãe também se foi. Hoje. Mas não estou chorando como você.
Observo o garotinho que fechou os olhos e se sentou debaixo de uma grande árvore cruzando os braços.
Quando acordo do transe, continuava olhando no fundo de seus olhos e meu coração palpitou fortemente, porém devagar.
E se daqui, se eu realmente eu partisse, não fosse mais o ver? Porque isto me incomodou tanto? Porque tantos porques só pelo motivo de ter que partir e o deixar sofrendo por.. Mim? Mas se for só um encanto logo vai passar... Tenho certeza de que estes olhos que me despertaram, Realmente não me amam. Se eu fosse para desfazer um encanto ao lado dele, eu morreria do mesmo jeito logo após, ele mesmo ao me reconhecer como um humano iria fazer isto com as próprias mãos.
-Thomas.. Eu te...
-Oh! Mais que droga! Eu quero dormir! Essa zuada não acaba não? Tem uma placa no prédio que diz claramente proibido fazer barulho! -Uma mulher ruiva sai de dentro de um dos quartos do hotel com bobs na cabeça e uma máscara verde no rosto.
A mulher que vestia pantufas rosas entrou e bateu a porta com força.
Thomas ficou me vendo e claramente esperando a minha resposta. A resposta que fui incapaz de dar, a resposta que se saísse, daria prejuízo não só a mim, mas à ele. Aquele lindo homem que parecia não pertencer a este mundo. Tudo bem, ele não pertencia, mas ele me destaca algo que eu não sabia bem como descrever, era como a incógnita x, eu sabia que existia mas não sabia o que era, e qualquer que fosse...
Uma lágrima caiu.
-...Sinto muito. -Respondi antes de partir.
Seria tarde demais para achar em um cálculo de matemática, mesmo que concluísse toda a minha faculdade de economia. Algo que infelizmente eu não conseguiria completar. Como eu ia descobrir que papai noel existia?

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