Problemas

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Thomas suspira e corta o silêncio.
-Tudo bem, te entendo, você não tem culpa. - Ele sussurra.
- Eu que peço perdão, você é um garoto mas... É legal comigo, nesse pouco de tempo que passei com você, é, uma coisa muito estranha, mas conheço quando a pessoa é boa com apenas um olhar. - Eu paro. - E também, é como se eu já te conhecesse a muito tempo. - Decidi parar quando noto que o semblante de seu rosto estava confuso, se ele acha isso estranho, eu também acho, e isso é a coisa mais simples das coisas estranhas que vem acontecendo comigo.
-Queria poder ler seus pensamentos. Mas saiba senhorita Luanna que... -Ele ia falando algo quando uma garota quase é atropelada. Ele para novamente repentino, mas desta vez, eu estava com o cinto de segurança.
- Você tem que aprender a parar! - Falo alarmada. - Nunca mais em toda a minha vida ando de carro com você.
Ele não me deu a mínima atenção, só ficou com os olhos em uma expressão indecifrável com as mãos ainda sobre o volante. Eu olho na direção que ele se direcionava. Era uma ruiva, cabelos tão grandes, cheios e vermelhos que fez meu queixo cair, isso é normal? Os olhos dela eram tão amarelos quanto o mel, bochechas e labios rosados.
A ruiva se aproxima na janela do carro. Thomas abre.
- Quer me atropelar Thomas? - Ela da um sorriso sarcástico e então me avista, balança a cabeça para os lados em sintonia de um não. - Nossa, que garotinha inútil é essa que você encontrou não? Olá Luanna. - Ela levanta uma sobrancelha.
- Você veio sozinha? - Thomas fala ainda pasmo.
- Annh.. Não. - Ela não tirava os olhos de mim. - Meus irmãos vieram me fazer companhia, pelo que fiquei sabendo, seus primos também estão aqui meu Príncipe. - A palavra príncipe sai sedutoramente de sua voz.
A garota Ruiva tinha uma tatuagem da chama do fogo em seu braço.
- Saia Lua. - Ele cochicha em meu ouvido.
- Por que ela não pode ficar para nos ouvir? - Ela sorri com dentes cruéis.
- Agora, por favor.
Eu Saio do carro e coloco a mochila no ombro olhando para trás. O que será que eles conversam? Ela é tão bonita.. Tão... E de repente me veio algo novo, uma coisa que não pensei que surgiria, uma pontada de Ciume. Eu esbarro em alguém, o que faz minha atenção se voltar para a frente novamente.
-Oh, olha aonde anda! - Era Oliver. Então ele me vê direito. - Ah, luanna. -Ele sorri. - Eu pensei que só eu que esbarrava nas pessoas por não olhar para frente. No meu caso é sempre o videogame, o seu foi...?
- Ah, nada, foi um pombo colorido que passou voando. - Sorri mais teatralmente que o normal.
Oliver me observou por alguns segundos.
- Eh né. - Sorriu e voltou para seu aparelho em mãos.
- Oliver, aonde você se meteu ? Eu já te procurei por... -Ravenna para de falar quando me vê.
- Oi Luanna! - Ele se apóia em meu ombro.
- Por? - Oliver pergunta. - Fiquei invisível de novo. - Ele suspira.
-Tenho umas coisas para te falar Lua, sobre o conselho. Mas... -Ela se volta para Oliver. - Por todo o lugar, queria te perguntar se você já terminou de instalar as LEDs em minha roupa.
-LEDs? - Quase grito.
-Sim, para a festa. Como o Oliver está se especializando em tecnologia, eu ordenei que ele fizesse esse favor para mim. É um sonho! - Ela dá duas palmas entusiasmadas.
-Festa?
Acho que ela estava falando sobre a festa que ouvi os dois garotos comentando na última aula no intervalo.
-Sim. - Ela para e coloca a mão na boca simulando um susto. - Você não está sabendo? Todo mundo aqui sabe, bem, como você é nova então, aqui está o endereço. -Ela me da um papel com alguns detalhes de jogos de luz. Eu não sabia nem a rua da minha casa, imagine a que se encontra neste papel. Quantas esquerdas ou direitas eu teria que dobrar para chegar aqui? E fato. Eu odeio festas. Todas que tinham em minha cidade ou escola eu nunca ia, preferia muito mais ficar em casa estudando assuntos e lendo alguns artigos sobre a economia do Brasil que estava caindo a cada dia. Uma vez jurei que ainda tiraria o país dessa situação, todos diziam que eu tinha que curtir a vida, mas para curtir a vida ou qualquer coisa, temos que ter ela por completo. E olha aonde vim parar. Sorri me lembrando do quanto meus esforços valeram a pena.
-Terra chamando Lua. - Ravenna Fala e Oliver não se segura na risada.
-Terra chamando Lua! Não Ravem, essa aí foi demais! -Ele começa a rir e eu olho para ele séria, o que faz ele pigarrear e voltar ao seu estado de normal. - Credo vocês não tem senso de Humor.
- Lua você literalmente viajou em órbita, eu estava aqui falando sozinha. - Ela encrusa os braços.
-Me desculpe Ravenna. - Sorri. - Ei, preciso ir, nos vemos na hora do almoço?
-sim, com claro.
Olho para o relógio, apresso os passos até a aula, atrasada, muito atrasada.
Thomas estava lá. Em perfeita postura. Chego e me sento ao seu lado. Ele estava ainda um pouco tenso, a primeira coisa que o professor John fez foi recolher os trabalhos. Quando entreguei o nosso voltei os meus olhos para ele.
- O que aconteceu? - sussurro.
Ele suspirou.
-Problemas familiares. -Ele olha para mim e lança um sorriso fraco, juro que nessa hora me deu vontade de abraça-lo, como se eu estivesse essa dívida, como se algum dia ele fez o mesmo por mim. Mas eu não podia, ou podia? Nunca pensei que faria isso, mas... Que se dane.
Abracei ele com força, algumas pessoas que estavam ao nosso lado comentaram, bem, não importa. Isso foi tão bom. E nesse abraço vejo a imagem de duas crianças se abraçando em meio a uma floresta, os pássaros cantavam, a folhas balançavam alegremente, e uma grande macieira nos rodeava, o vento assoviava, como o dia na pracinha do campus.
-Tenho que ir. - Ele se afasta do meu abraço, seus olhos estavam úmidos, então se foi. Mais uma vez me deixou só. As pessoas continuavam comentando.
O que foi aquilo que vi? A menina usava o mesmo vestido que eu usava daquela visão no balanço. Isso já estava muito longe de ser normal.
O que está acontecendo?

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