Quase amigos

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Quando tudo já havia terminado eu me retirei tentando absorver tantas informações, eu pensava que teria estes negócios de apresentações mas tudo foi bem direto, o professor de cabelos brancos e um enorme óculos preto apenas se apresentou como John.
Eu senti alguém pegar em meus braços e me virei rapidamente.
- Já conhece o lugar? - Era Thomas.
- Mais ou menos, sem um mapa não sou nada. - Sorri.
- Assim não vale, Vou lhe ajudar com isso, venha.
- Não, Obrigado. - Tento virar na direção do banheiro mais próximo.
- Isso não foi uma pergunta Luanna. -Ele pega em meu braço e sai me puxando.
Eu cheguei no lugar irritada, agora eu tinha um real motivo para dar um tabefe nesse garoto, Fechei o rosto e ia começar a reclamar quando percebi o lugar em que estava, era como um pequeno parque, haviam poucas pessoas, me sentei em um banco branco e soltei um uau. Olhava com olhos brilhantes, tudo tão verde. Thomas se sentou ao meu lado e se esticou para trás passando os braços para a costa do banco. Inspirou forte o ar e pareceu aliviado.
- Viu? Eu não vou te assassinar, a senhori... Você é muito desconfiada Luanna. Já te fizeram algo grave para não confiar nas pessoas? -Ele fechou os seus olhos, o vento estava loucamente acariciando seu rosto e seus cabelos, era como se o vento estivesse feliz e voltado apenas para ele.
Sobre sua pergunta eu pensei em meus pais, ser abandonada seria uma boa resposta, mas não queria falar disso com uma pessoa que simplesmente acabei de conhecer. Espera, novamente eu provei que não confio em uma pessoa.
-Desculpe... Eu... - Olhei para ele que continuava respirando como alguém em busca de oxigênio. As folhas balançaram, que loucura. -Eu Amo a natureza. É a coisa que eu mais aprecio na vida, é a base de tudo, toda a criação , beleza e bondade que existe na Terra. - Troquei o assunto por uma coisa que me deu vontade de falar. Quando era pequena, não me lembro de muita coisa, mas em meio aos meus tantos problemas, meu desejo era de fugir para dentro de uma floresta.
Com os olhos ainda fechados ele deu um sorriso de lado.
- E você? - Pergunto já que a minha vontade de bater nele fugiu mais uma vez.
- O que seria do mundo se eu não amasse a natureza? Sabe... Eu estava inquieto naquela sala, pra vir correndo para cá, se você percebeu. Passo meu tempo aqui, mato a saudade aqui. -Finalmente ele abre os olhos. Hazel. - Eu sei que você ama a natureza senhorita .
Eu arregalo os olhos curiosa.
- Saudades? - Pergunto.
Ele ficou parado e voltou a postura normal. As plantinhas estavam tão verdinhas com flores tão belas.
- Você não tem nenhuma lembrança? - Ele me olhou com olhos dolorosos como se implorasse um sim.
- Eu tenho. Todos nós temos. Aliás... Porque não teria? - Franzi a sobrancelha.
Ele baixou o olhar escuro. Como se minha resposta não fosse verdadeira.
- De que? - Sussurrou.
- Um monte de besteira. - Sorri. Poderia ser o maior maluco do mundo em minha frente, mas eu nunca aguentei ver alguém triste, porque por motivos sem explicações, doia em mim tambem. - Só família e ... Escola, também tive um cachorrinho, totó, uma vez pintei ele de cor de rosa... E.. - Finalmente ele sorriu. -Porque? -Perguntei.
Ele deu uma pausa, como se estivesse pensando em que falar.
-Ah nada. Eu também tenho lembranças, gosto da natureza porque nasci e vivi no interior.
- Você é um perfeito mentiroso! - Dei um soco leve em seu ombro.
- E você é uma perfeita Princesa.
- Que horror! Essa cantada foi Ridícula. - Cai na gargalhada.
O vento bateu frio dessa vez, a noite já se aproximava e minha barriga Roncou.
- Não liga, vivo com fome, comeria aquela árvore inteira de maçãs. Amo maçãs. - Aponto para a árvore que tinha apenas duas maçãs.
Ele se levantou e colheu a maçã que ficou corada. Eu jurava pela nossa condessa do Ronco que aquela maçã não estava madura direito. Me levanto e pego de sua mão.
- Você é um bruxo! - Esfrego a maçã em minha blusa e mordo-a.
- Agora só falta você sair correndo, garota que é o terror das macieiras. -Ele sorriu como se recordasse de algo.
- Ai meu deus! Aquelas maçãs de manhã eram dessa árvore? Céus, agora só restou uma. -Falo com a boca meio cheia. -Pobre árvore. -Passo a mão nela.
Thomas dá um sorriso, sim eu sei que estava agindo como uma completa retardada.
-Se eu fugisse, iria me perder e a culpa seria sua feiticeiro. - Aponto para ele.
- Não sou feiticeiro, a culpa não é minha se você tem todos os problemas de vista e não consegue saber a cor da maçã que come. - Ele retira meu óculos. - Usa isto a quanto tempo?
- Desde que entrei no segundo ano do ensino médio, ou seja, dois anos atrás. Será que a árvore ficaria chateada se eu pegasse a última maçã? - Tentei me esticar para pegar aquela coisinha deliciosa.
- Ela fica feliz em lhe servir Luanna. -Ele pega a maçã com a maior facilidade e me entrega, apoiado sobre a árvore e com o braço encrusado ele sorri.
- Só é uma pena não poder te chamar de baixinha agora.
Eu como essas maçãs e o tempo logo estava fechado de nuvens escuras, queria ir para a minha cama e dormir, depois de amanhã eu poderia ir para casa. Para meu apartamento, o pobre senhor não sei o nome deveria estar triste, ou do jeito que ele me trata, fazendo uma festa.
Chegando no dormitório, sou eu que tomo banho primeiro, a água era quente, isso era tão bom, fiquei durante minutos, talvez um pouco demais, meu sabonete era laranja, mas tinha perfume de maracujá. Se espalhava por todos os cantos, eu poderia ficar ali e..
Só não podia cantarolar.
Toc toc toc
- você desmaiou aí?
Fiquei em silêncio, claro que eu não...
- Vou abrir a porta, isso não é normal... Ou aconteceu alguma coisa...
- Abra essa porta e você verá o que significa a palavra "Porrada" em meu país! - Gritei e peguei um roupão rapidamente passando a toalha sobre meu ombro.
Sai pisando fundo e ele estava sentado sobre a sua cama com as pernas cruzadas e passando as mãos sobre o queixo.
-Porrada? - Ele perguntou. - O que significa isso senhorita Luanna?
- Não me chame assim seu Feiticeiro! - Grito e ele se levanta.
- Sua magnifique ceguinha. -Elesolta um famoso sorriso de lado e vai em direção ao banheiro.
-Fala francês?
- Todas as línguas, em nenhuma se ecaixa essa palavra que você disse.
- Todas? Impossível! - Exclamei.
-Um bom economista tem que saber se comunicar, assim como um bom príncipe também. -Ele fecha a porta.
Isso é... Impossível.
Como o professor não mandou trabalhos e também como estava exausta,fui pegando no sono antes mesmo que o "maluco" saísse do banho.



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