Fatos Estranhos

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Levanto, ainda com sono como quase toda a adolescente, faço toda minha higiene matinal, me olho no espelho, meu cabelo molhado  descia muito mais além do que a costa, era tão grande que dificilmente eu o deixava solto, com várias e várias voltas, prendi em um coque, me olho em um espelho e Dou um pequeno suspiro, a imagem que estava a minha frente não me agradava de nenhuma forma, eu precisava de reparos, tinha sardas do sol e olheiras perigosas, ponho um jeans, meu allstar e desço até o refeitório.
Aonde será que aquela criatura se meteu?
Olhei para um lado e outro, na verdade haviam poucas pessoas vagando pelo refeitório, a maioria já devia estar no auditório.
- Querida, você podia me dar licença? A fila anda. - Uma loira de olhos da cor de mel solta a voz em grande classe. Ela era linda por sinal, bronzeada, a típica garota popular e líder de torcida de uma escola americana de Ensino médio.
De qualquer forma eu e minha busca em meio a uma fila que já se formava foi constrangedor.
- Qual é Soll, deixa a garota, ela é calourinha. - Uma garota baixa e com grandes olhos azuis solta uma gargalhada apoiando um braço em mim.
A loira revira os olhos, pega sua bandeja prateada e vai em outra direção. A menina com o sorriso lindo se volta para mim.
- Não liga, você tem que conhecer é a bruxa da irmã dela, sairia correndo, o veneno daquela cobra a gente sente a distância.
Eu olho para a garota e pisco duas vezes.
- Ravenna, Prazer . -Ela estende a mão esquerda para mim em grande estilo e eu retribuo o aperto de mão.
-Lua..ana.
- Lua! Você é a Luanna! - Ela pegou em minha mão e saiu me puxando. - Isso explica porque aquela capivara lhe tratou daquele jeito.
Em uma mesa que estávamos, tinham muitas pessoas, um garoto com um óculos redondo e um vídeo game em mãos foi o primeiro a me notar, havia uma morena de cabelo curto e chacheado, e uma garota com uma tatuagem no braço em forma de algum tipo de dragão elemental, ela tinha meixas roxas em seu cabelo curto no pescoço e pontinhas compridas na frente.
- Aonde você já conseguiu essa aí Raven. - O garoto fala e logo volta para seu jogo.
A menina que eu pensei ser a mais mal-humorada daquela turma por ter um estilo mais roqueiro, empurrou o garoto e deu um pedala na cabeça dele. Não julguemos irmãos.
-Ai!
- Mana, não liga para esse troclodita aqui. Eu sou Jessy, esse é o Oliver, aquela é a Jhoaquiny. -Ela aponta para a morena que logo acena.
Tudo bem, tudo legal mas... O que eu faço aqui?
Ravenna me coloca em uma cadeira.
- Que tal participar de nosso conselho da faculdade? - Ela dá três palmas empolagada.
-Mas vocês nem me conhecem! -Eu exclamo.
- Ei, eu não concordei em nada. - Oliver fala e Jhessy dá outro pedala na cabeça dele.
- o que eu fiz de errado? -Ele passa a mão na cabeça com dor.
- Ter nascido, agora cala a boca.
- você está vendo? Não entre nessa confusão, suas palavras não tem um mínimo poder.
- Vem cá, vocês estão apelando tanto ao ponto de pegar qualquer pessoa que acharem dando bola por aí? - Dou um sorriso .- Não gente, não é assim.. Olha, tenho aula agora. Falo com vocês depois tudo bem?
Eles acenam e eu Saio quase correndo dali. Eu hein, pensando que o senhor múltiplas funções do prédio que era doido.
Depois de alguns passos até sorri, pelo menos existiam pessoas que fazem amizade de cara, seja qual for o jeito, isso para mim é bom, como Raquel diz... Quem não tem amigos loucos nunca entenderá qual a felicidade que existe na vida. Eu sempre fui desconfiada como Thomas diz, por que não mudar? Um conselho até que não seria mal, poderia me integrar um pouco mais aqui. As vezes a oportunidade cai do céu, no meu caso, chegou dizendo "Deixa a garota em paz".
Quando chego no auditório, faltavam poucos minutos para  começar a aula. Eu olhei novamente e ele não estava lá, se estivesse eu saberia em meio a toda essa multidão, pois ninguém tem traços e sorrisos tão incríveis como o daquele maluco.
O professor marcou o primeiro trabalho com as duplas e o ser não estava ao meu lado, nossa que legal. Aquele era o perfeito mimado que estava ali por ter pais ricos, provavelmente já era de se esperar isso, e também posso esperar que ele não sabe nada de matemática. Ou qualquer outra matéria.
No intervalo da aula resolvi ficar, anotava coisas para não esquecer, ao meu lado, uma garota fazia o mesmo.
Não pude deixar de ouvir uma garota comentando sobre uma festa, e um garoto comentando sobre o que faria amanhã já que era digamos, dia de folga.
Escrevia e escrevia, até que em um certo momento as palavras começaram a ficar de formato estranho, eu olhei bem e Pude ver uma borboleta da cor do giz branco se formando, ela me chamava, queria que eu a seguisse, balancei a  cabeça rapidamente e respirei fundo quando meu coração acelerou do susto, se aquela garota não estivesse ao meu lado eu sairia correndo e gritando dali, mas como está, o meu medo se amenizou, é como a história da televisão, toda vez que tenho medo, a ligo.
Tudo estava normal quando vejo o  quadro novamente.
-Você viu isso? - Pergunto para a garota que olhou para mim e balançou a cabeça negativamente logo voltando para seus cadernos.
-Com certeza estou estudando demais. - Sussurrei ainda assustada repetindo para mim mesma, se eu não fosse tão fã da psicologia, acharia que aquilo não teria sido uma confusão de sobrecarga do meu sistema nervoso.
Parei de copiar e olhei para um relógio na parede a minha frente, o momento certo que os alunos voltavam novamente para seu assento.
Preciso de repouso e novas consultas de vista. Eu posso até confirmar para mim mesma de que isso tem explicações lógicas, mas que foi estranho, foi.
A aula logo prosseguiu e eu só faltei me jogar no chão de tão aliviada por ter uma multidão de pessoas por perto.
Quando tudo finalmente terminou, peguei meu livro e sai juntamente com o sururu na casa de noca (amontoado de pessoas) mas fui barrada bem na porta pela garota de olhos azuis. Ravenna.
- Então? - Ela sorriu.
Dei um sorriso desconcertante, se não encontrasse amigos eu iria acabar pirando de vez.
Suspiro.
- Tudo bem. Aceito.
- Ah! Isso é ótimo, vi no mural de você Luanna, me parece uma boa aluna, Perfeito para o conselho. Obrigada e até.
Aaah, o motivo dela saber meu nome. Mais um alívio. Eu aceno de volta e prossigo com meus passos até o dormitório, amanhã bem cedo voltaria para meus aposentos.
Chegando no dormitório, sobre a mesa, acho outro bilhetinho, e aquela caligrafia era a do senhor irresponsável.
Número do celular "********"
Eu pego meu celular e salvo o número dele. Nem pensei duas vezes antes de ligar. Chamou e de imediato ele atendeu.
-Alô? -Ele fala.
-Oi. - -Respondo irritada
-Lua? - Pude ouvir o seu sorriso. - Não pensei que sentiria minha falta tão rápido.
- Aonde você está?!
- Resolvendo alguns problemas.
- Seu irresponsável! Como me sai e não diz nada?! Temos atividade para fazer em dupla e tive que copiar a minha e sua parte sozinha! Estou até vendo letras voadoras de tão cansada que estou e..
- Luanna eu posso ser tudo, mas não sou um irresponsável. - Ele para. - Como assim letras?
Desligo.
Saio resmungando pelo dormitório, como posso ser amiga de um ser humano que não reconhece seus proprios erros? Problemas.. Sei... Nem bem começa aula e ele já está faltando, ou seja, tudo vai sobrar pra mim, cair em cima das minhas costas. Eu vou enlouquecer, porque, uma área que trabalha em duplas, é muito duro para uma só pessoa dar conta do serviço, não vou ficar reprovada por causa dele.
Tomei um banho, dessa vez cantarolando livremente, cantar para não ficar nervosa. Preciso relaxar.
Me deito com o pensamento de O senhor sei lá o nome me buscando com aquele carro branco.

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