A aposta

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Abro meu notebook e começo a pesquisar sobre meu caso, pesquiso sobre borboletas, psicologia, realmente era o que eu pensei, para meu alívio, apenas uma sobre-carga mais algumas coisas que já vivenciei por traumas. Mas era tão real.
Abro um pequeno sorriso e desço até a recepção do hotel. Sr Steely estava do outro lado em pé em uma escada pintando o prédio lentamente. As pinceladas dele me davam sono.
- Senhor Steely?! - Grito lá de baixo fazendo sombra com as mãos a frente de meus olhos para ve- lo com mais clareza. - Pode me dizer aonde fica a biblioteca mais próxima?!
Ele respira fundo e vai descendo as escadas uma a uma,  até minha avó desceria isso mais rápido.
- Pega a esquerda ali naquela rua. - Ele aponta para o outro lado onde tinha um casal com uma criancinha que ainda aprendia a andar. - Aí vira a direita, depois vira a direita de novo, depois a direita e mais uma vez a direita, por fim você vira a esquerda e traça a última direita.
Eu pisquei para ele duas vezes, isso era "perto" desde quando?
Tentei absorver aquelas informações de doido, um voto de confiança pois da última vez as informações me levaram até o lugar certo.
Ajeito a bainha do vestido e vou andando, até que tinha um pequeno porém bom movimento, talvez aquela vez a circulação estava pouca por ser tarde da noite. Haviam carros trilhando, bicicletas. Na última travessia avistei a biblioteca, era um pouco pequena e a porta para entrar era giratória, não me dava bem com essas portas, ainda paguei o mico de dar duas voltas completas para conseguir entrar, as pessoas que estavam lá tentaram esconder o sorriso, e eu, a cor das minhas bochechas.
A repcionista tinha uma bela feição, com olhos alegres ela se volta a mim.
- Boa tarde! O que deseja? - Eu até olho para os lados para ver se realmente ela se refere a mim, porque ultimamente eu venho perdendo a noção do que é um recepcionista de bom humor e comunicativo.
- Ah... Eu queria saber se  você tem algo que fale sobre borboletas. - Como eu sempre digo, se sua mãe não sabe, e você não achou na internet, procure nos livros.
- Hum, vai ter uma coleção especial que vai chegar esta semana. Daqui a três dias. -Ela sorri e aponta uma fila para mim. - Você pode achar algo parecido por ali.
Pena que algo parecido não é o verdadeiro, bem, de qualquer forma estarei aqui depois de dois dias mesmo, folga da faculdade.
Vou até a fila que ela me apontou, não Pude de deixar de ver algumas pessoas sorririndo quando tropecei em uma das cadeiras de leitura. Sim! Eu nasci para pagar mico!
Depois de algum tempo lendo sobre aquilo, nada me interessava, pois só falava de borboletas biologicamente se tratando. Não vou ser bióloga, mas de qualquer maneira, foi bom saber.
Quando saio, o sol já estava indo descansar, e vou fazer o mesmo.
Chegando no prédio, o senhor Steely dormia apoiado em cima de uma vassoura. Vou pelas escadas como fiz da última vez para descer, afinal de contas, eram só três andares e exercício físico me fazia bem.
Chegando no apartamento, me alimento com suco e biscoitos, tomo um banho, ajeito meus livros e coloco o trabalho com cuidado na mochila, ligo a televisão do meu quarto e abro novamente o notebook para entrar nas redes sociais e falar com os amigos. Eles me pediram fotos mas até agora eu não tinha nenhuma, disse para Tatiany sobre Thomas, que era meu amigo de quarto e ela quase surta quando me pediu os detalhes dele e eu comecei a descreve-lo, me pediu o número de contato dele e acabei dando, pois deixei bem claro que não tinha nada entre a gente, e bem, ela só faria isso se realmente não tivesse nada entre a gente, porque se tivesse, ela já não seria Tatiany, seria Falsiany.
Entrei em uma conversa em grupo, os meninos me fizeram jurar que iria para o Brasil nas férias.
E acabei que dormi sorrindo e esquecendo de qualquer problema.
No outro dia quando o relógio grita, eu já me levanto rapidamente, no sério, eu já estava me acostumando e me habituando a isso, o que por sinal era muito legal.
Faço tudo rápido e saio quase correndo ( correndo na verdade), ia pegando o elevador, mas novamente preferi as escadas, correr na escada não é legal.. Eu tropecei em meu pé e desequilibrei, caindo escada a baixo, degrau por degrau como aqueles desenhos animados.
- Ai. - Falo quando paro no último degrau.
Sacudo a cabeça e começo a espantar as estrelinhas que me rodeavam.
Vi alguém correndo rapidamente em minha direção, Thomas?
Ele estava com o rosto espantado, preocupado, poderia sorrir da cara dele se minha cabeça não estivesse doendo muito.
- Ai meu Deus senhorita Luanna! Você está bem? - Ele apóia minha cabeça sobre seu peito. - Como que você pode cair assim? - Ele pergunta.
- Dãã Caindo, né? - E também por ser desastrada. - Aliás! O que você faz aqui a essa hora?!
Ele suspira de alívio e me ajuda a levantar. Então lá vem o senhor Steely.
- Iai? - Ele me olha.
- Iai o que? - Eu olho para ele.
- Ue, eu vim te ajudar.
Eu espero alguns segundos para responder.
- Você estava aonde?
-Bem ali.
- E só chega agora?! Se fosse o caso de eu ter quebrado um braço, até você chegar aqui já tinha andado até o hospital mais próximo de direitas e esquerdas. - Thomas olha para o senhor Steely de forma estranha.
- Me perdoe, Juro que tentei andar mais rápido, mas é que sou um pouco lento, é de família também. - Ele fala e se ajoelha aos meus pés colocando um braço no peito e afastando o outro para trás com seu chapeuzinho de camareiro nas mãos.
- T-Tudo B-bem, se levante. - Fico meio constrangida.
Thomas abservava tudo em silêncio. Até que falou.
- Vamos, estamos atrasados.
- Para onde?
- Para a faculdade, senhorita. - Ele fala suavemente.
- Não, eu tenho motorista e..
Ele me interrompe.
- Sua aposta. Mas quero que me reponda se é fiel a sua palavra.
-Sou... - Respondo meio desconfiada.
- Pois bem, você vai ter que fazer tudo o que eu pedir por uma semana.
- Você é louco?? - Sorri ironicamente.
- Então... Você vai ter que dar uma volta comigo hoje mocinha. - Ele sorriu maleficamente, entao me levar para a faculdade não foi uma gentileza. - Vamos dizer que eu já trouxe o carro porque sabia que não iria aceitar a segunda opção.
- Mas..
- Mas nada. - Ele pega nas minhas mãos e me puxa. - Vamos!
- Aaaaaaaah!!! Senhor Steely!!!!  Socorroooo!!!
Ele me olha e acena.
- Divirtam-se Crianças.

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