Capítulo 36

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Eram onze e meia da noite quando a porta de entrada se abriu bruscamente e o Rafael entrou tomando um sundae enorme.

- Rafael onde você estava meu amor? - perguntei indo até ele e pulando no pescoço. - Eu quase morri de preocupação.

- Eu não sei ou não consigo lembrar onde eu tava. - ele me deu um pouco do sundae dele. - E uma moça veio aqui mas eu só lembro que ela me disse alguma coisa e eu sair desnorteado.

- E o que a moça lhe disse?

- Eu não me lembro direito e tá tudo bagunçado na minha cabeça e sempre que tento lembrar sinto uma dor de cabeça fortíssima. - disse ele me abraçando e eu estranhei de primeiro mas depois aproveitei o abraço e outras cocitas mas.

- Temos que ir no médico amanhã cedo, basta eu ligar pro tio Lui?

- Não precisa Paula. - ele me beijou. - Eu decidi recomeçar minha vida do zero e se tiver algo de importante eu irei me lembrar com o passar do tempo.

Fiquei feliz com o que Rafael decidiu, mas me preocupava ele não saber nada sobre o pai bandido e se um dia ele descobrir e me acusar de mentir pra ele ou algo pior, ele conversava comigo e eu não conseguia disfarçar o meu desconforto.

- Tá tudo bem contigo? - ele também percebeu. - Parece aflita com alguma coisa.

- Não é nada. - disfarcei muito bem.

- Paula pra compensar o mês que eu passei em coma, vamos sair pra dançar?

- Pra quem passou um mês em coma você tá bem animadinho. - deboche pra disfarçar o meu incomodo.

- E aí vamos ou não? - perguntou.

- Vamos só se a minha mãe aceitar ficar com a Sophia e o Thiago.

- Não seja por isso eu irei pedir a minha sogra e ela não vai dizer não pro genro favorito dela.

- Rafael você é bem convencido. Convença minha mãe e vamos pra balada.

- Eu vou lá. - ele foi procurar a minha mãe.

Eu fui pro meu escritório assinar alguns papéis necessários pra uma transação da empresa, o escritório estava uma bagunça com um monte de papéis espalhados e brinquedos das crianças jogados por todo o lado e era quase meia noite mas eu resolvi fazer uma faxina.

Depois de meia hora eu enfim terminei a faxina eu me joguei no sofá super cansada e eu nem me lembrava mais o que eu tenho ido fazer no escritório, atrás do sofá estava uma caixa ou algo do tipo que me chamou a atenção e a minha curiosidade foi extrema e eu peguei, pra minha surpresa era a pasta do Gabriel. Quando eu abri a maldita pasta ela tinha um livro preto sem aspiral e de capa dura e um revólver calibre 38.

Abri o livro pois já não me aguentava de tanta curiosidade e percebi que não era um livro qualquer, era uma espécie de dossiê com fotos e materias de jornais e era sobre o Vitor. Eu me assustei com os recortes e o que estava escrito em cada um dele.

" O policial Vitor Santos é preso por abuso de autoridade"

" Vitor Santos é preso pela terceira vez por tráfico de drogas"

" Acusado de assasinato Vitor Santos está foragido"

Aquelas notícias era nitroglicerina pura e provavam que o Vitor era um policial/bandido com um passado sujo total corrupto, mas por que será que o Gabriel tem um dossiê contra o Vitor?
Eu sinceramente não sei o que fazer com esse material que é uma verdadeira bomba e eu estou de mãos atadas.

- Paula vamos logo. - gritou Rafael entrando no escritório, eu estava super cansada mas não pude fazer desfeita pra ele.

- Tô indo. - tomei um banho rápido e vesti uma roupa simples com dois quilos de gliter e mais brilhante que a lua.

Eu e Rafael chegamos na balada por volta da uma e meia da madrugada e a boate fervia num ritmo frenético, entramos e fui pro bar tomar uma vodka.

- Quer uma bebida meu amor? - perguntei dando um gole no meu drink.

- Só água. - ele falou pra bar man e voltou as atenções pra mim. - Tô tomando medicações e não posso ingerir nada que tenha álcool.

- Então vamos pra pista de dança. - arrastei ele pelo braço e caímos na pista.

A cada musica que eu dançava não conseguia esquecer do dossiê mas por que Gabriel teria aquele material sobre o Vitor. Depois de alguns minutos seguidos de muita dança eu cansei e fui pro bar da boate mas voltei pra pista quando começou a tocar a musica "titanium" e eu lacrei na pista de dança, fui super aplaudida e eu estava me achando.

- Arrasou gata. - Rafael me puxou pra si e me encostou na mesa do dj (e vocês podem imaginar o final).

Não sei como mas algo me chamou a atenção quando eu vi um homem de silhueta definida me observando de maneira pertinente, aquela pessoa não era desconhecida e eu pude perceber que era o Vitor me observando do canto da boate próximo ao balcão.

Larguei Rafael rebolando com o grupo LGBT e fui em direção ao Vitor mas quando eu ia uma multidão atrapalhou minha passagem, eu me desvencilhei daquelas pessoas e ia pro balcão mas no meio do caminho o Rafael me parou.

- Oi sumida... Tô te procurando e aonde você vai?

- Eu vi um conhecido e ia comprimenta-lo.

- Vou com você. - ele me acompanhou.

Quando olhei novamente pro balcão o Vitor já tinha sumido, eu sair correndo da pista de dança até a portaria mas não achei sinal dele.

- Vamos embora. - Voltei pra pista e chamei Rafael pra ir embora. - Eu tô cansada e já é quase seis da manhã.

- Vou acertar suas contas lá no bar e te encontro na saída.

Quando cheguei em casa fui diretamente pro banho, depois de uns quarenta minutos debaixo d'agua eu voltei pra minha cama e percebi um papel no bolso do meu casaco e abri pra vê o que estava escrito.

"Cuidado felicidade demais pode acabar em tragédia"

Estranho como alguém botou aquele bilhete no bolso do meu casaco e eu não vi, será que foi o Vitor ou alguém mandado por ele. Pra tirar a dúvida eu fui correndo pro escritório e abri a mala do dossiê lá estava uma xerox da carteira de indentidade do Vitor e comparei as letras e a caligrafia era a mesma, não tinha dúvida que o Vitor que me ameaçou através do bilhete.

Uma corrente de ventos frios entraram pela janela me causando arrepios e eu corri pra fecha-lá e me assustei ao ver o Vitor na esquina encostado num carro preto observando a minha casa, de início eu me assustei mas eu decidir descer e falar com ele, desci rapidamente até a esquina e fui saber o que ele queria. Não senti medo e fui com coragem.

- Vitor a quanto tempo não lhe vejo.-me aproximei dele. - Eu queria mesmo falar contigo.

- Paula preciso falar com você e com uma certa urgência.

- Pode falar. - me aproximei dele. - Estou te ouvindo.

O Vitor permaneceu em silêncio e isso foi estranho, eu vi uma expressão diferente no rosto dele e resolvi sair de perto. Eu ia a uns cinquenta centímetros dele quando o meu chaveiro caiu e lógico que eu me abaixei pra pegar, nesse momento o Vitor me segurou pelas costas e colocou um pano com um cheiro fortíssimo de álcool no meu nariz e eu comecei a ver tudo escurecendo e apaguei.

História de Amor e ÓdioWhere stories live. Discover now