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- Lívia -

Meses se passaram. Minha princesinha resolveu nascer, perfeita ao meus olhos. Terminei o segundo período da faculdade e tudo está maravilhosamente bem.

Alice, resolveu que nasceria nos quarenta e cinco do segundo tempo. Faltava exatamente meia hora para o dia acabar quando ela quis conhecer o mundo. Foram três horas de dores intensas, muitas. Por mim, eu teria desistido e teria feito um parto cesário mas eu não poderia desistir, eu tinha que lutar contra a dor, por ela. Quando peguei ela nos braços, quando sentir o cheirinho dela, realmente vi, que valeu tudo, cada dor, cada enjoo, cada desejo, cada contração. No início eu imaginava que eu daria conta, que seria uma péssima mãe, sem experiência alguma mas agora com ela aqui, nos meus braços, sinto que ela vai me ensinar o verdadeiro sentido da vida, o verdadeiro amor, o eterno laço.

Agora, estou aqui babando na minha menininha quando duas loucas entram.

- Ah, meu Deus. Como é linda. Me dá ela aqui, deixa eu pegar. - Mirella diz.

- Nada disso. Eu vou pegar primeiro.- Rafa diz olhando para a Mi. - Né amor, vem com a titia. - Diz agora fazendo uma voz de criança.

- Nenhuma das duas. Quem vai pegar primeiro sou eu. - Diz a minha mãe entrando no quarto.

Quando foi que ela chegou na Califórnia?

- Mãe, que saudade - Digo rindo boba esperando por im abraço mas não, isso não acontece.

- Primeiro a Alice, depois você - Ela diz pegando minha princesa no colo.

- Já vi que perdi a minha mãe para minha filha - Reviro os olhos

- Mas, você não perdeu a amiga mais linda do mundo - Diz a Mi me abraçando.

- Vou me retirar do quarto, fiquem ai, de love - A Rafa fala emburrada.

- Vem cá Rafa, meu amorzinho - Digo fazendo voz de criança e fazemos um abraço em triplo.

- Agora chega né. Vó coruja. A tia aqui também quer pegar - Rafa diz pegando Alice.

- E você também ande logo, eu sou a madrinha, tenho até mais direitos que você. - a Milla diz toda convencida.

- Meu Deus, já vi que vou perder minha filha pra três velhas encalhadas.

- Olha, não fale assim comigo, que você também estar encalhada - diz minha mãe e todas nós rimos.

Depois de muita bagunça no quarto e de minha mãe dizer que veio " cuidar de mim " enquanto eu estivesse de resguardo. Ela e as meninas foram embora, sobrou apenas eu e minha pequena no quarto. Eu estou sentindo tanta falta do Luan desde de quando descobrir que estava grávida, estou sentindo um vazio no peito. Quando eu vi que Alice era a cópia fiel do Luan. Fiquei imaginando como seria se ele estivesse ali, como seria se ele estivesse comigo, o pré-natal, como seria se ele estivesse aqui, assistido o parto da nossa filha. Quando eu cheguei no hospital, tinha algumas mulheres que também estavam entrando em trabalho de parto. Algumas estava com seus maridos lhe dando força, segurando a mão, falando que iria dá tudo certo, neste dia, essa foi a única parte triste, eu me sentir sozinha, vazia. Eu só queria que ele estivesse aqui, eu só queria que ele não estivesse desistido de nós. Como ele havia prometido na praia...

"Eu te amo Lívia e eu vou te esperar. " - Agora, apenas palavras em vão.

Quando recobro a realidade, já estou deixando lágrimas cair. Alice está de olhinhos abertos fixados em mim. Limpo minhas lágrimas, a pego no colo e começo a conversar com ela.

- O seu pai é um idiota, você se parece tanto com ele. - Sorrio boba mas logo fico seria. - Nós não precisamos dele. Será apenas eu e você contra o mundo minha pequena. Você não vai precisar do seu pai para nada nessa vida, para nada - Escuto seu chorinho fino e sei que é hora de amamentar, logo em seguida, a coloco para dormir.

Luan nunca vai saber que Alice é filha dele. Ela não vai precisar dele, darei a ela do bom e do melhor. Pensando bem, Alice será só minha filha, somente minha.

Pra DamaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora