Capítulo 9

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- Lívia -

Era ele. Meu pai. Ali, parado na minha frente. Não consigo raciocinar direito, meus olhos já se inundaram em lágrimas que agora escorrem pelo meu rosto. Ele está vindo em minha direção e com um movimento involuntário, eu o abraço.

Não consigo ficar com raiva dele, com ódio. Mas, tenho uma grande mágoa. Ele era a única figura de homem na minha vida. O abraço cada vez mais forte e agora sua camiseta ja está molhada com todas minhas lágrimas. Depois de algum tempo ali no seu colo, consigo conter minhas lágrimas e formular a única dúvida que me perseguiu todos esses três anos.

- Por que? Por que foi embora? Por que você me deixou? - Pergunto o encarando.

Ele suspira e fala - Vou te contar tudo meu amor.

Minha mãe até agora está calada e não parece tão surpresa quanto eu. Parece que ela já sabia.

Nos sentamos no sofá e fico encarando o meu pai com uma sobrancelha levantada como resposta para que ele me dê toda a explicação que eu preciso.

- Bom, nunca tive uma vida tranquila e normal. Sempre fui envolvido com negócios errados. Negócios herdado de geração em geração, uma coisa que está no sangue. Eu tenho uma facção. Aprendi desde de cedo a lidar com bandidos e a negociar com eles. Sempre dou um jeito de me livrar daqueles que atravessa o meu caminho mas também nunca matei gente inocente. Conheci o Marcos, que até então era o dono da Rocinha. A gente virou amigo logo de cara. Conheci toda a história dele. Toda a sua família. Vi os filhos deles. Vi o tão que ele estava empenhado em treinar o filho dele pra assumir o posto dele quando fosse a hora certa. Até que um dia depois de uma de nossas reuniões, a gente foi em um bar. Resolvi ir com ele ate a Rocinha vê algumas armas. Quando chegamos lá estava tendo uma invasão, ou melhor, uma emboscada. Mataram o Marcos ali, não pude fazer nada. Não chegue a tempo. Antes dele morrer, me fez prometer que cuidaria da família dele e assim prometi.

Ele ia me contando tudo, cada detalhe e eu escutava tudo atentamente. Mas, quando ele falou o nome de Luan, tive uma combustão de sentimentos. Então, meu pai o conhecia?

- Foi isso que aconteceu. Depois que soube que tu tinha sido sequestrada, levei um tempo para planejar as coisas que eu precisava. Quando tive tudo que precisava, fui atrás de Luan. Conversei e expliquei tudo a ele.

Era muita informação para mim processar.

Depois de uma conversa super longa e de pedido de desculpas por parte do meu pai, acabei dormindo em seus braços, igual quando eu era menor.

Acabei sonhando com o Luan, será possível que até dormindo eu não deixo de pensar nele?

(...)

- Luan -

Estou completamente acabado. Só quero chegar em casa, tomar uma ducha e dormir sem me preocupar com nada.

Chego em casa e a Rafa está na sala assistindo, já ia passando direto.

- Eu estou aqui e quero conversar contigo - fala.

- Anão Rafa, eu tô cansadão, apenas a gente conversa. - digo e volto a andar

- Não, eu quero conversar agora. Prometo que vai ser rápido. - diz com carinha de cachorro que caiu da mudança.

- Fala logo - digo me jogando no sofá.

- O que aconteceu entre você e a Lívia? E nem adianta mentir para mim porque eu te conheço. - Fala olhando bem no fundo dos olhos.

Droga, odeio quando ela faz isso. Não consigo mentir para ela. E agora?

Pra DamaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora