Capítulo 02 - A Tragédia

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Saí pisando duro irritado, estava tão "fulo" da vida que ia atravessando a pista na frente de um carro, a buzina do mesmo me fez voltar a realidade. Atravessei e notei que a Rose já tinha voltado e junto estavam os outros meus amigos.

— Você tá doido, querido? Está querendo morrer agora ou depois? – Brigou.

— É meu pai que irrita, ele já está para lá de Bagdá ali na barraca – Apontei.

— Esse seu Alfredo não tem... MEU DEUS! – Gritou junto com meus amigos.

Só escutei um barulho de freio e o desespero de algumas pessoas, me virei justo na hora que o corpo do seu Alfredo, meu pai, estava sendo esmagado pelos pneus de um caminhão que estava passando quando ele atravessou na frente.

— PAI! NÃO! – Gritei.

Infelizmente já era tarde demais, o corpo do meu genitor estava em um estado deplorável em baixo do caminhão de lixo. Aproximei-me do local sob os protestos das pessoas que estavam ali, me aproximei e vi uma cena que jamais, eu disse jamais, sairá da minha cabeça.

— Meu pai, não! – Falei para mim mesmo.

Apesar do meu pai nunca gostar muito de mim, e também não ser um exemplo fiel de um pai, aquele corpo esbagaçado que estava de baixo de um dos pneus era de uma pessoa que convivia comigo desde criança, ou seja, era o meu pai. Apesar de tudo, ele também não deixou faltar nada para a gente.

— Vem comigo, Lucas. – Senti uma pessoa tocar nos meus ombros.

— Alguém o socorre, por favor! – Implorei.

— Sim, já chamamos a ambulância, vem, vamos – Hugo tentou me puxar.

— Não! Eu não quero sair daqui – Recusei.

— Viado! – Rosemary me repreendeu – Vamos esperar ali – Apontou para a calçada.

O que eles estavam tentando fazer era me afastar do local do acidente, e eles sabiam que não tinha mais jeito para o seu Alfredo, ali ele já estava morto. Segui o conselho deles e saí de perto, logo mais chegou à primeira ambulância e os paramédicos foram analisar o corpo, vi os mesmos negando com a cabeça e já estava na cara, o meu pai estava morto! Eu não queria acreditar, eu pensei logo na minha mãe, de certa maneira ela previu que um dia a bebida ainda mataria o seu marido.

— Meu Deus! O carro do IML, não! – Desesperei.

Após alguns minutos, o famoso "rabecão" chegou ao local me desesperando mais ainda, senti minhas pernas enfraquecerem e algumas pessoas me seguravam. Não, eu não poderia me dar o luxo de desmaiar ali, eu precisava dar apoio a minha mãe.

— Eu sabia! – Soluçou – Eu sabia que mais cedo ou mais tarde uma tragédia dessas iria bater em nossa porta – Minha mãe chorava desesperadamente.

— Calma, mãe. – Tentei acalma-la, mas a mesma começou a passar mal.

— Minha nossa senhora das Beyoncés, alguém acuda ela – Rose gritou.

— Mãe? Mãe? – Sentei a minha mãe no sofá – Rose, pega água para ela.

— Vou pegar – Rose correu até a cozinha.

— Hugo, você pode chamar a Berenice para aferir a pressão dela? – Pedi.

— Beleza! – Hugo correu.

— Meu Deus! Eu quero ver ele, eu quero ver! – Dona Josefa pediu.

— Não dá, mãe. Já levaram ele.

Por Amor (Livro 1)Where stories live. Discover now